segunda-feira, 30 de março de 2009

Angolanidades…

 

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Mucubal por João Reis. 

 

  Angola 08 (923)

 

 Luanda, Angola

sábado, 28 de março de 2009

por acaso gosto mais das bravo-esmolfe…

As mulheres são geralmente tidas como seres complicados, mas são-no apenas porque os homens não falam, ou falam pouco. Esta é uma sinergia (ou uma falta dela) que se verifica desde o início dos tempos.  Vejamos Adão e Eva.  Aquilo foi a história do costume: boy meets girl born from boy´s rib, trocam números de telemóvel, na minha árvore ou na tua, ela a fazer-se rogada e a fingir que finta a serpente, ele a acabar por comer a maçã, uma, duas, três vezes, enfim, um festim. 
Logo depois começam os problemas. Enquanto Adão fuma um cigarro enrolado à mão e pensa na eficácia das armadilhas para coelhos que inventou no dia anterior, Eva pergunta,  Gostaste?. Claro, responde-lhe Adão (é evidente que gostei, que raio de pergunta, se não,  não estava aqui). 
O laconismo não satisfaz Eva, que não desarma. Mas gostaste mesmo da minha maçã? Quanto é que gostaste? Numa escala de um a dez quanto é que lhe dás? E Adão, já chateado que nem um peru com o interrogatório  que o obriga a fazer contas de cabeça com o único neurónio de que Deus o dotou,  espera que o assunto morra ali com a sua sinceridade, Gostei muito, mas por acaso gosto mais das bravo-esmolfe, são mais docinhas, apesar de estarem pela hora da morte.
Aquilo que é a mera constatação de uma preferência inocente, é visto por Eva como uma ofensa pessoal e um sintoma de rejeição.  Ao princípio, ainda tenta esmiuçar a preferência de Adão, esforçando-se por compreendê-la (no  que seria imitada por todas as fêmeas vindouras).  Mas porque é que preferes as bravo?  A minha não era doce? E onde é que ficaste ontem até às tantas?
Perante a incapacidade de resposta por parte de Adão (que bloqueia, bombardeado com tanto pedido de informação ao mesmo tempo, como um PC dos antigos) segue-se a vingança.  Que consiste na erosão da masculinidade de Adão. No dia seguinte, quando ele chega a arfar com um veado às costas, ela começa, Também, sempre veado, sempre veado, não sabes caçar outra coisa se não veado? Estou farta de comer essa porcaria, já não aguento, todos os dias o mesmo, vê lá se caças uma coisa maior, tipo um alce, ou és demasiado mariquinhas para isso?
Adão mantém-se calado antes, durante e depois do jantar,  a virilidade acabrunhada e recolhida na sunga de pele curtida, a pensar que de bom grado a deixaria morrer à fome, a cabra,  ainda por cima cozinha mal, os veados parecem sempre solas. E ao mesmo tempo põe-se a imaginar se, escondidas nos matagais paradisíacos, não andarão outras evas, quiçá bravo-esmolfe,  que o apreciem e lhe dêem o devido valor. O silêncio de Adão contunde com os nervos já precários de Eva (que tem de andar descalça e enrolada  em folhas, sem  uma manicura ou sequer uma zara nas imediações), que pensa que, por não ter obtido resposta, não foi ouvida.
Este é um erro que, depois dela,  foi  sendo desde sempre cometido pelas mulheres: o de não perceberem que, se os homens não respondem ou não lhes dão a resposta que querem, não é necessariamente porque não tenham ouvido nem queiram saber, mas apenas porque têm o cérebro num diferente comprimento de onda. E muitas vezes nem sequer  perceberam a pergunta. Ou a utilidade dela.
Então Eva inventa o teatrinho feminino, em que a gritaria dela evolui na proporção directa do mutismo de Adão. Que ele já não gosta dela, que na verdade nunca a amou, que não gosta da árvore que ela arranjou para os dois, que a cena de caçar veados é só para embirrar com ela, que nunca a ouve, que é um egoísta, que nunca vai com ela contemplar o pôr-do-sol. Adão acha aquilo tudo um disparate e que Eva é  essencialmente uma ingrata que não aprecia o esforço dele  que vem a alancar com os veados  às costas até à árvore de morada de família, e começa a ouvi-la como ruído de fundo enquanto acaba de chupar o osso da coxa de um bambi excepcionalmente tenrinho que se perdera da mãe. O seu único neurónio às voltas, a pensar em como se livrar daquela Eva que não fecha a matraca e que não sabe cozinhar.
Durante uns tempos, ainda tenta agradá-la e salvar a relação primordial, porque, apesar de ser incapaz de lho verbalizar, gosta dela (é verdade que a falta de opções também ajuda). Mas Eva, definitivamente inoculada com o vírus da raiva, como resposta ao laconismo silencioso de Adão,  só consegue depreciar, no que se torna um vício que lhe traz um gozo amargo. Um alce? Mas para que é que a gente quer um alce morto,  um bicho tão grande? Depois apodrece tudo e é só larvas. Estás a ver aqui no meio do pomar alguma arca frigorífica?. E assim, enquanto Eva, dando um uso fácil e de arremesso às palavras em excesso,  finge odiar Adão, este começa de facto a odiar Eva,  embora sem palavras. Às tantas, ele olha-a como uma insuportável galinha tonta que lhe cacareja nas costas o tempo todo e ela, apesar da generosa distribuição de neurónios com que foi contemplada, é  no fundo uma parva, porque mantém até ao fim a esperança de que  ele um dia lhe diga o que lhe vai na alma. Sem perceber que o que lhe vai na alma  é apenas ir comendo umas bravo-esmolfe aqui e ali, ir matando uns alces enquanto solta uns gritos de guerra,  e que lhe apreciem a virilidade saliente sob a sunga de pele curtida.
escrito na areia por Vieira do Mar

