segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

... metadona económica... toxicodependencia...

…parece que a falta de bom senso continua a espalhar-se pelo mundo politico e económico... alastra-se como uma doença infecto-contagiosa... e ninguém pára para pensar... os governantes e analistas tendem a sentir-se menos perdidos quando alinham em rebanho...
... não deixa de ser curioso que em pleno desconchavo do capitalismo, continuem a aparecer ferverosos defensores, com soluções exactamente iguais ou na mesma linha de actuação que levaram ao colapso económico actual.
É preciso de facto muita fé... nestas pessoas que nada vêem... e que nada aprenderam com os erros...
”When I ask about the origins of the [financial] crisis, economists I respect tell me it is the credit-financed growth of recent years and decades." min. finanças Alemão.
Bem... o único político sensato que consegui descortinar foi o ministro finanças alemão... que afirmou que iria fazer tudo diferente... e eu acho que ele está a ver bem o problema.
... na verdade, os activos foram considerados “tóxicos”, podemos por isso considerar os mercados como toxicodependentes... e a solução passa por administrar mais droga?
Parece-me que as medidas tomadas prolongam apenas o estado de toxicodependencia das economias... uma espécie de metadona económica...
«Podia-se baixar os impostos, mas ninguém garante que as famílias vão gastar (mais dinheiro). O Estado tem aqui duas possibilidades. E se for o estado a investir, há gastos»,  José Sócrates
Pois pois sr. primeiro ministro... vamos lá gastar a massa dos tugas... sim sim, vamos lá deixar os idiotas dos Portugueses poupar nos impostos, fazer um fundo para a filha poder estudar, ou um seguro médico ou…nah vamos mas é gastar o dinheiro dos Portugueses no TGV, Aeroportos… os proveitos... esses, ficam para as empresas 'controladas' pelo partido...
Mas vamos lá ver... se a ideia é gastar dinheiro... epá, eu achava que era melhor sobrevoar as cidades e aldeias portuguesas com helicopteros e mandar dinheiro cá para baixo... pelo menos era todo gasto directamente... sem intermediarios.
Num país sobre-endividado, a solução do (des)Governo é garantir que se gasta ainda mais dinheiro, mesmo que não seja naquilo que os portugueses e as empresas precisam...
A carga fiscal sobre os portugueses ultrapassou em 2005 a média da UE e manteve-se muito acima com os aumentos de todos os 9 impostos desde Fevereiro de 2005. A carga fiscal portuguesa é de 123 pontos hoje, contra os 116 da média da UE27 e, pior, contra os 102 pontos dos nossos mais directos concorrentes, os 12 países que aderiram em 2004 e 2007.
... estamos a correr de encontro a uma armadilha de liquidez... injectaram-se milhares de milhões na economia... vindos de onde? a que preço? vamos voltar a fomentar artificialmente o consumo, através de mais liquidez no mercado? repito, a que preço? ou então a desbaratar os orçamentos de estado em investimentos não produtivos? para quê? por quanto tempo? e a que preço?
... o verdadeiro perigo será quando for constatado que dos milhares de milhões euros ou dolares gastos de pouco ou nada serviram... que os problemas serão piores, pois não haverá mais recursos, nem capacidade dos estados em injectar mais capital na economia... os estados não poderão endividar-se mais, nem aguentar deficits maiores do que é suportavel... tempos bem piores se avizinham... a continuar esta forma patética de combater a crise...
Tornou-se um lugar comum fazer depender uma reviravolta no estado economico dos paises com o fomento do consumo... e por tantas vezes se repetir uma solução patética, esta acaba por ser defendida por todo o rebanho... que segue instintivamente de olhos fechados o logro desta solução milagrosa... de olhos fechados não veêm que seguem rumo ao precipicio... imitam medidas que tem sido tomadas noutros paises, como sendo também aplicáveis ao nosso próprio... e fazem-no não porque pensam, mas porque imitam a manada...
Anunciam-se milhões para a industria automovel portuguesas... ora, que saiba portugal NÃO tem industria automovel própria; foram dadas condições excepcionais a multinacionais que cá localizaram os seus investimentos; que cá estão simplesmente porque a mão de obra é barata e as ajudas fiscais do estado português são convidativas... mudando estas duas variáveis, essas multinacionais rápidamente sairão de portugal, disso não tenho dúvidas.
Portanto, este governo, em vez de apoiar sectores nos quais portugal tem know-how e tradição, como a metalomecanica, textil, calçado, agricultura, turismo, pesca, o desenvolvimento de sotftware, a industria do vidro, ceramica ... apoia uma industria estrangeira simplesmente porque os eua também o fizeram. Que diabo de governantes temos? onde estudaram estas bestas? como é possivel serem tão mediocres os governantes de portugal?
No caso dos governos não concretizarem programas inteligentes de fomento á economia produtiva, ao combate á produção efectuada em paises sem o devido estabelecimento dos direitos humanos elementares, á exclusão do comercio internacional de paises que não obedeçam a criterios minimos de dignidade humana, ecologica, etc e tal... as consequências a prazo serão o desemprego, conflitos sociais, criminalidade…

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem dito!Guardei a imagem da toxicodependência...perspectiva bem sensata e profunda...Beijinho.

