terça-feira, 11 de novembro de 2008

Porto @mboim e Sumbe


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(Sumbe fica entre carimba e quicombo)
Sete da manhã... destino Porto Amboim e Sumbe... Nadim apareceu lá em casa. A ideia era aproveitar o fim-de-semana. O percurso até sangano já conhecia bem... o miradouro da lua, a ponte sobre o rio kwanza... os macacos logo a seguir...e pronto tudo se transforma apartir daquele rio. Voltei a ver um 'quinho' desta vez a comer qualquer coisa sentado num ramo. A paisagem é muito muito bonita... pelo caminho vêm-se muitos aldeamentos isolados... casas feitas em tijolo de barro feito artesanalmente, com tectos em palha cinzenta... são centenas e centenas... não tem electricidade, nem estradas, ou uma simples praça a assinalar um centro de aldeia...ou uma igreja... ou uma taberna... nada, rigorosamente nada.
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São casas dispostas aleatóriamente no terreno, com a mesma forma e tamanho... achei curiosa a forma de suporte do telhado... escoras feitas apartir de ramos encontrados no meio ambiente.
Paramos numa dessas casas... tinha curiosidade em ver de mais perto... três crianças e uma mulher. Ela com os seus quarenta e tal e eles bem pequenitos. As condições em que vivem são as mais elementar possiveis... ao observar aquilo, nem consegui ter algum tipo de sentimento de pena... vivem como se fazia há muitos seculos... apenas conhecem aquela realidade.
Em frente á casa... muitas mangueiras, carregadas de mangas... "cuidado pá não fiques por baixo da arvore... formigas... e estas ferram mesmo" alertou o nadim. As formigas eram enormes e vermelhas e eram aos milhares naquelas arvores... mais de perto pude observar que roíam a base das mangas por onde saia um liquido cremoso branco... aposto que era doce.
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"tem manga para mim?" perguntou o nadim á mulher. "tem, mais tão muito verdi" respondeu ela.
Não queria acreditar o nadim pergunta-lhe muito interessado "pois mas não tem mais verde ainda?".
O nadim, inacreditavelmente, gosta de mangas como ninguém... mas das completamente verdes...  diz que o sabor faz-lhe lembrar um molho especial de temperos, que a mãe fazia, lá em moçambique... fiquei com vontade de o provar confesso.
Falamos durante algum tempo com os miúdos e com a mãe... deu para observar tudo.
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O resto do caminho rumo a porto @mboim foi agradável... vistas magnificas e sempre muitos rios... passamos o parque nacional kisama que é mais despido de vegetação... mas fixei em boa memória uma paisagem unica... no cimo duma montanha parei o jipe e contemplamos lá bem no fundo o ziguezaguear de um rio com uma mancha verde intensa a acompanha-lo... parecia que estavamos a ver um oásis... fiquei maravilhado... tive pena não ter maq. fotografica comigo... a do telemovel não tem qualidade para estas dimensões.
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Porto amboim sempre foi um local muito falado pelos portugueses que cá estiveram antes da independencia... e estava deveras curioso.
As primeiras impressões foram bombásticas... entra-se naquela localidade num plano superior e as vistas lá de cima mostram uma baía de sonho.
Á medida que fomos entrando sentimos uma grande desilusão... a localidade parou no tempo... mas regrediu muito... musseques, lixo. Preocupamo-nos em chegar á baía... e verifica-se que aquela cidade terá de facto sido bonita... vê-se casas do tempo colonial de boa qualidade arquitetónica... mas abandonadas. Na pequena marginal alguns (poucos) restaurantes e mal explorados. Paramos num deles inserido na praia...bebemos e comemos umas coisitas e fomos ver a praia... simplesmente magnifica. Aliás parece-me que em angola não há praias feias.
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Verificamos que porto amboim não tinha mais nada a revelar... e resolvemos conhecer a cidade de Sumbe a uns 80 km mais para sul. A minha ideia era afastarmo-nos o mais possivel de Luanda para depois ser 'obrigado' a passar a noite ainda mais para sul... tipo em lobito ou benguela. Mas o nadim não foi na conversa... e tinha razão... não tinhamos efectuado qualquer reserva em hotel... corriamos o risco de não ter aonde dormir (só cá para nós eu até estava disposto a correr esse risco)... da próxima ele não terá escapatória :).
A entrada para Sumbe é refrescante... um rio... miudos a tomar banho... uma vegetação luxuriante... de um lado da estrada eram bananeiras, palmeiras, coqueiros, mangueiras... de TUDO... do outro lado um instituto politecnico agricola com aspecto moderno.
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Sumbe é maior... e tem uma marginal bonita... com excelentes restaurantes... com uma envolvente veraneante... com cheiro a férias... com gente... coisas á venda... e miudos a engraxar a sapatos. "épa ó rapaz tu não vês que estou de chinelos pá?" dizia eu. Mas o rapaz estava disposto a engraxar o que quer que fosse... juntaram-se mais alguns para ver se chovia qualquer coisinha... conversa 'prá-aqui' conversa 'prá-ali' e resolvi investir num dos rapazes. "quanto custa uma caixa de engraxar? ok. vais pegar neste dinheiro e vais comprar uma caixa, tás a ouvir?... quando sair daquele restaurante vais mostrar-ma... ok? vá siga, vai lá comprá-la."
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O restaurante era lindo com ilhas de bambus a circundar as mesas... e o almoço... pois, exactamente... lagosta, camarões da costa, etc e tal. Ficamos lá umas boas duas horas... e ainda tivemos tempo para visitar a praia.
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"então rapaz... a caixa?" eu perguntei desconfiado. O rapaz jurava que aquela era a caixa que comprara... mas eu tinha a certeza que não... o moço não tinha a tinha comprado... faltava-lhe o espirito empreendedor como o amigo... era mais um excelente 'treteiro'... e levou-me na certa, como de resto é muito usual comigo.
Em todo caso eu e o nadim comentamos  sobre as alternativas daquela gente... concluimos que simplesmente não as têm... a sobrevivencia passa também pela capacidade que terão em saber simular na perfeição... e no fundo, não seremos TODOS assim?
De regresso já ao fim da tarde... o computador de bordo estimava gasolina para uns 20 km... não se via uma alma... nem qualquer estação de serviço... faziamos planos para passar a noite no meio do parque nacional da kisamba... rápidamente surgiu um aviso que nos indicava que só tinhamos gasolina para 1 km... era quase certo que iamos dormir no jipe no meio do parque... ali não existe qualquer iluminação, ou casas ou pessoas... nada.
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Felizmente deparamo-nos a seguir a uma curva com uma estação ampla e modernissima... a gasolina custou o dobro do preço normal mesmo com d. vito a negociar... mas foi abençoada.

