sábado, 31 de julho de 2010

… há animais com sorte.

Estranho este mundo…
Estranho é um mundo aonde se aprova a proibição da matança a ferros de um Touro e aonde, simultaneamente, se aprova a matança a ferros de um Feto (humano).
Os valores andam trocados.
Há dias via um filme americano, que se passava num tribunal com jurados. Uma espécie de comédia. A descrição dos crimes do réu era monstruosamente chocante, mas os jurados mantinham-se impávidos e serenos e com um certo desprezo pelas descrições que estavam a ouvir.
Por fim, o advogado do MP usou o maior trunfo de todos… desta vez acusou o réu de, além dos crimes descritos, não separar o lixo de casa. Os jurados revoltaram-se finalmente. E com uma alarvidade tal que todos condenaram o réu.

Enfim, em nome da liberdade de alguém, concede-se o direito sobre a vida de outrem…
A vida e o massacre do Touro foi considerada, na Catalunha, um valor a preservar e superior à liberdade de expressão e de tradição da espécie humana.
Simultaneamente, a vida do Feto é um valor inferior à liberdade de escolha de quem meramente o transporta.
É caso para dizer… há animais com sorte.

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sexta-feira, 23 de julho de 2010

SE NÂO PARASSE passava…

É assim, já me vou acostumando a estas coisas… a MALA apareceu. Estava no aeroporto de Lisboa sem qualquer fita de identificação… perdida e sozinha num qualquer armazém.
Recolhia ontem no aeroporto 4 de Fevereiro em Luanda e estava completa, suja, mas completa. Salvou-me o facto de ter uma cor, digamos, que ninguém tem – verde alface – e portanto facilmente visível.

Devido à cimeira da CPLP e da feira da FILDA, o transito da cidade está caótico. As ruas principais foram cortadas ao transito… virei pela Samba e estava tudo entupido; tentei pela Cidade Alta, os militares mandaram-me para trás; pensei virar por Alvalade e nada…
A mala já devia estar a rolar sozinha, mesmo assim optei por deixa-la rolar em paz e fui  até à ilha beber uma cerveja e comer uns petiscos com o Cláudio…
Já mais relaxado retomei a direcção do aeroporto… tentei a estrada pela Praia do Bispo, via Prenda acima; o transito estava melhor…
«encosta aí» disse o policia.
«pronto, já vem mais uma…» comentei com o Cláudio.
«O sinhô pássô o risco e se não parasse pássáva por cima dus piões» ele disse.
«Pois é senhor policia, SE NÂO PARASSE passava…» eu respondi

Tinha acabado de receber a minha carta de condução angolana. Para inaugurar a policia fez questão de ma pedir. Certo.
«À sua carta, vou tê qui multá… é entre 8 mil e 25 mil» ele ameaçou.
«Cláudio, pá, só tenho mesmo notas de 2 mil, tens aí uma de mil» eu conversava enquanto o policia simulava uma multa.
«pronto, senhor policia, acha que podemos resolver essa multa agora?» eu dizia chateado por não ter uma nota mais baixa.
«O sinhô é que sabi, como quê resolver? está nas tuas mãos» ele continuava
«certo, as minhas mãos tem 2 mil» eu disse
«boa viagem senhor» ele disse ‘apanhando’ a nota e devolvendo a carta.
«pró ca…» eu pensei.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Tudo perdido, TUDO novo… DOIS anos.

Et voilá,  já me esquecia de postar… no dia 5 de Julho fez exactamente DOIS anos que estou em Terras Ardentes.
Alive and Kicking é como me sinto.
Há DOIS anos a chegada a Luanda foi problemática… perdi a mala e tudo o que ela continha.
DOIS anos volvidos, a sorte não me abandonou… para comemorar a data, a minha mala voltou a não chegar.
E lá foram as roupinhas de verão, o carreto de pesca especial para tubarões, os fios, as amostras, os sapatos, o colete para o barco, as camisas, as calças, as meias… enfim tudo.
Qualquer crise gera uma oportunidade… tudo perdido, TUDO novo. Comprarei roupa nova e mais bonita e um carreto de pesca muitíssimo melhor…
Não há azar que sempre dure e garanto-vos, fartar-se-á mais depressa o azar de se meter comigo do que eu com ele…