sexta-feira, 27 de março de 2009

Estamos juntos…

Existe uma lenda oriental que conseguiu explicar de uma maneira bonita e muito convincente... o motivo pelo qual se usa o anel de compromisso no quarto dedo…
Os polegares representam os nossos pais.
  Os indicadores representam os nossos irmãos e amigos.
  Os dedos médios representam a nós mesmos.
  Os dedos anelares (quarto dedo) representam o nosso cônjuge.
  Os dedos mindinhos representam os nossos filhos.

  Juntando as mãos palma com palma… unindo os dedos médios de forma que fiquem a apontar para nós mesmos, como na imagem...

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Se separar-mos, de forma paralela, os nossos polegares (representam teus pais), vamos notar que eles se separam porque os nossos pais não estão destinados a viver connosco ate o dia da nossa morte, unamos os dedos novamente.
Agora tentemos separar igualmente os dedos indicadores (representam os nossos irmãos e amigos), vamos notar que também se separam porque eles vão-se, e tem destinos diferentes… casar e ter filhos.
Tentemos agora separar da mesma forma os dedos mindinhos (representam os nossos filhos) estes também se abrem porque os nossos filhos crescem e quando já não precisam mais de nos, vão-se… una os dedos novamente.
Finalmente, tentemos separar os nossos dedos anelares (o quarto dedo que representa o nosso cônjuge) e vamos ficar surpresos, ao ver que simplesmente não se consegue separa-los.
Isso deve-se ao facto de que um casal estar destinado a estar unido até o ultimo dia da sua vida e é por isso que o anel se usa neste dedo… de acordo com a lenda, claro está.
Estamos juntos… mary.

coisas sem qualquer interesse… II


14h tinha acabado de almoçar uma pizza… calor abrasador… saí do restaurante, ali ao fundo da marginal, fui abordado por dois indivíduos…
“olhi sinhô desculpa, nois somo dá pruvínciá, e tem um hólandês qui tem qui pagá sete miu euros… mais nóis num conheci à nota euro…” eles disseram. “u sinhô conhéci? nois dámo gasosa” eles continuaram.
“pá conheço… quer dizer conheço…” eu respondi
Um dos homens telefonou para o holandês e tentava marcar um encontro com o ‘perito’ em euros… eu.
“ahh sinhô… ele tá em linha podji fálá cu eli?” ele disse-me passando o telemovel.
“épa tábém mas o que é que digo ao gajo?” ei perguntei
Lá falei com o holandês… e disse aos senhores
“oiçam lá… bem, meus caros… estão a ver aquele banco… pois… quando o holandês aqui aparecer, vão com ele lá, que os bancários sabem identificar as notas de euro, e depois vou-lhes dizer uma merda… o tipo ao telefone para um holandês fala muito bem angolano… e não tem sotaque algum… está a ver aquele meu kamba ali, vou dizer-lhe para vos acompanhar ao banco… ok?” eu disse-lhes.
“ahh… não, venha o sinhô” eles continuaram.
Fiz o gesto de chamar o alegado amigo (kamba)… eles… bazaram.
hummm……

coisas sem qualquer interesse… I

Fim do dia… fila de carros, a caminho de casa… conduzia a uns 40 km/h… ar-condicionado no máximo, vidro aberto, com um braço de fora a fumar um cigarrito…
Via um carro atrás a buzinar insistentemente e a mandar umas faroladas… “que é que este car… quer?” pensei. Estava curioso…
Cheguei-me uns centímetros à direita…
“hi… excuse me… do you have ligths?” perguntou um bife inglês enquanto conduzíamos em paralelo no caos de luanda.
“what? are fucking nuts?” disse-lhe eu a rir-me, continuei “closer, get your car closer man” disse-lhe colocando o isqueiro pronto ao mesmo tempo que conduzia…
“thank you… by the way do have a cigarette?” perguntou com a maior das latas.
“well, now you have my lighter… sure now i have.” eu disse.
Na confusão do transito, o bife desapareceu… de repente apareceu-me do outro lado a rir-se e a fazer o gesto que me queria devolver o isqueiro… abri o vidro e disse “trought it… bye”
O bife era despachado no transito… encontrei-o mais à frente, deu-me passagem numa rotunda complicada e agradeceu-me.

