… 2º dia de manhã.
A curiosidade era muita… dirigimo-nos, bem cedo, na direcção das cataratas… a pé.
Ao lado do primeiro miradouro, com vistas para as cataratas, existia uma banca onde alugavam casacos de plástico para a chuva… «que exagero» pensei.
A partir daquele ponto, iniciava-se um percurso com dezenas de miradouros… o acesso a cada um deles fazia-se por pequenos caminhos envolvidos numa floresta intensa e linda de morrer…
A intensidade da queda forçava a água a subir bem acima da altura das cataratas… e caía como chuva sobre todos os miradouros. A minha Jane mary adorava andar pela floresta hiper-tropical…
Paramos em todos os miradouros… e o espanto que a vista proporcionava não esmorecia… pelo contrário, aumentava a vontade de ir mais além…
A certa altura, e no meio daquela chuva nebulosa (mas quente) que as quedas proporcionam, detenho-me desconfiado… á minha frente, estava uma pequena ponte, com um metro e meio de largura, mas sem fim à vista…
Olhava em frente e apenas conseguia alcançar uns três ou quatro metros… para lá era o desconhecido; a neblina formada pelas gotículas da queda, impediam-nos de enxergar mais longe…
Que espécie de ponte seria aquela? Estaria em condições? Haveria alguma placa tombada a alertar para o perigo daquela ponte? Aonde iria dar?
Bom, confesso, nessas alturas passa-me tudo pela cabeça… até imagino os cabeçalhos dos jornais do dia seguinte «dois portugueses… ponte degradada…», enfim a minha imaginação para essas cenas meias estúpidas não tem limites, não sei bem porquê.
A altura a que foi construída a referida ponte era descomunal… envolvida naquele ‘nevoeiro’ de gotículas, aquela estrutura suscitava em mim um grande mistério… um misto de fascinação e receio.
Avancei… e a meio da ponte chamei a mary, afinal parecia ser uma passagem segura; não se via nada num raio de três metros… excepto para baixo; sentia-me a flutuar, a ponte não tinha pilares…
A meio da ponte a sensação era equivalente a estar numa máquina automática de lavar carros… a chuva vinha por baixo, por cima, por todos os lados. A Mary apaixonou-se por aquele local, não queria outra coisa… e eu também; a sensação de estar a 150 metros de altura numa ponte que unia uma montanha a outra e sem pilares, era fantástica…
Avançamos meios desconfiados… a meio da ponte a altura era assustadora… envolvidos naquela tempestade lembrei-me do nosso grande Vasco em viagens descritas pelo nosso grande Luís… e do não menos grande ‘adamastor’, que representava as forças da natureza, ameaçando a ruína de quem tentasse passar o cabo da Boa Esperança…
Convertido o ‘adamastor em terra’, eu e a minha Tétis Mary passamos a ponte e encontramos um paraíso… a chuva desapareceu e o sol brilhava intensamente…
Repetimos aquela passagem vezes sem conta… and guess what, apetecia-me voltar lá…
… e fumar um puro, tranquilamente…
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2 comentários:
UAU!!!!Magnífico!Fico mesmo feliz por ler e ver estas maravilhas... Isto sim, é a essência do BELO!!!BJS
FABULÀSTICO!!!!
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