sexta-feira, 30 de abril de 2010

Out of África… Zâmbia… the Boiling Point (part four)

… era mesmo ali que queria ir… não ficaria nada bem comigo próprio, se não descobrisse «the boiling point»; nestas coisas, não tenho qualquer hipótese de cura, sou uma espécie de maníaco-obsessivo crónico, a fugir para o compulsivo… andei o tempo todo a ver se via uma forma de descer aos infernos… et voilá, descobri um trilho… the stair way to hell.
Seiscentos e sessenta e seis degraus não era barreira suficiente para demover a vontade de conhecer as profundezas...
A exuberância com que os céus nos presentearam esta descida aos infernos, é bem patente em todo o ambiente durante toda a caminhada…
Imagem038 Imagem043
Sempre aspirei, poder passar bem por baixo das quedas de agua… quem sabe, por dentro, mesmo a rasar a cortina de agua… e sentir o poder da força da água bem perto de mim… ainda não foi desta, mas estive lá perto.
A descida para a base das cataratas «the boiling point» ou «ponto de efervescência» é um mundo aparte; uma espécie de micro-clima dentro de um clima, ele próprio, um micro-clima…
Imagem035 Imagem036
A humidade é constante e elevadíssima… e se juntarmos à humidade, o calor e a pressão, resulta um (micro) clima que carrega dentro de si um outro (micro) clima, uma espécie de gravidez climática, do qual resulta um eco-sistema incomum…
Imagem033 Imagem034
Por melhor que as máquinas fotográficas sejam, o que não é o caso, não são capazes de absorver a essência da coisa… a desordem que a violência da queda provoca, desencadeia o caos… correntes e contra-correntes e redemoinhos violentos… the boiling point.
Imagem045 Imagem048

Imagem053 Imagem063
Imagem065


(continua)

.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Out of África… Zâmbia (part three)

O dia em África começa bem cedo… às seis da manha é a melhor altura para absorver o ambiente… a essa hora, e já com as cortinas abertas, vários macacos divertiam-se a observar o que se passava dentro do quarto; curiosos, fixavam-nos do lado de fora da janela, no alpendre… a certa altura pensei, que estando em África, no território deles, nós é que seriamos os animais em exposição, uma espécie de zoológico humano.
Connosco dentro do quarto, a macacada levava a familia toda para observar os animais, nós; os pequeninos eram os mais destemidos.
Mesmo quando abria a enorme janela de vidro, a macacada continuava por ali… não era aconselhável deixar objectos no alpendre do quarto; os macacos levam tudo o que vêem.
Imagem270 HPIM7003
Mas o mais divertido, era à hora de almoço num espaço ao ar-livre… observar as estratégias dos macacos para nos tirarem a comida em cima das mesas… mesmo tendo uma espécie de guarda a afasta-los, a macacada descia pelo telhado, e num estirada ultra-sónica saltavam para a mesa agarrando nos pacotes de açúcar e pão.
A estratégia era fantástica… enquanto uns ficavam em terra a distrair o guarda, os outros subiam pelos telhados e desciam just on point… lógica de grupo.
HPIM7143 Imagem003(1)
Apreciável, foi também ver combates entre macacos de gangs diferentes… a intimidação, o cantar de galo uns para com os outros… achei curioso o ataque cerrado que as impalas fizeram aos macacos… parecia que estávamos num filme ou documentário da nacional geographic.
Anyway, o complexo do hotel estende-se por uma imensa porção de terra da reserva natural… e fizeram caminhos estreitos pelo meio da selva para que as pessoas pudessem caminhar e observar… com o devido cuidado.
Imagem022
As placas indicavam os perigos… «beware of crocodiles» ou «do not feed the animals» ou ainda «beware of wild animals»… andamos pelo meio da floresta toda… mas a mary já estava a ficar meia desconfiada, meia nervosa… não fora aparecer por ali uma cobra gigante ou um crocodilo, dizia ela.
«nã mary, don’t worry, crocodiles already eat the entrances, they are looking for something with much more, say, substance»
HPIM7422 HPIM7251
Na verdade estava vestido de vermelho vivo… «dressed properly for a safari» eu dizia-lhe; enfim, perfeitamente oculto… de fazer inveja ao David Attemborough.
HPIM7293 Imagem035
Uns dos lagos, aonde estava a ‘bird tree’, era perfeito… uma arvore com centenas de ninhos de forma oval e pendurados nos ramos, um monte de terra em forma circular bem no meio do lago… era ali que o crocodilo deveria apanhar banhos de sol… aquecendo o sangue frio.

A meio do caminho, logo a seguir a uma curva, deparamo-nos com girafas… bem, ao natural parecem muito maiores… enquanto não se dignaram a sair do caminho, nós não avançamos… enfim, um coice daquele animal não deveria ser coisa agradável… e depois, fixam-me demasiado para o meu gosto… por sorte, encontramos o responsável da reserva pelos animais… e podémos observar de perto, junto a ele, as girafas, as zebras… «do not touch please» ele dizia.
Imagem018 Imagem060
Resolvemos expandir o conhecimento do território… desta vez alugamos uns ‘segways’ e percorremos tudo… a cara de aflição da mary a conduzir aquela maquineta era de rir… mas depressa apanhou o jeito.
Imagem288 Imagem064

Cansados, regressamos ao deck de madeira… a ideia era observar o pôr do sol…
Imagem037 Imagem041
Imagem072
Imagem245
E adorei…
HPIM7113 HPIM7114


(continua)

.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Out of África… Zambia (part two)