o naranjito… assim baptizado…

Recordo, com nostalgia, algumas situações ocorridas há muito tempo… uns #& anos… nessa altura ainda morava em terras do vale do sousa… Felgueiras… my sister teria uns… sei lá… 14 anitos talvez…  naquele tempo… ela adorava fazer a suas criações artísticas… pulseiras, colares e objectos afins, usando para o efeito missangas. Fazia-se muitas coisas com esse material que hoje caiu em desuso… e ela, fazia-o com imaginação e arte… tivera continuado no oficio e quem sabe, poderia ter sido o equivalente a uma estilista de moda ou coisa semelhante, tal era o gosto que mostrava ter na concepção e combinação daqueles adereços…
As experiências eram normalmente feitas em bonecos… um em particular… bem me lembro, com mais de metade da minha altura… e hoje, posso confessar… o buraco que apareceu no pé do boneco, o Leno… assim chamado… aquele grande careca com olhos azuis e pirolita mirrada, todo em plástico… anyway, fui eu que  fiz o dano no boneco, apesar de nunca o ter dito…e portanto no lugar do buraco, foi colocado um penso… mas afinal aonde pára o Leno?
A produção artística que ia fazendo, foi aumentando… de tal forma que abriu uma ‘loja’ de rua perto do local onde morava-mos… eu e o meu primo pierre money, (regressado das terras ardentes), com uns seis ou sete anitos fomos os gerentes da mesma, montamos no passeio da rua uma banca toscamente elaborada, onde expunha-mos my sister’s collections…
Os primeiros clientes que passavam, paravam para apreciar as ditas criações… mexiam e remexiam nos objectos… estava-mos ansioso pela primeira venda… ria-me perdida e incontroladamente com o meu primo… a minha irmã ia apreciando as coisas de longe, ao mesmo tempo que continuava a produção nas escadas interiores lá de casa…
… o sucesso do negócio não foi lá grande coisa… mas estou hoje convencido que o problema não terá sido no sector da concepção, mas sim no sector de vendas… evidentemente inexperiente.
A par disto tratava-me sempre muito bem… qualquer tipo de ferimento que tivesse, ainda que fosse o menor dos menores, era sempre tratado com pompa e circunstancia, como se tratasse de uma mutilação… um simples corte num dedo era sempre motivo para ligar e imobilizar o braço todo. Na verdade… eu, até gostava daquelas coisas… de ter a atenção toda, ainda que desproporcionada com a lesão sofrida.
Depois vieram outros tempos… outras moradas, outras cidades, outras idades. Já em braga, recordo os tempos… com o namorado, e depois a filha http://www.bibarita.blogspot.com/, a minha primeira sobrinha, e o zé, o meu primeiro afilhado.
No tempo em que ela ainda namorava… lembro-me de ser sistematicamente designado pelo meu pai ás funções de ‘vigilante’ da irmã e do namorado principalmente… acompanhava-os para todo lado… obrigatória e compulsivamente… mas até gostava… pois ele, o namorado, tinha um Renault 5 branco, com tecto de abrir, que fazia o meu género… tinha um local especial junto ao conta-quilómetros, para pousar os cigarros… nem sei porque me lembro deste pormenor… e ele gostava de velocidades… gostava de rally e participava em várias provas… ganhando várias taças… adorava ver aquelas manobras no liceu de Guimarães… e depois… não raras vezes davam-me uma bola de futebol para eu, o ‘vigilante’, poder brincar bem longe deles… não sei bem porquê.
E a despedida do Opel kadet… bem, foi alucinante.
Mas gostei muito mais do Fita 600 que my sister teve… o seu primeiro carro… cor-de-laranja forte… pequeniiiino… o naranjito… assim baptizado… tinha alguns problemas de arranque, de bateria, humidade, entre outros problemas menores… mas  a rua era a descer… e acabava por pegar… e depois tinha alma própria, que lhe dava uma certa vida… lembro-me que numa viajem entre Guimarães e braga quando saiu uma roda do veículo que rolou rolou rolou, qual herbie...
Chega a minha primeira sobrinha, http://www.bibarita.blogspot.com/, tinha eu 13 anos… era tipo minha irmã mais nova e continua a ser, e morava lá em casa… e depois o zé.
Não esqueço a imagem da cara of my sister quando teve que deixar a ‘bibarita’ ainda muito criança no hospital do porto…  para se submetida a uma operação… foram expressões que nunca esquecerei.
My sister é uma pessoa de trato fácil e agradável de se conviver, atenta aos pormenores, o que eu muito aprecio, e com um bom-senso invejável… linda como ninguém… defeito de família :)
Tem uma apetência natural ou curiosidade, tal como eu, por conhecer e estudar outros mundos, outras pessoas, outras culturas… um dia ainda vem cá, assim espero, revisitar porto amboim e luanda e a reserva selvagem, que conheceu ainda adolescente… e que não raras vezes fala com nostalgia.
Aprecia profundamente as sensibilidades da alma… as criações humanas… a cultura e a pintura e a escrita…
… e quem assim é… colhe para si, de alguma forma, as dores alheias… mais do que as suas próprias… em face das intermitências da vida… embora não o demonstre…  certamente um defeito genético ou congénito que eu também partilho… talvez ainda não tenhamos tido ‘o tempo’ suficiente para saber… que tudo neste mundo tem o seu tempo…  como diria Eclesiastes…
Tudo neste mundo tem seu tempo;
cada coisa tem sua ocasião.

