segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Paz à sua carcaça, já que da alma descria…


Num ápice, esta coisa importantíssima das eleições presidenciais, viu-se eclipsada nas pantalhas da nação por um assunto -aliás, presunto - bem mais interessante para o pagode indígena: a tragédia... a hecatombe que, abrupta, atroz e a golpes indelicados, se abateu sobre esse enorme vulto das artes e da cultura da dita nação - um tal Carlos Não Sei Quê.
Pessoa sensível, frágil e -nas palavras dessa outra lenda semi-viva da cultura lusitana, a clarividente Lili Caraças, ou Conaças, ou Canecas, ou lá como é - esteta empedernido dos quatro costados, o infeliz terá encontrado a morte em circunstâncias estranhas , além de rocambolescas.
Parece que se entregava, de alma e cu...ração, à conversão dum jovem heterossexual, engodado por passerelles…
Algo, porém, por entre lingeries e apetrechos, terá corrido mal ao intrépido domador. Alguma fantasia ou carícia mais atrevida na fera, quiçá... O certo é que, o instinto arreigado superou a afeição mal besuntada. A homofobia, essa clamidade do nosso tempo, falou mais alto. Paz à sua carcaça, já que da alma descria.

Resta acrescentar que soube eu deste lúgubre folhetim pelo meu outro eu – aquele que chega a angola de vez em quando, ávido em tudo ler -. Sentado na cama do quarto e portátil aberto, o meu outro eu lia o Correio da Manhã on-line e principiou por comunicar-me nestes termos idiossincráticos e, por conseguinte, pouco recomendáveis:

- Ricardo, já me vistes isto?!... Estes chavalos depilados vão de mal a pior. Totós completos, pá; verdadeiras abéculas! Então não diz aqui que o puto arreou com o portátil nos cornos do velho roto... 'Tou-te a dizer, meu, o portátil. Mas lembra ao Gregório? Nem ao Hilário! Então o gajo não tinha ali uma cadeira ao alcance?!!..."

O que é que se responde a um gorila destes?

Bem, lá me desenrasquei o melhor que pude:
-"Ouve, Braveheart, aquilo era pouso de luxo com certeza. Só tinha maples e poltronas. Dificílimos de arremessar, acredita. E o que se passou, na volta, foi que o panasca sénior deve ter apanhado o aprendiz a ver gajas na net. Desatou a galinhar ameaças e cenas de ciúme aos gritos, e o puto, que já devia andar com os nervos em franja, passou-se. Deu-lhe com o que tinha mais à mão. Neste caso, o rato. Só que, sem querer, o computador foi atrás. "

.

domingo, 9 de janeiro de 2011

… da Liberdade…

Na liberdade, não acredito. Porque não a vejo em parte nenhuma - e a de pensamento ainda mais irrisória e maltratada que a física.
Como pode ser livre quem está condenado ao trabalho diário e incerto - e cada vez mais incerto, ó Deus meu! -para sobreviver? Como pode ser livre quem marcha pela existência às ordens das engrenagens despóticas dum relógio? E que diferença ser escravo da necessidade ou da ganância?
Quanto à liberdade de pensamento, pior um pouco. Quando o pensamento anda com a cabeça a prémio, perseguido por posses de xerifes e bandos de linchadores anónimos, que liberdade é que pode ter? A liberdade do acossado, se tanto. Do fora da lei.
Na maior parte do tempo, para efeitos de pura maquilhagem, apregoa-se liberdade de pensamento onde nem sequer existe pensamento. Mas apenas ordem unida: de conceitos, de lógicas, de xaropadas, de supositâncias, de engodos.
Quer dizer, primeiro esteriliza-se o terreno; depois concede-se liberdade de germinar à vontade.
Disponibiliza-se a estrada toda a quem previamente se amputa das pernas próprias para andar.
A liberdade não passa dum negócio. Dos bufarinheiros de próteses.

(via dragão)

O triunfo dos porcos…

«Portanto, se a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!»

As voltas que o léxico dá... Nada mais fascinante que assistir-lhe ao carrossel! Antigamente, tínhamos o Rei soberano. Depois, a reboque de ilumineiros e francesuras, transitámos para o Povo soberano.
Agora, numa espécie de culminância lógica para tão cândida saga, desembocámos na Dívida Soberana.
"Liberdade, igualdade e fraternidade", não era? Pois aí as tendes. Num progresso verdadeiramente inexorável. Para o abismo.
Porque é que a cavalgadura confunde a meta com a cenoura?
Lembrem-se daquele versiculozinho onde reza assim: "Não podeis servir a Deus e a Mamon (o dinheiro)". Depois, reparem que tudo começou no dia em que um homenzinho decidiu que o Poder não vinha de Deus, mas emanava dele próprio.
A seguir cada homenzinho extrapolou, não sem uma certa lógica intrínseca, que se um homenzinho podia ser Deus, todos eles podiam ser também.
As engrenagens do Mundo, porém, são fatais: o Poder vem sempre de alguma parte. Se não do Alto e Sublime, então do baixo e desprezível. Se não conta a Palavra, passa a contar o número; se não sobrevale o Espírito, sobrevale a moeda.
Daí o corolário actual: Não deves nada a Deus? Brilhante,pá! Deves tudo ao bancos. Pega, pois, nesse teu materialismozinho todo e refocila. Chafurda. Banha-te e afoga-te nele!...
Digno de pena? Porque serias tu digno de pena, se trocaste a tua Dignidade por patacos?!...

(via dragão)