É… o dia começou cedo… muito cedo; às 3:30am já sentia movimento na casa; como sempre, a noite que antecede um qualquer programa fora do comum, eu simplesmente não durmo… não consigo… é assim, não há nada a fazer.
A ideia era estar na Reserva Selvagem da Quiçama bem cedo… na precisa altura em que a bicharada selvagem desperta. A Reserva fica a uns 100 km de Luanda logo a seguir à ponte do rio Kwanza.
Foi quem quis ir… eu, o ivan, o joão, o portista cláudio e o zé, em dois jipes…
Sempre tive o sonho de fazer… digamos… um safari; pois este, foi uma espécie de safari.
A entrada da reserva fica a uns 39 km da estrada principal, e para lá se chegar temos de passar aquela distancia em picadas duras. Bom, à noite tudo se torna mais emocionante.
‘ épa parem lá um bocado… como é que eu posso beber a minha cerveja com este piso’ telefonou o ivan que vinha noutro jipe.
Daí a um pedaço o ivan saiu do jipe e veio, no meio da mais profunda noite, ter comigo mais à frente… a pé.
‘vai uma? ‘ perguntou o ivan
O ivan parecia relaxado, e na sua boa disposição vai comentando alegremente algumas coisas… ali no meio da selva, enquanto bebe uma.
‘ ó ivan… pá, sabes… os animais selvagens… tipo leões e tal, gostam de passear à noite… aliás é de noite que caçam.’ eu disse em tom informativo e continuei ‘ na verdade, se olhares para trás de ti, nesse escuro profundo, deve estar ali algo a… digamos… tirar-te as medidas’ eu concluí.
Ainda não tinha terminado de informa-lo sobre a vida selvagem nocturna… e constatei, que o ivan já não estava ali… num ápice desapareceu… tele-transportou-se de imediato para o seu carro :) :) :)… “Piss off” como diria o officer cabtree, the policeman francais da série allo allo.
Bom, percorrer esses 39 km demorou cerca de uma hora e meia.
Antes mesmo de entrar na reserva vimos um gnu que atravessou à frente do nosso carro numa correria desenfreada… mal tivemos tempo de o ver… parecia que ia a fugir de alguma coisa.
Finalmente chegamos à reserva… o dia começava a amanhecer.
A entrada era um portão de ferro enorme de onde se estendia uma vedação eléctrica… parecia que estava a entrar no jurássic park… respeitinho… e ansiedade.
Mais cinco quilómetros e chegamos ao centro da Reserva Selvagem da Quiçama… uns bungalows, para quem quiser lá dormir é uma opção a ter em conta.
A recepção estava repleta de mosquitos… eu fazia tremer o corpo e as pernas, como o fazem naturalmente os animais para os afastar e abanava os braços como um demente… saí dali a fugir… só parei no carro, ele próprio já cheiinho de mosquitos… paguei o tinha a pagar e cobri-me de repelente de insectos… tenho para mim, sem qualquer modéstia, que as fêmeas acham-me atraente… as mosquitas claro está, e são elas que transmitem a malária… embora as dispense, não as levo a mal, acho que elas tem bom gosto :)
Preferimos partir na visita à reserva no nosso próprio jipe… uma vez que o camião já estava lotado… à frente ia um outro jipe com um guia angolano.
A paisagem é fantástica… tipo savana, e de vez em quando em locais mais húmidos a vegetação era mais luxuriante, de um verde mais acentuado.
Nós, os ocidentais europeus, temos a ideia que a selva é um antro de animais selvagens numa luta constante pela sobrevivência… no fundo esperavamos ver uma caçada; uma gazela a fugir de um leão ou coisa semelhante… enfim coisas que vemos nos documentários da fox life ou da national geographic.
Pois era mesmo isso que queriamos e foi exactamente isso que não tivemos :)
O raio dos elefantes não apareciam, as girafas deviam estar aninhadas, as zebras nem vê-las… só conseguimos ver dois grupos de gnus e umas gazelas e uma avestruz e um macaco, muita passarada… dizem que tivemos azar.
Pois, na realidade o guia conduziu-nos durante três horas de mato, por locais que se afastavam dos centros de agua… os rios, nomeadamente o kwanza. E eu sabia que ali não podiam estar muitos animais… uma vez que precisam de agua; mas estavamos a contar que o guia nos levasse para as proximidades dos rios. Vi muita bosta de animais pesados… mas os defecadores, nem vê-los.
Enquanto tal não acontecia, iam aparecendo alguns animais e aproveitamos para observar a flora… que é magnifica.
O problema é que o telemóvel, que é a minha camera fotográfica, não alcança as distancias africanas…
Durante a viagem toda apenas me atrevi a sair do jipe umas três vezes… a primeira para me aproximar de uma gazela, sem êxito… a segunda para o fazer aproximação a um grupo de gnus, lá ao longe… mas os tipos são medonhos, parecem búfalos e fixaram-me demasiado… de frente para nós, senti-me como um forcado numa tourada e acabei por corajosamente lhes ‘virar as costas’… à toureiro.
A terceira vez que saímos do jipe foi apenas para ‘marcar território’…
Ao fim de três horas de picadas, regressavamos à recepção da Reserva… falei com o guia a respeito do afastamento que fizemos do rio… e conclui que devia-mos ir sozinhos explorar o caminho até ao rio… ali onde os animais vão beber e caçar e onde há crocodilos e tal.
Rapidamente apercebe-mo-nos o motivo pelo qual o guia não nos levou lá… o acesso era indescritível… pobres jipes. A meio do percurso, já não havia forma de voltar para trás… a ideia era regressar por outro caminho mais acessível…
Finalmente chegamos ao rio… o kwanza… e é lindo lindo de morrer.
‘Bom dia amigo… como é organizam excursões de barco rio acima?’ eu perguntei a um tipo que lá estava.
‘organiza sim sinhô’ ele respondeu
Em conversa com alguém foi-me então dito que é uma viagem fantástica… o único problema é que a meio desse percurso existe um grupo qualquer que manda uns tiros para quem faz o passeio… de longe mandam bala sempre que passam por umas determinadas terras.
Fiquei a pensar no assunto… e imaginei-me no meio do rio, com uns tipos a praticarem tiro sobre mim próprio… é claro, teria sempre a possibilidade de me atirar para a agua do rio repleta de crocodilos… mas considerei não ser ainda altura de fazer essa viagem.
Anyway o local onde estavamos era um delta… uma confluência de dois rios; do outros lado da margem via-se lá ao longe uma aldeia tradicional africana.
O regresso foi pacifico, não obstante termos chegado à conclusão que teríamos de subir o difícil caminho de volta… os jipes são muito finos… trepam arvores, escalam montanhas… nas nossas mãos.
Acabada a visita ao parque, queríamos ir ainda até à praia… Sangano foi o local escolhido, e por lá passamos o resto do dia ao sol a comer umas sandes de presunto e umas lagostas, que também somos filhos de Deus…
1 comentário:
Ehehehehe
Muito gostava eu de te ter visto com um daqueles chapéus tipo penico, armado em "descobridor" da selva, aos tiros de caçadeira, na tentativa de caçar uns mosquitos e umas lagartixas, para trazer como troféu!!!!!!!!
Mas...
Pelos vistos... caçaste um "bronze" para a pele... o que já não foi mau de todo!
Meu beijo pa tu
PS: Não te esqueças de trazer a cabeça da lagartixa embalsamada..... lol
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