quarta-feira, 9 de novembro de 2011

…incertos monstros feitos em pós de certezas

 

Não nasci em Braga no ano de 1963. Esta é a mais pura das verdades. Também não nasci nos cinco anos seguintes, nem em Braga, nem nos arredores. Aliás, nem sequer nasci em Braga.

Quem alvitra que nasci em Angola ou Moçambique, erra por um hemisfério de distância. De resto, enunciar aqui todas as localidades em que não nasci ocupar-me-ia por uns bons meses, correndo, ainda assim, o risco de não ser exaustivo. O certo é que era Outono, Outubro, dizem, e o sol estava prestes a finar.

Animado pela decadência do calhau celeste, predispus-me a contraria-lo, como sempre – a contrariar – e vir à luz, por obras dos ímpetos mais tardios do meu saudoso pai vindo das guerras além mares. Para o efeito, havia que ajuntar-me ao que ele somou e, finalmente, desembaraçar-me de minha santa mãe. Por via disso, sensivelmente nove meses depois, lá me apresentei eu à rampa de lançamento. Armado dos meus 3 quilos e qualquer coisa, fui duma audácia sem limites: lancei-me neste vale de lágrimas disposto a tudo. E, sobretudo, a vender caro o riso das sortes.

Desde então tem sido uma odisseia. Uma luta entre pares, eu e as sortes. Neste momento, aliás, navego entre a espada e a parede, bem no meio, entre a cruz e a caldeirinha e entre o Indico e o Atlântico num tormentoso cabo de incertezas.

Não há decisões fáceis quando a deriva é incerta. O certo é incerteza e o incerto a certeza que temos. Porém, o exemplo torna certa a coisa incerta e transforma a coisa incerta na certeza de a vencer. Por isso a luta é justa. As sortes são certas, mas o engenho é divino.

Eu vi-os, com os meus próprios olhos, prostrados nas montanhas do cabo, os incertos monstros feitos em pós de certezas que o nosso glorioso Bartolomeu Dias fez questão de me fazer ver…

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                                (Cabo da Boa Esperança)                                                                         (Cape Point)

 

… e são, enfim, esses pequenos grandes nadas feitos no exemplo dos gloriosos, que me dão certeza que não há incerteza que não possa ser vencida.

 

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2 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito das fotos ;). Mas já agora podias ter dito que nasceste em Amarante, distrito do PORTO.
Beijos
Teresa.

Xinha disse...

Recuar no tempo:o dia em que te vi como um presente...