BibaRita disse...

Tio Volta Tas Perdoado!
Tenho saudades de te Ler!

Anónimo disse...

Grande Ricardo. Gostei de ler o teu post mas, como nos nossos velhos tempos de despique, acho que as coisas não são exactamente assim.
Acho que o grande problema do país não são os governantes, ou não serão só o governantes. O problema é nosso. De nós todos, portugueses, com uma percentagem residual de excepções.
O problema é cultural, cívico e de uma perpétua -essa sim- crise de sensatez.

Olhamos para esta crise com a mesma perspectiva que temos olhado todos os escassos momentos de prosperidade, ou seja, de uma forma exclusivamente individualista.
Cada um pensa exclusivamente em sí e é isso que verdadeiramente lhe interessa.
Quem não seja empregado fabril, nem tenha investimentos em acções, festeja a crise porque poupa na prestação da casa e porque vai poder andar mais quilómetros com o que costumava gastar em gasolina, da mesma forma que festejou os dourados anos oitenta em que os incentivos comunitários à economia serviram para muitos carros de luxo, quintas recuperadas para turismo rural – claro que sem vagas porque estavam sempre ocupadas pelos donos -, matriculas em 3 ou mais cursos remunerados com horários coincidentes, mega projectos de investimento fraudulentos… e por aí fora até se esgotar a esperteza saloia, da qual somos fartos!
Poucos industriais de calçado, tendo de escolher entre novas e habilitadas contratações, a ampliação das instalações e o último modelo da Ferrari, resistem ao relinchar da estupidez. Assim como poucos são os funcionários que resistem a uma baixa fraudulenta, poucos os que não forçam o subsídio de desemprego, poucos os resistem à fraude fiscal e à fraude moral.
Acho que somos por defeito e feitio verdadeiros “xicos-espertos”.
Mais do que as soluções que não são soluções, como referiste, o que me espanta é a indignação generalizada pela origem desta crise financeira.
Afinal de contas, os motivos que desencadearam a crise, são aquilo que mais admiramos: ganhar dinheiro com pouco esforço, sem ter de mostrar resultados, antes ter a esperteza de conseguir iludir o sistema.
Por defeito não cuidamos do pasto apenas e só cuidamos da nossa ovelha. O pasto como é de todos, alguém se encarregará de o tratar, não é nossa obrigação. Somos fatalmente assim!

Como mudar?
Escola! Formar bem. Formar o bom senso. Formar conceitos cívicos. Formar estratégia. Formar valências que nos distingam dos restantes.
Foi por aí que brilhante general MacArthur em apenas 10 anos lançou o completamente devastado inimigo Japão, para segunda maior economia mundial.
Tal como fizeram os Japoneses com a electrónica, temos que na nossa indústria, de aprender com os que fazem bem e conseguir fazer ainda melhor. Temos de ser competentes. Temos de continuar a atrair investimento estrangeiro porque ainda há muito a aprender com eles. Esta ainda não é uma geração de industriais suficientemente formados para coseguirem trocar o ser pelo ter.

O aeroporto é muito importante, o TGV é importante, assim como organizar os, também polémicos, grandes eventos desportivos e culturais. Trazem desenvolvimento, criam oportunidades, criam emprego e estimulam e globalizam as regiões e o país. - as olimpíadas lançaram Barcelona para níveis nunca vistos, assim como o então dito insano investimento milionário num museu em Bilbao transformou por completo a economia dessa cidade. As cidades que investiram em aeroportos para receberem companhias low-cost também obtiveram uma taxa de crescimento fora do normal –só Porto em 12 meses aumentou em 11% o numero de turistas. -.

Os políticos?
Políticos somos nós todos e cabe-nos a nós, em casa, fazer politica e formar a geração que se segue fazendo-a acreditar que a chave da prosperidade está no empenho, no trabalho, no esforço, na honestidade, na obrigação de ser o melhor e em cumprir dos nossos deveres cívicos para que o futuro seja mais justo e melhor para eles, que no fundo é o verdadeiramente importante!

É a minha opinião. Já sei que tb não concordas com tudo… :)

Ahh e viva o Benfica!

Grande abraço.

Anónimo disse...

ahhh???? "viva o benfica" ó padrinho, nao vale mentiras.... aiaiaiaihhh... FCPorto the best of all...beijinhos paizinho... assi: Margaridinha ;)