É assim, já me vou acostumando a estas coisas… a MALA apareceu. Estava no aeroporto de Lisboa sem qualquer fita de identificação… perdida e sozinha num qualquer armazém.
Recolhia ontem no aeroporto 4 de Fevereiro em Luanda e estava completa, suja, mas completa. Salvou-me o facto de ter uma cor, digamos, que ninguém tem – verde alface – e portanto facilmente visível.
Devido à cimeira da CPLP e da feira da FILDA, o transito da cidade está caótico. As ruas principais foram cortadas ao transito… virei pela Samba e estava tudo entupido; tentei pela Cidade Alta, os militares mandaram-me para trás; pensei virar por Alvalade e nada…
A mala já devia estar a rolar sozinha, mesmo assim optei por deixa-la rolar em paz e fui até à ilha beber uma cerveja e comer uns petiscos com o Cláudio…
Já mais relaxado retomei a direcção do aeroporto… tentei a estrada pela Praia do Bispo, via Prenda acima; o transito estava melhor…
«encosta aí» disse o policia.
«pronto, já vem mais uma…» comentei com o Cláudio.
«O sinhô pássô o risco e se não parasse pássáva por cima dus piões» ele disse.
«Pois é senhor policia, SE NÂO PARASSE passava…» eu respondi
Tinha acabado de receber a minha carta de condução angolana. Para inaugurar a policia fez questão de ma pedir. Certo.
«À sua carta, vou tê qui multá… é entre 8 mil e 25 mil» ele ameaçou.
«Cláudio, pá, só tenho mesmo notas de 2 mil, tens aí uma de mil» eu conversava enquanto o policia simulava uma multa.
«pronto, senhor policia, acha que podemos resolver essa multa agora?» eu dizia chateado por não ter uma nota mais baixa.
«O sinhô é que sabi, como quê resolver? está nas tuas mãos» ele continuava
«certo, as minhas mãos tem 2 mil» eu disse
«boa viagem senhor» ele disse ‘apanhando’ a nota e devolvendo a carta.
«pró ca…» eu pensei.
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