Há um tempo de nascer e tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de arrancar;
tempo de matar e tempo de curar;
tempo de derrubar e tempo de construir.

Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar;
tempo de chorar e tempo de dançar;
tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las;
tempo de abraçar e tempo de afastar.

Há tempo de procurar e tempo de perder;
tempo de economizar e tempo de desperdiçar;
tempo de rasgar e tempo de remendar;
tempo de ficar calado e tempo de falar.

Há tempo de amar e tempo de odiar;
tempo de guerra e tempo de paz.”
Eclesiastes

Acumula, por outro lado as funções de madrinha do meu marocas… e como para mim essas funções não são meramente decorativas, a sua escolha representou um especial agradecimento por ter sido a irmã com quem sempre pude desabafar, contar e confiar… naturalmente… consequentemente virtudes importantes e transmissíveis para o meu marocas também… se um dia fosse caso disso.
Parabéns mana… pelo 48 #% aniversário…
carpe diem

  Isto… bem, era o que se curtia… naquela altura ;) and i love it…

   
  
   

quinta-feira, 19 de março de 2009

Always present… dad

O meu Pai cantarolava e dançava frequentemente esta musica brasileira, desde que me lembro… é antiga… de Dorival Caymmi… encontrei-a no youtube numa versão samba… e dedico-lha onde quer que ele esteja…
Always present… dad.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Conversas da treta… IV

“bem pá… hoje estou realmente cansado… olha, vou fazer o que os trabalhadores da ‘fábrica das caldas’ dizem ás 5 horas…” diz-me o Ivan ao telefone.
“então?…” eu exclamo curioso.
“hoje… num faço mais um caralho…” ele respondeu.

Anita vai à terra… vermelha

 

Terra Vermelha

Amei-te em tempo irreal
Tempo após tempo
Até te possuir outra vez.

E vieste!
Terra vermelha,
Lençol moreno de verde revestido
Onde as mãos pousaram
E sobreviveram ao tempo.

E vieste!
Naquele encanto que só quem ama reconhece
E faz da paixão um amor infindo.

Imortalizem-se as palavras
Perpetue-se a voz
E que a razão pereça
Em tão louca paixão!

E vieste!
Num pedaço de chão
Onde amei outra vez!

(apl )

Conversas da treta… III

“ahh… doutô tem áqui as chaves do carro… ahh doutô uma coisa… estou-mi sentindo um pouco mal… amanhã não devo vi.” disse um motorista.
continuou “ dói-mi o coração, assim uma coisa aqui… e dói-me também os ossos do braço…” concluiu
“ humm ai sim…épa mas amanhã já deves estar melhor, não? sai hoje mais cedo e descansa” eu disse
“ahh eu vou vê… mais não garanto qui venha… compréndi… amanhá vô fázé um chéki rápido no hospital, é sempri bom fazê…” ele continuou
“humm… pois pá, sabes qual é o teu problema? sabes? o verdadeiro problema? ….tomas pau de cabinda a mais e depois dá nisso… ficas esgotado” eu disse-lhe em tom provocador.
Riu-se como um perdido… mas não deixou de dizer “ahh é só mesmo ás vezis…”
“e o doutô já tomô?” perguntou o malandro.
“deus me livre pá… deus me livre… precisava era de um cacho inteiro daquelas bananinhas pequeninas e maravilhosas, as dondí ”, eu afirmei.
“ sim pá as dondí, são tipo bananas macacas mas ainda mais pequenas e são maravilhosamente boas… sabes quando fui a kalandula, parei junto de umas vendedoras de fruta… e comprei duas bananinhas dondí… um rapaz que lá estava disse-me que não era bom comer muito… que fazia muito mal ao homi… deprime…, percebes a ideia?” eu continuei.
“pois tamém já ouvi isso sim senhôra… o homi não devi comê muita dessa banana” ele disse.
“pois talvez…” continuei eu “mas eu disse-lhe… ”aí sim?… tem esse efeito deprimente no homi?… então arranje-me lá um cacho… e dos bem grandes… que falta um mês para ir embora… ”

Guardar castidade…

 

Coerente com a pastoral do látex, uma pia obsessão deste frio inquisidor, o Papa Bento XVI veio a África e estará em Angola no próximo dia 20…

Mas mal chegou, devia ter sido preso… digo eu… pois dizer em africa que o preservativo não resolve o problema da SIDA, é um crime.

Bento xvi aids

                                                     Foto do Kaos, claro

O que o inquisidor alemão diz ‘não resolver nada’…  é certamente mais fiável do que a oração… ou estarei enganado?