Tendo presente que a Zâmbia foi uma colónia Inglesa, não é, pois, de estranhar que o turismo tenha a sua origem, essencialmente, em pessoas que falam a língua de Shakespeare… ingleses, americanos, canadianos, sul africanos, um ou outro italiano, um brasiliano… e, dois portugueses, nós.
Tínhamos à disposição um mordomo, vestido a rigor, our own private butler, Jonnathon, que sabia algumas palavras na língua de Camões, sort of; «óbrigadu… di náada»… eram as únicas palavras que sabia… invariavelmente, de manhã, perguntava sempre «how are you feeling today, Sir? do you need something else, Sir?».
Imagem045
Bom, confesso, estive quase para lhe dizer «apetecia-me algo, Jonnathon, algo doce…» mas enfim, o tipo não vê certamente os anúncios da televisão portuguesa e depois coisinhas doces, bem, era suficiente a minha mary.
Na verdade aquele país está bem orientado em termos turísticos… do outro lado da fronteira com o Zimbabwe, passando a ponte metálica, a realeza inglesa, há uns trinta anos, costumava passar férias num hotel magnifico… um hotel mítico; foi lá que esteve alojado uma pessoa brasileira que conhecemos no aeroporto:
«périgoso o Zimbabwe? nã meu irmão, então, eu sou paulista…» ele disse a rir.
A resposta dele não me convenceu… a escala de perigo do brasileiro paulista é certamente diferente da minha; bem, na verdade, a minha escala de perigo também não será a mais adequada, uma vez que trabalho e moro em Luanda, mas a da minha mary…
Anyway, a famosa ponte metálica que separa a Zambia do Zimbabwe é um assombro… é o local do mundo preferido pelos amantes de desportos radicais… body-jumping, canyoning, rafting, asa delta, helicópteros…
Imagem026
Depois de visitar a ponte, decidi que não faria body-jumping… a altura é descomunal e o rio a jusante das quedas é assustadoramente agitado…
Imagem033  Imagem030
Um casal sul africano, de aspecto Inglês, foram connosco no transfer que nos levava a um safari pelo rio acima… eles queriam fazer rafting, mas a organização cancelou temporariamente aquele desporto… a corrente do rio era demasiado forte para o efeito…
Imagem046Imagem048
Nós, eu e a mary, fomos no safari pelo rio… e não podíamos ter feito melhor escolha… vimos crocodilos, hipopótamos, diversas aves… uma aventura que nos marcará para sempre…
HPIM7155 HPIM7172
HPIM7187
HPIM7202
O safari incluía uma paragem numa pequena ilhota… aonde serviram chã e café e biscoitos…
HPIM7226 HPIM7220
Os guias foram fantásticos para nós… por fim voltamos a avistar as cascatas e o hotel…
HPIM7245 HPIM7244
HPIM7227 HR017207


(continua)


.

domingo, 25 de abril de 2010

Out of África… Zâmbia (part one)

… oito horas da manhã… procurava a minha mary… ela tinha vindo de um viagem extenuante… com escalas por Lisboa, Alemanha, África do Sul… eu, tinha vindo para Joanesburgo na noite anterior.
O rendez-vous seria algures no aeroporto de Joanesburgo… e partiríamos de imediato para Livingstone, uma cidade da Zâmbia, bem no coração de África…
HPIM6945
A ideia era visitar as maiores cataratas de África… uma das maiores do mundo, talvez mesmo as maiores no seu conjunto… e fazer com que a mary respirasse pela primeira vez o ar e sentisse a luz de Terras Ardentes…
A Zâmbia, juntamente com o Zimbabwe formavam a antiga Rodésia (ex-colónia Inglesa)… faz fronteira com o Congo a norte, Angola a Oeste, Botswana a Sul, Zimbabwe a Este e ainda encontra espaço para a Namíbia…
À saída do (pequeníssimo) aeroporto de Livingstone, o motorista DJ levou-nos para o hotel… acompanhados de um casal, ela canadiana, ele americano… chegamos ao complexo do hotel… finalmente.
Parecia estar num filme da época colonial Inglesa… o hotel é de um luxo inimaginável e está envolvido numa reserva natural protegida; não seria pois de estranhar que os animais selvagens por ali andassem naturalmente… zebras, impalas, girafas e macacos circulavam livremente por todo o complexo… e crocodilos, nos enormes lagos naturais do hotel.
HPIM6987 HPIM7294
Tudo foi devidamente pensado… o hotel e a natureza envolvem-se numa eco-arquitectura de excelência.
HPIM7045 HPIM7051
HPIM7060 HPIM7348
HPIM7355 HPIM7345
A minha mary andava feliz da vida…
 Imagem056
Mas o maior deslumbramento foi sentir e ver as cataratas… a força das aguas, o som da queda, a dimensão… sentimo-nos pequeninos, insignificantes… a emoção tomou conta de mim… confesso.
Imagem009
A largura destas cataratas é enorme… a queda é vertiginosa; existem pontos de observação em todo lado; de miradouro em miradouro passamos pela floresta adentro envolvidos pelas gotículas da cascata que caem incessantemente  fazendo parecer chuva… o fundo da cascata, não conseguia alcançar com a vista; o poder da queda é de uma tal força que cria uma barreira de gotículas que sobem a uns 150 metros de altura… sim, o equivalente a um prédio com 50 andares… imagine that.
O responsável por esta maravilha da natureza é o rio Zambeze que nasce, curiosamente, em Angola… a água que por ali passa foi aquela que nasceu em Angola há três meses…
Chegamos no pico da força… a denominada época das chuvas, altura em que o rio tem mais pujança… a temperatura anda pelos 30º…
Bem ao fundo do complexo do hotel, estende-se um jardim que acaba aonde o rio começa; bem por cima do rio, um deck de madeira, aonde se pode contemplar o rio… e, lá ao fundo, as cataratas…
Imagem051   Imagem250

(continua)