quinta-feira, 2 de abril de 2009

bibarita

01 02 de Abril… nasceu aquela que foi a minha primeira… 
Tendo eu treze anos, a rita era uma espécie de irmã mais nova… assisti ao seu desenvolvimento bem de perto… pois morava lá em casa… conheço-a por isso muito bem.
‘Binte’ e oito aninhos… com uma filha, a matita… que faz de mim um tio-avô, palavra forte e estranha para quem sente ter apenas dezoito aninhos… mas enfim, temos que lidar com os títulos… com ‘tranquilidade’.
Saía com a rita no carrinho de criança… para a rua, e empurrava-a pelos passeios abaixo a toda a velocidade… sem mãos… bem sabia que não era um brinquedo… mas ela adorava aquelas coisas… e eu também… e chegava a casa cansada de tanta volta e pionádas que fazia-mos… o que facilitava a vida à minha irmã que chegava cansadita da universidade… não raras vezes o carrinho fechava-se e ela caia para a frente… e estatelava-se no chão… mas ninguém sabia.
De manhã levava, algumas vezes, a sobrinha para o infantário, ali perto do museu Medina… e ela ficava num estado tal… bem, eu vinha embora a chorar também…
… porque raio é que ela chorava tanto para ficar naquele infantário…apre… era difícil…
não menos difícil que mudar algumas fraldas… aquelas de pano antigas… e tendo de fazer aquelas dobras esquisitas em triangulo e tal… e colocar o alfinete e o pó de talco…
… adormecer à noite era um tormento… só mesmo empurrando o carrinho pelos corredores da casa horas sem parar…
… criança alegre, fiteira, com especial queda para a representação… cantava intensamente várias musicas… uma em especial e representava-a magnificamente em cima da mesa; musica essa que nunca mais ouvi e que recorrentemente me  recordo… gostava de saber o nome e pesquisar na net para a ouvir de novo… “quem manda aqui mariana pobre de mim quem manda aqui…”… enfim coisas minhas…
O pior foi quando teve que ser submetida a uma operação num hospital no porto… a aflição foi grande… mas correu lindamente.
No quarto dos brinquedos lá de casa, fazia-lhe sempre uma série de cabanas com almofadas e colchões… e com entradas secretas; ela adorava aquilo… e ficávamos ali a brincar muito tempo. Eu fazia uma coisa, hoje impensável, coleccionava latas de sumo ou cerveja… vazias… imagine that… coisa rara na altura e só obtidas no estrangeiro, e tinha muitas… que serviam para a rita fazer castelos com um metro de altura… a ideia era deitar aquilo tudo abaixo… ela adorava essas cenas…
Tem uma personalidade especial… espírito alegre, com uma vontade imperiosa de ser feliz, da aventura, de sair, de viajar, de viver e conviver… um bocado ‘anti-rotinas’… ao mesmo tempo luta consigo própria por refrear o excesso daquela vontade intensa que sente em viver… e torna-se ‘pró-rotinas’… e por isso oscila naturalmente  entre o ímpeto interior para as coisas da vida e a nostalgia da sua eventual impossibilidade, gerando humores opostos… é a facturazinha da vida… mas quem quiser estar bem disposto… é ao lado da rita,tem sempre muuito para contar…
Quis ser médica inicialmente… e era excelente aluna… mas umas pequenas décimas a menos fizeram-na perder esse sonho… e que muito a marcou… de resto é uma coisa perfeitamente (a)normal neste país. Várias são as pessoas em portugal, que não entram nos cursos para os quais sentiam ter vocação por existir uma politica vergonhosa e inadequada ás necessidades, que gera médias de um tal disparate, só mesmo ao alcance de quem tem sorte e prescinda por completo de viver entre os 15 e os 17 anos.
Mas não há ‘maka bro’… a ‘bibarita’ seguiu outra via… engenharia (trolha) tal como o pai… e trabalha… sôra enginheira… e se calhar até foi bom… e já conseguiu implementar um sistema de certificação de qualidade na empresa, uma ISO qualquer… respect.
Há pessoas na minha vida das quais eu gosto especialmente, e a bibarita, é uma delas… ainda hoje me dá vontade de lhe dar umas boas ferradelas naquela cara larocas… mas vingo-me na filha quando estou com ela :)
Tem uma característica interessante… não está com meias medidas para as coisas; dá a sua opinião directa e frontalmente, sem intermediários, o que eu muito aprecio… bibó bitória… por isso é que eu acho que não seria boa médica… “olhe desculpe você não tem qualquer hipótese de melhorar, isto é grave… o melhor é ir preparando a covazinha…” hummm… não me parece adequado à profissão de médica… Agora como sôra enginheira sim… “pá tá a andar com essa massa, não temos o dia todo… olha aí a vigota… ” assim é mais o género da minha primeira.
Foi minha ‘menina das alianças’ juntamente com a prima… ainda pequenita.
É blogger… e até foi por ver o seu blogue http://www.bibarita.blogspot.com/ que eu criei o meu próprio.
Daqui, de luanda, quase quase a ir a portugal (não vejo a hora), mando um beijo grande à minha primeira…
Parabéns ritocas…
----- ««»»-----
P.S.
Por falar em engenheiras lembrei-me do sr. enginheiro… que é dessa altura… “pela glória do norte…”

                               

2 comentários:

BibaRita disse...

TIO: OBRIGADO.
-pela lembrança que neste dia sabe sempre a Mel
-pelos momentos que revivi a le-las
(principalmente as latas)
-pelo elogio que cai sempre bem
-mas principalmente pela franqueza com que escreves o que sentes.

Obrigado... Caca (não, não é o que estão a pensar) hihihihihihihi

Xinha disse...

Mas que invejável memória!!!´Fantástico à medida que dás prendinhas a quem faz anos, vais reconstituindo a tua história...as tuas memórias!