Há um qualquer chavão que se foi pirogravando ao longo do tempo que diz que, para se ter a vida preenchida um homem terá que escrever um livro, ter um filho e subir a uma montanha – ou algo do género independentemente da prioridade que o próprio assuma.
E sim, estejam à vontade para me relembrar quem foi a celebre criatura que o proferiu, a memoria não é o meu forte, embora tal não faça parte da lista das minhas prioridades, dado que a esta hora as ovelhas já saltaram a cerca há horas e no prado já não cabe mais nenhuma…
Mas enfim… assim a seco não lhe acho grande lógica ou satisfação absoluta. Afinal, tem aparecido gente muito contentinha e realizada na sua vida, sem ter filhos ou apetrechos de escalada e onde todos os seus escritos se resumem a assinaturas em cheques, ou por cima de carimbos nos rodapés de folhas A4.
Eu até já tive dois, filhos, claro... bom na verdade já tive mais. Já subi a várias montanhas e serras, algumas a pé e outras de mota, sem arnês anti-queda, chaves estrelas bloqueadores, cordas e grampos de escalada, e embora os Sherpa dos Himalaias ainda coabitem no meu imaginário, é melhor deixar-me de idiotices que nuvens a mais tenho eu… a 1,82mt, e a vida não me subsidia fantasias heróicas… mas temos pena, confesso.
Quanto ao livro, isso já é outra história…a minha falta de sei lá quê não me tem dado a mestria para escrever nem que seja um livro de bolso, embora nos últimos tempos tenha rabiscado umas balelas por aqui.
A verdade absoluta é que ando sem opiniões, a verdade é que não me tem apetecido opinar... e eu que era tão opinioso.
O cérebro ultimamente colapsou e filtra as opiniões como spams, palavras insidiosas que nos tolhem o silêncio. Eu limito-me a ouvir, quando oiço.
Ás vezes faço de conta que oiço e fixo o que me dizem para lá de lá do que está por detrás da boca que se move em esgares.
É estranho deixar de ouvir de repente e só ver as bochechas os olhos a ruga do nariz e da testa para cima e para baixo, e a boca a torcer-se à toa… e a minha crista lateralizada e a pena do rabo em riste projectada para o espaço carregado de iões de saudades dos meus…
Noite quente a de hoje… a carneirada esfomeada persiste em ficar do lado de lá da cerca… sinto-me um daqueles poetas de antigamente que sentiam frio na alma quando a noite estava fria… sinto uma saudade muito grande, uma saudade de PAI, e penso nela devagar, bem devagar, com um bem-querer tão certo e limpo, tão fundo e bom… que me desculpem todas as outras pessoas da minha vida… a cor da crista já me permite ter estas lamechices sem preconceitos ou receios do ridículo e com o mesmo prazer com que o fiz no dia em que a vi e embalei pela primeira vez…
1 comentário:
Grande Primo, continuas em grande! Bom, no que diz respeito ao livro já estás a escrever. Estes são os tempos modernos e nestas bandas virtuais às vezes escreve-se melhor que algumas bestas que por aí andam a ganhar dinheiro à custa dos Tónes. Como diria o “Octávio Machado, “vocês sabem de quem estou a falar!!”. Faltou-te dizer uma coisa neste texto. Já viste o FC Porto ser campeão Europeu duas vezes, a cores! Quando às saudades eu sei o que isso é e por isso cá estamos para te animar. Força!. Margarida, estás linda! mas o fotografo também era jeitoso… bjs Rori
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