domingo, 26 de julho de 2009

quinta-feira, 23 de julho de 2009

PRA FÉRIAS… na Nau Catrineta…

 

 

 
A nau catrineta

tap

(Versão de Lisboa) Letra: Popular (Cancioneiro de Garrett), Música: Fausto


Lá vem a Nau Catrineta / que tem muito que contar!
ouvide agora, senhores, / uma história de pasmar.

Passava mais de ano e dia / que iam na volta do mar
já não tinham que comer, / já não tinham que manjar.

Deitaram sola de molho / para o outro dia jantar;
mas a sola era tão rija, / que a não puderam tragar.

Deitam sortes à ventura / qual se havia de matar;
logo foi cair a sorte / no capitão-general.

- "Sobe, sobe, marujinho, / àquele mastro real,
vê se vês terras de Espanha, / as praias de Portugal!"
- "não vejo terras de Espanha, / nem praias de Portugal;
vejo sete espadas nuas / que estão para te matar."
- "acima, acima, gajeiro, / acima ao tope real!
olha se enxergas Espanha, / areias de Portugal!"
- "Alvíssaras Capitão, / meu capitão-general!
já vejo terras de Espanha, / Areias de Portugal.

Mais enxergo três meninas / debaixo de um laranjal:
uma sentada a coser, / outra na roca a fiar,
a mais formosa de todas / está no meio a chorar."
- "todas três são minhas filhas. / Oh! quem mas dera abraçar
a mais formosa de todas / contigo a hei-de casar."
- "A vossa filha não quero, / que vos custou a criar."
- "Dar-te-ei tanto dinheiro / que o não possas contar."
- "Não quero o vosso dinheiro / pois vos custou a ganhar."
- "Dou-te o meu cavalo branco / que nunca houve outro igual."
- "Guardai o vosso cavalo, / que vos custou a ensinar."
- "Que queres tu meu gajeiro / que alvíssaras te hei-de eu dar?"

- "Eu quero a Nau Catrineta, / para nela navegar."
- "A Nau Catrineta amigo, / É de el-rei de Portugal
pede-a tu a el-rei, gajeiro, / que ta não pode negar."

terça-feira, 21 de julho de 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Uma espécie de… safari

É… o dia começou cedo… muito cedo; às 3:30am já sentia movimento na casa; como sempre, a noite que antecede um qualquer programa fora do comum, eu simplesmente não durmo… não consigo… é assim, não há nada a fazer.
A ideia era estar na Reserva Selvagem da Quiçama bem cedo… na precisa altura em que a bicharada selvagem desperta. A Reserva fica a uns 100 km de Luanda logo a seguir à ponte do rio Kwanza.
Foi quem quis ir… eu, o ivan, o joão, o portista cláudio e o zé, em dois jipes…
Sempre tive o sonho de fazer… digamos… um safari; pois este, foi uma espécie de safari.
A entrada da reserva fica a uns 39 km da estrada principal, e para lá se chegar temos de passar aquela distancia em picadas duras. Bom, à noite tudo se torna mais emocionante.
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‘ épa parem lá um bocado… como é que eu posso beber a minha cerveja com este piso’ telefonou o ivan que vinha noutro jipe.
Daí a um pedaço o ivan saiu do jipe e veio, no meio da mais profunda noite, ter comigo mais à frente… a pé.
‘vai uma? ‘ perguntou o ivan
O ivan parecia relaxado, e na sua boa disposição vai comentando alegremente algumas coisas… ali no meio da selva, enquanto bebe uma.
‘ ó ivan… pá, sabes… os animais selvagens… tipo leões e tal, gostam de passear à noite… aliás é de noite que caçam.’ eu disse em tom informativo e continuei ‘ na verdade, se olhares para trás de ti, nesse escuro profundo, deve estar ali algo a… digamos… tirar-te as medidas’ eu concluí.
Ainda não tinha terminado de informa-lo sobre a vida selvagem nocturna… e constatei, que o ivan já não estava ali… num ápice desapareceu… tele-transportou-se de imediato para o seu carro :) :) :)… “Piss off” como diria o officer cabtree, the policeman francais da série allo allo.
Bom, percorrer esses 39 km demorou cerca de uma hora e meia.
Antes mesmo de entrar na reserva vimos um gnu que atravessou à frente do nosso carro numa correria desenfreada… mal tivemos tempo de o ver… parecia que ia a fugir de alguma coisa.
Finalmente chegamos à reserva… o dia começava a amanhecer.
A entrada era um portão de ferro enorme de onde se estendia uma vedação eléctrica… parecia que estava a entrar no jurássic park… respeitinho… e ansiedade.
Mais cinco quilómetros e chegamos ao centro da Reserva Selvagem da Quiçama… uns bungalows, para quem quiser lá dormir é uma opção a ter em conta.
A recepção estava repleta de mosquitos… eu fazia tremer o corpo e as pernas, como o fazem naturalmente os animais para os afastar e abanava os braços como um demente… saí dali a fugir… só parei no carro, ele próprio já cheiinho de mosquitos… paguei o tinha a pagar e cobri-me de repelente de insectos… tenho para mim, sem qualquer modéstia, que as fêmeas acham-me atraente… as mosquitas claro está, e são elas que transmitem a malária… embora as dispense, não as levo a mal, acho que elas tem bom gosto :)
Preferimos partir na visita à reserva no nosso próprio jipe… uma vez que o camião já estava lotado… à frente ia um outro jipe com um guia angolano.
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A paisagem é fantástica… tipo savana, e de vez em quando em locais mais húmidos a vegetação era mais luxuriante, de um verde mais acentuado.
Nós, os ocidentais europeus, temos a ideia que a selva é um antro de animais selvagens numa luta constante pela sobrevivência… no fundo esperavamos ver uma caçada; uma gazela a fugir de um leão ou coisa semelhante… enfim coisas que vemos nos documentários da fox life ou da national geographic.
Pois era mesmo isso que queriamos e foi exactamente isso que não tivemos :)
O raio dos elefantes não apareciam, as girafas deviam estar aninhadas, as zebras nem vê-las… só conseguimos ver dois grupos de gnus e umas gazelas e uma avestruz e um macaco, muita passarada… dizem que tivemos azar.
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Pois, na realidade o guia conduziu-nos durante três horas de mato, por locais que se afastavam dos centros de agua… os rios, nomeadamente o kwanza.  E eu sabia que ali não podiam estar muitos animais… uma vez que precisam de agua; mas estavamos a contar que o guia nos levasse para as proximidades dos rios. Vi muita bosta de animais pesados… mas os defecadores, nem vê-los.
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Enquanto tal não acontecia, iam aparecendo alguns animais e aproveitamos para observar a flora… que é magnifica.
O problema é que o telemóvel, que é a minha camera fotográfica, não alcança as distancias africanas…
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Durante a viagem toda apenas me atrevi a sair do jipe umas três vezes… a primeira para me aproximar de uma gazela, sem êxito… a segunda para o fazer aproximação a um grupo de gnus, lá ao longe… mas os tipos são medonhos, parecem búfalos e fixaram-me demasiado… de frente para nós, senti-me como um forcado numa tourada e acabei por corajosamente lhes ‘virar as costas’… à toureiro.
A terceira vez que saímos do jipe foi apenas para ‘marcar território’…

