segunda-feira, 8 de junho de 2009

conversas improváveis…

‘com sua licença’ eu perguntei timidamente.
‘entre, entre… preparado?’ ele perguntou respondendo.
‘preparado? bem, quer dizer… depende de onde me quiser guiar’ eu afirmei.
‘guiar-te-ei na direcção que tiveres escolhido… para onde achas que devemos ir?’ ele continuou
‘bom, eu sei perfeitamente para onde gostava de ir… agora… se mereço tal atenção de vossa senhoria, pois não sei… os critérios de admissão… mas talvez não mereça, vendo bem’ eu confessava
e continuei ‘bem, na verdade não me lembro de nada que possa abonar em meu próprio benefício… não me lembro, pronto; só me lembro do que fiz mal feito e principalmente do que não fiz… que boa merda… desculpe, ainda venho com este vicio de dizer umas cara… desculpe outra vez‘
‘humm…  mas alguém perguntou sobre as tuas virtudes? ou os teus defeitos?’ ele irritado disse.
‘pois, tá bem… não perguntou, mas eu deduzi que vossa senhoria quisesse saber essas coisas… para coloca-los numa balança, e depois pesar as me… desculpe… os comportamentos’ eu dizia
‘pois, mas não… eu perguntava apenas para onde achavas que eu devia levar-te pá… mas tu, como sempre, respondes outra coisa.’ ele afirmava
‘como sempre? desculpe lá,  como sempre? até parece que eu…
ele interrompe ‘ sim como sempre, a ti, sempre que te perguntam qualquer coisa… respondes com merdas diversas’
‘olhe lá, não se exalte na linguagem… estão ali atrás umas irmãs e fica mal a vossa senhoria proferir esses impropérios’ eu aconselhei
‘ó rapaz não exalto o cara… eu é que sei as palavras hei-de utilizar… fo…’ ele disse
‘pronto calma… também não é preciso ficar assim.’ eu respondi
Batia eu com os dedos na mesa de madeira preta meia carunchosa e olhava para cima… enquanto ele atendia as irmãs…
‘aquilo ali em cima, o que é? ouço pássaros e o barulho de cascata de agua e uma música… posso espreitar? ou temos que ir já para baixo?’ eu perguntei
‘para baixo?’ perguntou ele
‘sim… quer dizer… se não me lembro de nada que que abone a meu favor, o que me resta senão ir para baixo?’ eu disse e continuei ‘mais a mais, olhe: não frequentei o seu Estabelecimento, nem outro qualquer, desde que me lembro… nem sempre os meus pensamentos são… digamos… os mais puros e virtuosos… fui sempre céptico em relação à instituição da qual vossa senhoria é precursor, já para não falar na insanável duvida que sempre tive em relação à condição do seu Chefe… ora aqui já vão três mandamentos capitais… depois fui algumas vezes invejoso, outras imodesto… perjurei várias vezes, enfim não há mandamentos que cheguem para mim…
‘mas as dúvidas são legitimas rapaz…   eu próprio tive momentos desses e até bem piores, lembra-te da negação… da traição… enfim, a condição humana é isso mesmo… interessa é teres aprendido com os erros, com a experiência, reflectires bem sobre o que foi mal feito… e sobretudo se poderia ter sido diferente, sim, se poderia ter sido diferente. Acresce ainda que viver em harmonia com a moral significa teres conhecido e experimentado as tentações e supera-las dentro dos limites da tuas forças. Viver em harmonia com a moral dos Escolhidos…
‘em harmonia com a moral dos Escolhidos? não percebo o sentido da frase de vossa senhoria, mas sim acredito na bondade da mensagem implícita dos Escolhidos, do que li sobre o assunto, acredito que existiu um judeu da galileia, que tinha uma personalidade forte e penetrante, e pregou coisas boas e sensatas, e que ajudou com a sua palavra milhões de pessoas a praticar e a encontrar uma moral, uma conduta… sim acredito… mas também acredito nas mesmas coisas ditas por outros, como gandhi, madre teresa, maomet, buddha… não encontro grande diferença neles… mas depois vêm-me aquelas coisas à cabeça… desconfio da bondade e veracidade com que foi usada a palavra Deles inserida nas diversas irmandades… diga-me lá, vossa senhoria ouviu mesmo o galo a cantar três vezes? a questão da negação! e só aí é que se apercebeu que tinha traído o seu mestre? 