A única medida eficaz proposta pela ICAR é guardar castidade… imagine that!…

Bom.. é uma atitude que na idade do Papa Besta Bento 16, se revela prudente e fácil de seguir mas que constitui uma miserável insensibilidade perante os jovens… mormente em africa.

Pode dizer-se que, com esta atitude, a igreja católica é um agente propagador da SIDA… e como tal deveria ser detido o seu representante… de imediato… ou expulso.

Não se trata de um mero preconceito… é um crime contra a humanidade, uma motivação baseada na crença… da qual Cristo nada tem a ver… uma maldade nascida da repressão sexual e das leituras pias.

Cerca de 22 milhões de pessoas estão infectadas na africa subsaariana, onde morrem três quartos das vítimas de sida no mundo inteiro.

Há muito que se conhece a tragédia que este continente sofre.

Conhecem-se milhões de infectados… as crianças órfãs e outras epidemias que dizimam países com fome… doenças, ditaduras e corrupção e que se encarregam de tornar infelizes os que aí nasceram.

Para o Papa Besta Bento XVI… 22 milhões de miseráveis não passam de almas que aguardam baptismo e o bilhete para o paraíso, mas para quem não tem empedernido o coração pela fé… para quem sente alguma solidariedade com a dor… para quem desespera com o sofrimento… não pode tolerar-lhe que despreze a distribuição de preservativos como medida acertada.

Por mais frio e insensível que a sotaina o tenha tornado… por mais ódio que a castidade lhe tenha instilado… por maior cegueira a que as leituras pias o tenham conduzido… não pode dizer às pessoas condenadas para não se protegerem e aos jovens enamorados para praticarem a castidade…

A viagem de um dignitário religioso que a propaganda se encarrega de apresentar como sábio e a ignorância tribal de acreditar como bondoso… em vez de ajudar à melhoria dos níveis sanitários… contribui para aumentar a mortalidade.

Não sei em que consiste a terapêutica prescrita pelo autocrata… “um despertar espiritual e humano” e a “amizade pelos que sofrem”.

Sei que a distribuição de preservativos é – contrariamente à mentira que afirma – a solução mais comprovada cientificamente e a de resultados mais sólidos na contenção da dramática epidemia.

Assassino não é apenas aquele que dispara a arma para causar a morte… é também o que usa a ignorância para impedir a vida.

Mas… a coisa não se fica por aqui… Ratzinger decidiu recentemente pela reintegração dos seguidores do bispo fascista Marcel Lefebvre na Igreja católica…

E para se justificar da ‘desexcomunhão’ dos lefebvristas, Ratzinger sai-se com esta:

  • «Poderemos nós simplesmente excluí-los, enquanto representantes de um grupo marginal radical, da busca da reconciliação e da unidade? E depois que será deles?»

É bonito… e deve ter dado algum trabalho a S.Pedro… tirar do inferno para o céu não deve ser nada fácil…  e depois é aquela coisa cristã da abertura a todos… do criminoso ao violador… do pedófilo ao genocida… todos-mesmo-todos encontram a ICAR aberta, menos, evidentemente… a criança de 9 anos brasileira que abortou por correr risco sério de vida… ou os homens que gostam de outros homens… isso sim, é inadmissível, é um crime…

Ratzinger diz-nos mais:

  • «Às vezes fica-se com a impressão de que a nossa sociedade tenha necessidade pelo menos de um grupo ao qual não conceda qualquer tolerância, contra o qual seja possível tranquilamente arremeter-se com aversão.»

Tem razão… há coisas que serão sempre crime… em qualquer país e em qualquer língua… o homicídio, a violência gratuita, a selecção de grupos sociais e raciais para serem discriminados ou eliminados… mas espera lá… o nazismo fez isso tudo… alguns fascistas da linha lefebvrista gostariam de repeti-lo… Ratzinger acha que os deveríamos «tolerar»? A sério?