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Ao fim de três horas de picadas, regressavamos à recepção da Reserva… falei com o guia a respeito do afastamento que fizemos do rio… e conclui que devia-mos  ir sozinhos explorar o caminho até ao rio… ali onde os animais vão beber e caçar e onde há crocodilos e tal.
Rapidamente apercebe-mo-nos o motivo pelo qual o guia não nos levou lá… o acesso era indescritível… pobres jipes. A meio do percurso, já não havia forma de voltar para trás… a ideia era regressar por outro caminho mais acessível…
Finalmente chegamos ao rio… o kwanza… e é lindo lindo de morrer.
‘Bom dia amigo… como é organizam excursões de barco rio acima?’ eu perguntei a um tipo que lá estava.
‘organiza sim sinhô’ ele respondeu
Em conversa com alguém foi-me então dito que é uma viagem fantástica… o único problema é que a meio desse percurso existe um grupo qualquer que manda uns tiros para quem faz o passeio… de longe mandam bala sempre que passam por umas determinadas terras.
Fiquei a pensar no assunto… e imaginei-me no meio do rio, com uns tipos  a praticarem tiro sobre mim próprio… é claro, teria sempre a possibilidade de me atirar para a agua do rio repleta de crocodilos… mas considerei não ser ainda altura de fazer essa viagem.
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Anyway o local onde estavamos era um delta… uma confluência de dois rios; do outros lado da margem via-se lá ao longe uma aldeia tradicional africana.
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O regresso foi pacifico, não obstante termos chegado à conclusão que teríamos de subir o difícil caminho de volta…  os jipes são muito finos… trepam arvores, escalam montanhas… nas nossas mãos.
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Acabada a visita ao parque, queríamos ir ainda até à praia… Sangano foi o local escolhido, e por lá passamos o resto do dia ao sol a comer umas sandes de presunto e umas lagostas, que também somos filhos de Deus…
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domingo, 5 de julho de 2009

1 ano em luanda…

 

… e continuo felizmente triste.

sábado, 4 de julho de 2009

só prá tirá u pó…

‘chéfi, chéfi…’
‘épa não quero!’ ei disse a andar
‘chéfi, chéfi'…’ ele metia-se à frente com uma caixinha de madeira.
‘phonix pá tu não vês que tenho os sapatos a brilhar?’  eu continuei a andar
‘chéfi, chéfi… só prá tirá u pó…’ ele dizia aninhando-se
‘engraxei os sapatos há meia-hora, estão absolutamente limpos pá… fica para mais logo ok?’ eu argumentava.
‘chéfi só meismo um brilho…’ ele dizia metendo a caixa sucessivamente à frente dos meus pés.
‘olha lá rapaz vê se encontras um grão de pó… um só… um apenas um grão!’ eu continuava.
‘chéfi, chéfi… tem um atráis…’ o miúdo insistia.
‘ahh,  pois é… tem um tem… pronto rapaz tens razão.’  eu desisti.

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Na verdade o rapaz tinha razão… não se vê bem a diferença no brilho?