ahh e aquela cena de vocês, incluindo vossa senhoria, não terem reconhecido o vosso mestre quando este ressuscitou? como não O reconheceu? Ele ressuscitou mesmo? já para não falar na questão da traição, coisa estranha para quem certeza tinha acerca da divindade do vosso mestre’
‘ bem, isso interessa-te pelos vistos… pois fica a saber… o galo não cantou… em cada uma das três vezes que me perguntaram se O conhecia, menti… estava como medo que me prendessem, se dissesse a verdade… o resto é fantasia dos autores…
‘aprecio a sua honestidade… ‘ eu disse e continuei… ‘ medo de dizer a verdade! é bem humano! mas diga-me vossa senhoria, a propósito da Verdade, naquele dia do julgamento com pilatos, este perguntou-Lhe ‘quem és Tu?’ Ele respondeu-lhe ‘Eu sou a verdade’ e pilatos voltou a perguntar-lhe ‘que é a verdade?’… e pronto Ele não respondeu… não houve resposta… percebe? o que teria respondido se pilatos não lhe virasse as costas? sempre tive esta curiosidade.
‘cristo teria dito que a verdade é a palavra vertida na 1ª regra de ouro – não faças aos outros aquilo que não gostavas que te fizessem a ti-‘ ele respondeu.
‘bem dito… mas isso na prática também foi dito por outros como o buddha… muito tempo antes… cheira-me a plágio… desculpe a franqueza.
‘ Mas eu disse-te que jesus era o perfeito, o único? eu disse-te que Ele era o Criador?… não me lembro de te ter dito… na verdade nunca assim olhamos para Ele… sempre o consideramos um escolhido do Criador… como rezava a profecia… tal como o foram outros que atrás referiste, uns antes outros depois’ ele esclareceu. Continuou ‘mas cristo tinha uma chama diferente… ele sentia as dores dos outros… nunca me esqueço quando no meio da multidão uma mulher lhe tocou na túnica… no meio de tanta a gente a tocar-lhe, ele parou e disse: quem me tocou? que senti a minha energia sair? eu até lhe disse ‘ mas senhor no meio desta multidão Tu perguntas quem te tocou nas vestes'?’ e voltou-se para trás e viu uma mulher no chão de joelhos… que lhe disse que tinha de tocar-Lhe, pois sofria há 12 anos de hemorragias… e jesus respondeu-lhe ‘vai mulher, já foste curada, a TUA fé salvou-te’.
‘tá bem mas concordará que isso aconteceu porque existia fisicamente a Pessoa, ela tocou-O, então e agora? peço peço e nada… já não há milagres?’
‘Não é assim… significa, o que relatei, que a execução do milagre tem muito a ver com a disposição interior, da convicção que sentimos, da verdade interior e da genuidade do acto… por isso Ele respondeu ‘ a TUA fé te salvou, isto é, não foi Ele, foi ela própria, a mulher. Não é necessário seres um santo ou um beato, ou fazer vida monástica… interessa apenas a tua convicção profundamente genuína… a isso chamamos as forças cósmicas a agirem sobre a física dos corpos. Embora a não entendas, é algo claramente racional.’
‘ humm… quer dizer que o Criador não interfere, isto é, deduzo que o milagre pode ser explicado, embora ainda o não saiba explicar, por insuficiência de conhecimentos.’
‘Não podias ter dito melhor… é isso, o milagre é um estádio mental avançado, de convicção profunda, a quem alguns chama fé ’ ele respondeu.
‘Mas se Ele não interfere, tal inacção significa o caos… a lei do mais forte… ausência de justiça… não é?’ eu perguntei
‘Não, significa apenas que Deus obedece a uma 2ª regra de ouro: jamais interferir no tempo. Dito de outro modo, significa que a programação efectuada não pode ser mudada do desenho inicial…’ ele disse
‘ quer dizer, nessa perspectiva somos semelhantes a uns autómatos, que seguem um programa divino… ‘ eu disse
‘ bem, não é assim… a programação foi efectuada por Ele com todo o detalhe, nada foi deixado ao acaso… tudo foi devidamente colocado, com justeza milimétrica… tudo foi devidamente previsto… ’ ele respondeu e continuou ‘ a ideia é simples cada ser humano representa uma trindade… uma força, um corpo e um código genético inserido no corpo, semelhante à santíssima trindade… um pai(força), um filho(corpo) e um espírito santo(código), percebes agora? todos são um e um são todos… tu és um mas representas as três dimensões, a força, o corpo e o código genético… a questão semântica é de vossa autoria, alguns chamam à força, coisas como o sopro de vida, o movimento, a alma, enfim várias designações para a mesma realidade…’ e continuou,
… neste sentido, Deus programou o corpo através de um código genético e animado pela força…à sua semelhança, mas a interacção com a natureza, social ou não, é da tua responsabilidade… a decisão sobre os caminhos a seguir são inteiramente teus… se bem que dentro de limites geneticamente definidos pelo Criador… no fundo é como se permitisses que pessoas no mesmo quarto, pudessem dispor-se à sua vontade, num meio caótico e livre… mas a única saída do quarto será uma porta apenas… faças o que fizeres dentro do quarto… Ele sabe que sairás por ali… e programou-te geneticamente para sair… é portanto a permissão do caos ordenadamente… é o livre-arbítrio condicionado à saída, percebes?