Que saudades de João Paulo II

Conversas da treta… II


“ahh… mãe, num podi, ela me deu uma chapada… e cuspiu ná mia cára… como vou pérdoá???” dizia o motorista nelson ao atender o telemóvel.
continuou “ não mãe… ELA CUSPIU NÀ MIA CÀRA… ahhh… e dipois deu uma chapada…não dá prá esquecê… mais eu dipois ligu… não não, mi liga você que eu num tenh sáudo… meia hora”.
“ atão nelson… houve coisa feia lá em casa, não?” eu perguntei curiioooosoo.
“uichhh doutô mulê é chata mésmo… num podi continuá… vou prá casa da mia mãe” ele respondeu fulo da vida.
“atão mas o que é que se passou pá?” eu perguntei interessado na fofoca.
“ahhh doutô ELA é MUIIITU ciuménta… num podi vê uma mensagi… qui fica logo á pensá coisa” ele confessou e continuou “ … num tenh culpa di récébê mensagi… não é doutô?”
“pois… é pá… tens sucesso com o mulherio, não é… nessas alturas um gajo devia era abraça-las e tal… mas compreendo um gajo fica fulo, não é?” eu disse.
continuei “humm as mulheres são assim mesmo nelson… olha a minha é tal e qual… embora ainda não me tenha dado qualquer chapada… tão-pouco me cuspido na cara… mas já desligou o telefone variadíssimas vezes na minha cara pá…“ eu confessei também.
“pois, mais num cuspiu… não tá certo não é doutô?” ele continuou.
“pois isso é verdade, não cuspiu… mas vontadinha não lhe deve faltar ás vezes…” eu disse a reflectir na coisa.
“e depois pá… não cuspiu é certo… mas também tem uns ciúmes de morte pá… vê lá estou aqui em Luanda não é… longe… então passa-lhe tudo pela cabeça… o que é natural… ás vezes deve pensar que coiso e tal… que ando para aí com o mulherio não é?” eu disse.
“ e o doutô ânda?” ele perguntou.
“ não pá… mas a questão não é essa… por mais que um gajo explique, ela fica a pensar sempre isso, percebes?” continuei “ pá… se um gajo fica em casa… ela diz para sair… se um gajo sai ela diz que um gajo está diferente e tal… e que chega ás três da manhã e não sei que mais… percebes?” eu conclui
“uichh… e como ela sabi que o doutô chega á éssa hora?” ele perguntou
“épa sabe, porque eu lhe digo, naturalmente…” eu respondi
“ahahah doutô… num podi… mulé num podi sabê tudo sinão fica pensando coisa… ”  ele aconselhou e continuou…
“mais ela tem qui vi cá vê… que o doutô trabálha muiiito… assim ela vai vê que o doutô chega a casa tardi do trabalho…” ele aconselhou.
“pois pá… ela talvez venha cá ver isto… lá para Agosto, a ver se gosta e tal…” eu rematei.
…. dia seguinte…
“e que tal… ainda estás na casa da tua mãe…” eu perguntei
“tô… mais sabi doutô… num aguento mais ficá ná casa dos ôtros… não dá, não é?... minha mulé já pérduou… e eu aceitei” ele afirmou
“humm… ai sim, então passou-te rápido… Nelson… eheh”
“pois… meu tio me disse qui á casa era mia… “como vai deixá á tua própria casa, nelson?” e “eu pensei e vou voutá” ele disse num tom ansioso.
“acho que fazes bem pá… e depois vê se não dás o teu numero de telefone por aí, ao mulherio… senão vai acontecer isso outra vez… “ eu disse
“ahhh… elas num mi lárgam… mais não é só isso doutô… é qui quando o téléfone toca eu ás vezis me levanto e vou fálá lá prá fora… e ela ficá pensá coisa… mas um homi não podi contar tudo á mulé… ás vezis são amigos… e queru falá á vontadi… mais ela é chaata… ciumeeennta… uichhh.” Ele disse
“ai ai Nelson… as mulheres são todas iguais nesse aspecto… mas também te digo os homens não lhes ficam nada nada atrás… aliás eu pergunto-te… se a tua mulhé recebesse assim uns ‘telefonemas’ de algumas ‘amigas’ e se levantasse… o que é que tu pensavas?” eu provoquei.
“como assim?... ahhh mais mulé é diferente… num podi andar aí á falá cu homi… “ ele respondeu
Fiquei a pensar no assunto… é uma questão cultural… que eu até aprecio… aliás muito…
… e lembrei-me que na viagem a Malanje, a determinada altura quis tirar uma fotografia a uma mulher típica angolana, com cesto de fruta na cabeça… e ela vinha acompanhada com dois homens… um deles com uma catana… o portista…
“amigo diga aí áquela mulher para vir cá… queria tirar uma fotografia juntos… ok?” eu solicitei
“não senhô… áquela mulé é casada… num podi fotografá… sem o homi dela autorizá… ele vem mais lá ao fundo…” ele esclareceu
Mulhé alheia não podi sê incomodada… de geito algum… eu pensei em geito angolano... e depois… se o marido tiver uma catana muito menos… ápre.

segunda-feira, 16 de março de 2009

domingo, 15 de março de 2009

Sassa Bengo

 

ImageO Governo angolano está a projectar a criação até 2030 de uma nova cidade denominada «Sassa Bengo», a norte de Luanda, para absorver o excedente populacional na capital do país, que se estima concentrar 5,8 milhões de habitantes.
O coordenador do projecto de expansão urbana e infra-estrutural das cidades de Luanda e Bengo, Diakumpuna Sita José, explicou que a nova cidade, com capacidade para albergar três milhões de habitantes, será edificada na via entre as cidades de Luanda, Caxito e a Barra do Dande.


Diakumpuna Sita José, que também é o ministro do Urbanismo de Angola, considerou que a Barra do Dande terá um papel «muito importante» na organização da economia das regiões de Luanda e Bengo, com a transferência do porto de Luanda para aquele local.


A estimativa de que a cidade de Luanda poderá atingir os 15 milhões de habitantes nos próximos anos preocupa as autoridades angolanas, daí a necessidade da criação da nova cidade, até 2030, para absorver esta população.
«A tendência é preocupante. Hoje, em função do censo eleitoral, temos cerca de 5,8 milhões de habitantes em Luanda», disse o coordenador, sublinhando que esta tendência de pressão sobre Luanda faz correr o risco de viverem na capital 15 milhões de pessoas em 2030.