3 comentários:

Anónimo disse...

Porto Amboim!!!Havia um Colégio fantástico,com campos de jogos, laboratório e internato...E tinha um director fantástico que era economista...e havia uma professora de francês com "glamour"... e pássaros no átrio...rosas lindas no jardim!Era o Colégio Pedro Nunes...Numa avenida larga perpendicular ao mar...Obrigada,pelo sonho,pelo "paraíso perdido", pelas "saudades da minha infância"longínqua!Obrigada Noémia,Luís e Pedro!Bjs para o THE best blogger!

email disse...

ei pá... que pena eu desconhecer que o colégio era em porto amboim... gostava de ter ido lá...
passei nessas avenidas largas xinha... perpendiculares ao mar... muitas casas coloniais... muitooos armazens... uma delas, a maior avenida, desemboca numa pequena praça aonde está o hospital e a policia um pouco mais atrás. Deu-me a impressão que o hospital substituiu uma estação de comboios (será?).Que pena não ter sabido disso... gostava de o ter visitado.
... mas quando for a benguela vou passar por lá outra vez, eh eh.
Porto amboim empobreceu bastante... mas o contexto, a envolvente, a baía... é linda.

The Cake Bar disse...

Ola,

Obrigado pelo comentário no meu blog.
E o D.Vito (nome que lhe assenta na perfeição) é mesmo um expert a negociar, como eu costumo dizer ele só não vende a mulher e a filha, porque enfim...
Espero fazer alguns destes passeios por Angola daqui a uns tempos!!!