‘humm, portanto a trindade humana representa a divina… três em um e um em três… bom mas diga-me vossa senhoria, porque diabo, desculpe, porque razão Deus não se faz notar, quer dizer, aparecer, para as dúvidas se dissiparem?’ eu continuei
‘Sim e de que forma querias que ele aparecesse? um ser humano, um animal, uma pedra? diz qualquer coisa’ ele perguntou
‘bem eu queria que ele aparecesse tal qual Ele é, simplesmente Ele… como é de facto’ eu disse
‘pois eu compreendo, mas Ele não tem uma forma definida pode ser tudo o que tu quiseres… mas diz-me se Ele se revelasse sob a forma humana, como achas que iriam reagir as pessoas?’ ele perguntou com água no bico.
‘reagiam bem, eu acho’ eu disse
‘humm, muitos diriam certamente que Ele não era Ele… outros diriam que Ele era o diabo a fazer-se passar por Ele… enfim percebes? a verdade não é alcançável por todos, porque todos foram programados de forma diferente, cada um tem o seu código genético, e cada um a sua interacção social distinta e a sua experiência. Por isso a opção Dele sempre foi não revelar-se fisicamente.’ ele esclareceu
‘ah bom tem lógica de facto, seria um confusão… pensando bem, eu próprio desconfiaria que tal Pessoa fosse Ele. Vossa senhoria tem razão nesse ponto.’ eu respondi.
‘Agora uma coisa que sempre me fez confusão é o facto de Ele, sendo bom, deixar que grasse por esse mundo fora, a miséria e a injustiça… qual o pai, num estado mental normal, que deixaria que os próprios filhos sofram todas as maldades do mundo?’ eu refinei o tom das perguntas.
‘A resposta está implícita na tua pergunta… um pai ou uma mãe, aconselham os seus filhos pequenos, sobre os perigos de brincar no meio da rua… a mãe incute normas para obter dos filhos comportamentos saudáveis… para que não se magoe, e criar ao mesmo tempo sentido de responsabilidade… mas não pode decidir por eles, certo? ora Deus faz o mesmo… alertou-nos através dos Seus escolhidos, sobre a moral a seguir, codificou-nos geneticamente com noções claras do que podes fazer e sobre o que não deves fazer, um instinto se quiseres, que vos impele à sobrevivência. Toda a gente, sem perturbações mentais ou alterações exógenas, sabe assim, se o que faz é correcto ou não… mas para reforçar tais ideias, destinou umas dezenas de Pessoas que revelassem algumas verdades. Neste sentido, tal como os pais humanos não podem controlar para sempre os seus filhos, o nosso Pai também não; não que o não pudesse fazer, mas sobretudo porque chega uma altura que qualquer pai deve deixar voar os seus filhos; trilhar o seu próprio caminho, mesmo que isso signifique o caminho errado. Deus não te julga pelas opções que tomaste… Ele sabe bem que as tomaste por um conjunto de factores particulares respeitantes a cada pessoa… se quiseres Ele sabia a opção que ias tomar… no entanto julga o teu íntimo, e a capacidade de resistência e se a experiência te tem sido útil face ás tuas escolhas.’
‘ou seja… eu interrompi… as minhas opções já Ele sabe quais foram e quais serão, mas avalia-me pela sinceridade com que as fiz…’ eu finalizei.
‘sim é mais ou menos isso, as palavras não traduzem as ideias na perfeição, são limitadas e sujeitas a diversas interpretações mas eu compreendi o que quiseste dizer.’