De acordo com o coordenador, os dados disponíveis apontam também para o crescimento até 2030 da população de Angola para 30 milhões de habitantes, actualmente estimada em 16 milhões.


A cidade de Luanda, construída para albergar 700 mil pessoas, acolhe hoje cerca de seis milhões, em consequência dos 30 anos de guerra que assolaram Angola, obrigando à deslocação de milhares de pessoas do interior do país para a capital na busca de segurança e alimentação.
Terminada a guerra em 2002, o Governo levou a cabo o processo de reassentamento de milhares de deslocados nas suas zonas de origem, mas a falta de condições básicas nas províncias fez com que muitos desses deslocados regressassem a Luanda e que outros se recusassem a partir.

extraído do bimbe

sábado, 14 de março de 2009

Retocar o purgatório… Renovar o céu…

Foi achado no arquivo da Confraria do Senhor Bom Jesus do Monte, em Braga, com data de 1882 do ano do Senhor.

É a factura, ou orçamento, de várias reparações feitas por um santeiro local…

Trata-se de uma factura muito… objectiva… descritiva… minuciosa… sem lugar a qualquer dúvida… e ‘ reza’ assim:

– Por corrigir os dez mandamentos, embelezar Pôncio Pilatos e mudar-lhe as fitas… 1$70.
– Um rabo novo para o galo de S. Pedro e pintar-lhe a crista… $80.
– Dourar e pôr penas novas na asa esquerda do anjo da guarda… $23.
– Lavar o criado do Sumo Sacerdote e pintar-lhe as suíças… 1$00.
– Tirar as nódoas ao filho de Tobias… $20.
– Uns brincos novos para a mulher de Abraão… $98.
 
– Avivar as chamas do inferno, pôr rabo novo ao diabo e fazer vários consertos nos condenados… 2$40.
– Renovar o céu, arranjar as estrelas e pintar a luz… 1$40.
– Retocar o purgatório e pôr-lhe almas novas… 1$78.
– Compôr os fatos e a cabeleira de Herodes… 1$00.
– Meter uma pedra nova, da funda de David, engrossar a cabeça de Golias e alargar as pernas de Saul… 1$20.
– Adornar a arca de Noé, compôr a túnica do filho pródigo e limpar-lhe a orelha esquerda… $80.
– Soma… 14$0.»

E com apenas catorze mil reis faziam-se grandes milagres…

I kindly respect…

Durante estes oito meses de ‘exílio’ em angola… este blogue… serviu duas funções essenciais… registar ‘o sentir e o viver’ de cada dia em terras ardentes, mas também projectar as minhas experiências, de alguma forma, para junto da minha família.
A minha família sempre foi o ‘meu público’, a quem eu sempre me quis dirigir… queria que eles pudessem sentir o que eu ia sentindo… ver aquilo que eu ia vendo…
Desde o primeiro dia que me apercebi… que escrever é muito mais do que debitar palavras… é um exercício que transporta o autor para outra dimensão… quando escrevia, via-me a mim próprio… na terceira pessoa… via-me ‘visto de cima’, numa espécie de perspectiva aérea… e isso fez-me maravilhosamente bem… fez-me relevar os problemas que a distancia provoca… a intensa saudade… ajudou-me a perspectivar a minha própria vivência de outra forma… enfim, funcionou como uma espécie de metadona, de cura, que me alienava da realidade e me diminuía a falta de quem eu realmente mais gosto…
Cumpriu pois, este blogue, a sua função… e continua a cumprir…
Agradeço sinceramente a todos os quase 8.000 leitores e sobretudo aos excelentes comentadores, o enorme incentivo que, sem saberem, me foram dando ao longo dos posts…
Tive leitores de todo Portugal de norte a sul, de quase todos ou mesmo todos países da europa, sendo united kingdom e france os mais numerosos… mas também curiosamente do médio oriente, assim como dos united states of america, do brazil em grande numero, da namibia, romania, india, south africa, turkey, bermuda, cape verde, kenya, republic of korea, nigéria, mozambique, singapore, canada e claro Angola… de todos os continentes só mesmo a austrália é que não visitou o ‘crónicas’… nem mesmo depois do post ‘ crocodile dande’,  eheh… 
I kindly respect os leitores do ‘crónicas’… principalmente aqueles cujos familiares também estão a trabalhar fora… e que de certa forma se reviram no que ia escrevendo…
Sem esquecer as fontes de inspiração… a mary, a maggy, o macaco-guuíla, o ózinho, a xinha, mom e a (biba)rita…
Estamos juntos, yá?

