segunda-feira, 1 de março de 2010

Olha olha, chamei-lhe exactamente o mesmo… ontem!

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Carlos Drummond de Andrade (poeta)

«Satânico é meu pensamento a teu respeito, e ardente é o meu desejo
de apertar-te em minha mão, numa sede de vingança incontestável pelo  que me fizeste ontem.

A noite era quente e calma e eu estava em minha cama, quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu, sem o mínimo pudor!
Percebendo minha aparente indiferença, aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares. Eu adormeci.

Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste no meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do  que entre nós ocorreu durante a noite.

Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar.
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e  força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do teu corpo.

Só assim livrar-me-ei de ti, mosquito Filho da Puta!» Drummond de Andrade

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1 comentário:

Anónimo disse...

"Satânico é o meu pensamento a teu respeito..."
Claro que não podia ser uma mulher(pois não?!)...mas o drummond é mesmo um dos grandes da nossa língua.
Viva a poesia!