‘Mas vamos ver, a mim sempre me foi incutida a ideia de que Deus era alguém que não tolerava opções fora das normas que Ele próprio ditou, e que era punido se as quebrasse, enfim incutiram-me uma ideia de medo de Deus, de forma que nem sei bem compatibilizar o meu feitio com o génio Dele… na verdade até tenho receio em falar com Ele… umas vezes porque me acho incompetente para tal, outras porque acho que Ele acha que lhe estou a dar graxa… não sei se vossa senhoria me percebe?’ eu disse
‘Vamos ver… todas as ideias vertidas nos Livros, que vocês cristãos chama bíblia, ou os outros de outras religiões, que por aí circulam não são divinos, tão pouco de inspiração divina… Deus não disse nada do que ali está escrito, tão-pouco o disseram os Escolhidos por Ele… todos esses escritos foram feitos por pessoas, que simplesmente Os não conheceram… mais, vários foram efectuados por interpretações abusivas da Palavra… outros votados à danação, outros considerados divinos… alguns surgiram centenas de anos depois dos factos ocorridos, por pessoas que tiveram as suas motivações; quero dizer com isto, que Deus, sendo Deus conhece todas as tuas duvidas, sabe bem e permite que existam várias tendências… o bem e o mal, o correcto e o incorrecto, são conceitos vossos… para Ele isso é a normalidade das coisas. Se achas que Deus é uma entidade fria, calculista, implacável, como de certa forma de depreende da leitura daqueles Livros que atrás referi, pois estás enganado… Deus é tudo menos isso… se quiseres, Ele acha piada ás coisas, tem humor, é complacente com todas as ideias… e com as tuas opções.

‘ Voltando atrás, vejamos… se a força existe, e é esta que anima o corpo, quer dizer que temos a tal alma? uma coisa que não morre e pode ir para o céu ou inferno? é assim?’ eu perguntei curioso.
‘Bem, o que te disse, na realidade, acerca disso tudo é o resultado do objectivo do Criador… na verdade o factor tempo é o grande responsável pelo refinamento da trindade; vejamos, o corpo desenvolveu-se ao longo dos milénios, transformou-se, evoluiu, desde os primeiros aminoácidos, aos organismos unicelulares, depois  multicelulares… enfim, todo o percurso evolutivo até hoje, e que tão bem darwin intuiu. Da mesma forma o código genético foi sofrendo alterações… adaptações à evolução do corpo e meio ambiente. Tudo isto já vocês estudaram e concluíram, através de cientistas e filósofos notáveis… o que nos leva à questão primeira e fundamental; o sopro de vida ou a força ou a alma de que falas. O que distingue então uma pedra de uma arvore e esta de um animal ou do ser humano? repara, uma pedra é apenas um corpo, uma arvore tem um corpo e tem um código… um ser humano ou um animal, além disso tem a ‘consciência’ em maior ou menor grau dependendo da capacidade cerebral.
Bom… se observares bem, assemelha-se ao desenvolvimento de qualquer animal desde que nasce… um espermatozóide, um óvulo. A junção destes dois elementos químicos no útero vai-se complexificando, dia após dia… em poucos dias já se pode notar um movimento…’
‘sim tá bem mas um movimento não quer dizer que exista a tal força ou alma… uma arvore também cresce, isto é tem movimento, embora não se consiga ver’, eu interrompi
‘ pois é isso, portanto o movimento, que tanto apoquentou Aristóteles, não é a razão da existência da força, embora dela seja emanada… ou seja, um feto desde os primeiros dias até ao último, cresce e desenvolve-se, num ambiente que lhe permite esse desenvolvimento… e toma, em determinada altura, a consciência…
‘então a força é a consciência, é isso?’ eu perguntei.
‘ não a consciência é um patamar de desenvolvimento que nos permite afirmar a superioridade cerebral no reino animal… é um estádio de desenvolvimento maior, se quiseres… o que te digo é que para resolver esta questão, deve-se aceitar todo o principio da natureza desde os primeiros segundos do universo até hoje, houve um desenvolvimento natural, explicável pelas leis da física, sem necessitar-mos de recorrer ao Criador em cada uma das etapas de desenvolvimento… embora Dele tenha vindo a orientação inicial.
‘não percebo vossa senhoria, então a tal força ou alma não existe’ eu afirmei.