quarta-feira, 11 de março de 2009

Jardim do Éden… IV

Domingo de manhã… acordei com o sol… demasiadamente cedo… o CONTENTOR 30 estava ás escuras, não havia luz, nem água… enfim, um dia absolutamente normal… mergulhei novamente num copo repleto de água…
O destino era visitar as quedas que distavam 18 km de kalandula, aquelas aonde se pode tomar banho… metade do grupo não acordava… e a restante metade resolveu revisitar as quedas de kalandula, que se encontram ali perto…
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De manhã cedo as quedas tinham outra luz… outras sombras… a visibilidade era consideravelmente melhor.
Resolvemos visitar as aldeias circundantes a kalandula… as estradas são todas em terra vermelha… verdadeiramente, um ambiente africano. As casas são todas feitas em argila vermelha, com tijolos toscamente fabricados… telhados em palha cinzenta, com uma janela pequena. Cada casa deverá  ter cerca de 25m2… aquela gente vive de forma igual, à milhares de anos, nada evoluiu… não consegui descortinar um único poço de água nas aldeias.
Vivem com sempre viveram os seus antepassados… milhares de cabras no meio da estrada, mandioca, e tudo o que a natureza pode proporcionar… é a alimentação daquelas gentes.
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Circundamos a igreja… e parei o jipe… queria estabelecer uma conversa com a miudagem local… como sempre… ‘alguém’ pegou no meu jipe e desapareceu… bem vi a brincadeira… e até gostei da oportunidade proporcionada… fiquei naquele local sozinho uns dez minutos… no meio dos miúdos. Aproveitei para falar com eles…
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A viagem até as cascatas foi fantástica… mal saímos da estrada principal, viramos para o interior da floresta, em caminhos de terra vermelha lamacenta… adorei conduzir naquele local… o zalov ia atrás no seu jipe… parei para tirar umas fotos… o capim cobria os campos…
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Passamos por inúmeras aldeias… uma mulher estendia ao calor do sol a mandioca, base da alimentação… num processo que aprendeu há milhares de anos… todos os aldeões nos cumprimentavam entusiasticamente… parei o jipe inúmeras vezes para falar com aquelas gentes… ‘atão amigo está a cortar o cabelo…?’ eu perguntei a um local que estava debaixo da sombra de uma arvore a fazer o seu serviço… correu de encontro a nós com uma simpatia (in)vulgar naquelas pessoas… ‘claro… hoji é domingo…’ ele afirmou com naturalidade…
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Rapidamente juntaram-se a nós montes de crianças… que pediam bolachas… demos o que tínhamos e lamentava-mo-nos de não ter mais bolachas para aquela criançada… são produtos aos quais eles não têm acesso…
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Ainda rumo ás cascatas, pelas 10h, depara-mo-nos com uma mulher, um rapaz, uma cabra e dois cabritos… ‘atão senhora?… tudo bem?’ … ‘ fui comprá éta cabra que hodji deu à luz étis dois cábrito… olhi quando vié prá trás dão táxi?’ ela perguntou… ‘claro senhora… quando viermos’ eu respondi. Na realidade esta senhora e o seu filho compraram aquela cabra numa aldeia distante da sua… esta senhora teria que andar todo o santo dia para regressar a casa com os animais e chegar ao fim da tarde, ao anoitecer… a pé. No regresso lá pelas 14h… encontra-mo-la… estava a descansar sentada no capim… parecia exausta… devia ter andado já uns 10km a pé e ainda faltariam muitos muitos mais para chegar à sua aldeia… paramos abrimos a mala e metemos lá para dentro a cabra mãe inchada, gorda, cheia de leite… quase a arrebentar… as crias foram à frente, no colo do ricardo… a senhora atrás… o filho não cabia, mas trazia uma bicicleta mas era um rapaz novo…
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Baptizamos as crias, com o acordo da senhora fatima… o cabrito preto ricardo e o castanho oscar, a cabra mãe… essa… foi baptizada com o nome de ana. ‘deus ajuda a quem ajuda’ ela disse aliviada no fresquinho do ar condicionado. ‘obrigado senhora… mas diga lá qual é a sua lavra?’ perguntou o ricardo. ‘mandioca, milho, e outros nomes de coisas que não percebi e que não me lembro… o ricardo estava interessado em comprar um cabrito aí com uns três meses… passou a tarde toda a perguntar os preços… e variavam muito, desde os 30 aos 70 dólares. A mulher ficou satisfeita e poupamos-lhe muitas horas a pé…
Finalmente chegamos ás cascatas, ainda que pelo meio tivesse-mos alguns furos…
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O local é esplendoroso… umas cascatas aonde se podia tomar banho… com quedas de água de uma altura equivalente a um prédio com uns cinco andares talvez…
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A água estava ligeiramente fria, mas a força das quedas era enorme… proporcionou-me uma massagem revigorante… única… inesquecível… ao ponto de me ter esquecido na possibilidade de haver por ali uma cobrita ou outra…
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Bom… esse dia correu lindamente… no dia seguinte regressava-mos a luanda… já não dava tempo para visitar as famosas Pedras Negras… foi pena… mas hei-de lá voltar… that’s for sure.
De regresso… paramos para observar aquilo que se vê amiúde… formigueiros ou termiteiras gigantes… e aquelas mordem a valer…
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E naturalmente… travar amizade com gente local… vestidos maravilhosamente… principalmente o da direita… com a catana… grande portista…
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Até os esquartejamos… carágo!

(Fim)