‘bem, não foi isso que te disse pois não? o que te digo é que todo este caminho para chegar até aqui, não foi obra do acaso… tudo foi milimetricamente definido ou programado… tudo obedece a leis precisas, feitas com intenção, nada do que existe pode deixar de ser explicado pelas leis da física… e essas leis foram programadas e Criadas antes de existir a matéria… e iniciaram a sua aplicação no primeiro momento… na primeira explosão que deu origem a este universo… naquilo que vocês chamam o big bang…
‘ humm… mas então, isso já eu desconfiava, várias pessoas já pensam isso… o que trás isso de novidade?’ eu perguntei
‘ a questão fundamental é perceberes que o primeiro impulso, para gerar o movimento de Aristóteles, foi dado pelo Criador… e esse impulso que gerou o primeiro movimento é a força; metaforicamente, é o que te deu a vida; por isso simplesmente foi dito que Deus deu o sopro de vida.
‘ok, mas vamos ver, até gosto dessa explicação… mas isso não dá resposta ao fundamental; primeiro porque vossa senhoria mete Deus no fim da conversa, para justificar o inicio… e depois não percebo em que é que isso me pode elucidar relativamente à existência de uma alma eterna, que não morre e que vai para o céu ou inferno, não é’ eu afirmei
‘ouve meu rapaz, a vida foi-te dada através do impulso inicial, que gerou movimento… a isto chama-se a força, sem a qual nada teria acontecido, certo? essa força não é nada mais do que energia do Criador. Perguntas se essa energia está presente e se é eterna? pois em verdade te digo a energia é a origem e o fim de tudo… ela existe e existirá até ser concluído todo o projecto divino; podes vê-la em tudo, medi-la, equaciona-la, utiliza-la e converte-la parcialmente; é essa energia que está por trás de tudo e a tudo se deve a presença dela. Essa energia emana do Criador e só Ele tem suficiente poder para a controlar na sua totalidade. Enquanto o projecto divino não for concluído, tu és parte da energia, és um ser animado pela energia ou força, se quiseres és um pedaço de Deus.’ ele foi dizendo
‘entendo bem isso… mas, vossa senhoria, ainda não respondeu claramente… a alma depois de morrer, para onde vai? sobrevive? é algo consciente?
‘a energia é algo que precisa de um receptor ou de um transmissor… a energia que te anima, sem corpo, não tem como revelar-se… ela revela-se em ti, juntamente com o corpo, o código genético e ela… a trindade, lembras-te? sem corpo, a energia não se perde, apenas transfere-se… para outro receptor qualquer.’ ele disse
‘ isso cheira-me a reencarnação, aquelas cenas meias maradas de vidas anteriores… humm’ eu disse
‘não necessariamente reencarnação, se a energia não se perde e transfere-se significa que qualquer coisa pode ser o veículo… o ciclo de transferência de energia é complexo e resulta de milhões de hipóteses… assemelha-se para te exemplificar, a ciclo da natureza dos seres vivos… a morte de uns, alimenta uma cadeia infinita de outros, num circuito de tal forma complexo que é difícil em palavras dizer-te todos os passos… um grão de milho alimenta uma galinha, que por sua vez alimenta o homem e este por sua vez alimenta outros bichos, que servem de alimento a muitos outros numa infindável transferência, percebes? com a energia passa-se o mesmo’ ele disse
‘ ok mas então se assim for, não existe uma alma, pelo menos aquele conceito clássico… que vai para o céu e tal… ‘ eu disse
‘esse conceito não faz parte da realidade das coisas… no Livro a que chamam bíblia ou velho testamento, nunca são referidos esses conceitos de alma… a tradução da palavra é simplesmente ‘consciência’ e não ‘alma’ como certas pessoas após o nascimento de cristo forçaram… ‘ ele esclareceu
‘bem, no velho testamento na realidade é assim, eu já tinha lido sobre isso… no entanto no novo testamento jesus afirma claramente a existência de um paraíso, lembra-te Dele na cruz e o que disse ao ladrão à sua direita não é?’ eu disse
‘volto a dizer-te quem escreveu tais Livros foram vocês, não Ele… as palavras lá vertidas são da responsabilidade de muitas pessoas que se iam reunindo em concílios, umas bem intencionadas outras mal intencionadas…’ ele finalizou.
‘estou estupefacto com vossa senhoria e com o que acaba de afirmar, mas diga-me… se estou a falar consigo e se vossa senhoria morreu, na tal cruz invertida, como pode não existir a alma? você e eu, esta conversa, é a prova de que ela existe ou não?’ eu perguntei triunfantemente.

‘doutô acorda, perdeu as hóra? o motorista já chigô para levá o doutô pró trabalho.’ disse a empregada batendo à porta do meu quarto.
‘fo……..’

1 comentário:

X disse...

Que a força, o corpo e a consciência estejam sempre contigo!Não apenas em sonho, mas no dia a dia!
YES!!!!Adorei!
Bjs