domingo, 24 de agosto de 2008

Viagem a Catete...

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Fazenda de Plantação de Bananas
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sábado, 23 de agosto de 2008

Sei que não vou por aí...

Muitos pensadores acreditam que a grande vitória do indivíduo é perceber o absurdo da vida e aceitá-la…
Tenho o enorme defeito de ser uma pessoa que tem dúvidas permanentes em relação ás coisas… pensamentos, ideias… incomoda-me apenas não conseguir sentir o que não é demonstrável, e não o contrário… aceito a vida como ela é… nascer, viver e morrer.
Verifiquei em Luanda, que as religiões dos mais diversos credos proliferam de uma forma assustadora… vejo dezenas e dezenas de igrejas espalhadas pela cidade, algumas nem conhecia… é a do reino de deus, adventistas sétimo dia, ismaelitas, católica, maná, etc., etc., etc., a primeira é um monumento enorme, imponente e cheio de gente… é a festa da crença, passo em frente e vejo todos de braços no ar a louvar o seu deus.
Habito numa casa cuja grande maioria das pessoas é muçulmana; acreditam no ‘bom profeta’ Jesus e no não menos bom profeta Maomé que deu origem á sua crença… para eles, ambos profetas são seres humanos, com capacidades extraordinárias, porém não os consideram divindades.
Pelo contrário, os cristãos, ficaram a achar, depois do concilio de cardeais no quarto século, que Jesus não fora criado, mas sim gerado por deus. Os ânimos nesse concílio estavam exaltados, e os cardeais empatavam na votação para aprovar tal afirmação. Decidiu então o imperador Constantino por ordem na casa.
Ficou então decidido, não sei a troco de quê, que Jesus tinha afinal sido gerado, mas não criado e consubstancial ao pai. Foi então a partir da influência de Constantino que Jesus passou a ser da mesma substancia de deus. Constantino adoptou os cristãos e fê-los ter lugar destacado no seu império… e assim começou a cristandade. Constantino, grande guerreiro, teve uma visão ou um sonho… venceria uma batalha muito importante sob o signo da cruz… e portanto por razões bem mais mundanas do que celestiais… mandou colocar o símbolo da cruz no seu exercito e chacinou o inimigo.
Como a coisa deu certo, e porque ‘em equipa que ganha não se mexe’ Constantino colocou a até então seita cristã em lugar de destaque social.
Estas pessoas que habitam a casa são influentes e importantes na sua religião ao mais alto nível. Eu “que nunca principio nem acabo” gosto do tema… e não raras vezes troco com eles impressões acerca de assuntos religiosos. Como tiveram educação portuguesa, nomeadamente religião e moral, conhecem os fundamentos do cristianismo. Um deles acredita que Maomé é digamos… o espírito encarnado de Jesus; porque não, pensei.
Têm os mesmos preceitos morais que os cristãos, nada os diferencia… seguem uma linha que os distingue das outras correntes muçulmanas… dizem que Aga khan, o líder religioso (papa), é descendente de Maomé e aquele esteve á cerca de um mês em Lisboa e foi recebido por Cavaco Silva.
Eu ouço, leio, informo-me mas raramente me dou por convencido, nestes assuntos.
A grande diferença entre nós, humanos, e os restantes animais está na dimensão utilizável do cérebro; este, ao longo dos milénios, tem vindo a crescer, o que resultou numa inteligência superior aos restantes animais.
Perguntei, certo dia, a um importante membro da igreja que diferença biológica existe entre um macaco e um homem? Concordamos que seria a capacidade cerebral. Tornei a perguntar-lhe qual a diferença entre os dois seres a outro nível, que não o biológico? Respondeu-me com a existência de alma no ser humano e a inexistência da mesma no animal.
Isto levou-me a pensar… a pensar que a alma existe com o aparecimento da inteligência a um determinado nível… uma inteligência inferior á nossa, e a alma não tem condições de existir…será isso possível?
Bom, há muitos milhões de anos não tinha-mos a inteligência actual, e nessa linha de pensamento, não tínhamos alma. Na verdade não passávamos de meros macacos.
Com a evolução e o aumento da inteligência criaram-se então condições para a alma aparecer.
Isto far-me-ia acreditar, a ser verdade, que existem vários níveis de alma; a alma de seres inteligentes, mas pouco, as dos seres médiamente inteligentes e assim sucessivamente até chegarmos á alma perfeita, isto é, a alma será equivalente e proporcional á inteligência.
Mas eu tenho sérias dúvidas… e “não vou por aí…”; e se dúvidas tenho, não acredito honestamente, ou tenho fundadas dúvidas, que a alma ‘apareça’ assim… tão-pouco, que a mesma apareça… e perdoem-me os colegas de casa.
Eis o paradoxo do absurdo da vida… a esperança, a crença, a fé. Ter estes saudáveis atributos implica simplesmente sentir como verdadeiro o que não é demonstrável. Será isso possível… talvez… muita gente diz ter aqueles atributos, uns mais alienados que outros, outros sim por firme convicção, outros porque nasceram assim e nada questionam, vão sempre por onde lhes dizem para ir, outros ainda por simples receio.
Mas eu não consigo aceitar… “…se ao que busco saber nenhum de vós responde por que me repetis: vem por aqui!"?
Confesso-me incomodado; esta minha forma de ser incomoda-me. Apetece-me quase sempre simplesmente não ser assim. Acredito que ter fé em Algo é ser o oposto do que na realidade eu sou. Preferia ter nascido sem dúvidas, ou até nem questionar estas temáticas… mas não, assolam-me estas ideias repetidamente, e o facto é que “nunca vou por ali...”.
Faltar-me-á humildade, simplicidade… muito provavelmente… mas se uma réstia de dúvida subsiste, por mais pequena que seja, não posso, em nome da verdade, afirmar isto ou aquilo.
Há já muito tempo que tenho vindo a ‘separar o trigo do joio’… deus da religião; a minha busca centra-se agora no primeiro, o joio é incompatível com o meu cérebro.
Independentemente do conteúdo e da mensagem de paz que as religiões em geral encerram a falta de rigor histórico a par das inúmeras contradições, erros, omissões e adulterações que alguns escritos evidenciam, fizeram com que tecnicamente me considere (a)religioso, agnóstico ou outra qualquer definição similar, busco apenas a causa das coisas, necessito de obter coerência e não tenho encontrado, bem pelo contrário. Não, não adianta dizer que as forças do mal isto ou aquilo… que nos fazem querer… fico absolutamente na mesma… são meras palavras.
Por outro lado não me surpreende a incoerência histórica das religiões, em nada… são constituídas por homens… têm uma administração económica, têm objectivos traçados de evangelização, os cargos são ocupados por pessoas… que naturalmente têm desejos, ambições, nasceram de um ventre de uma mãe, tiveram amigos, tiveram namoricos, gostam disto ou daquilo… é normal.
Desde há algumas centenas de anos que as diversas igrejas têm vindo a melhorar substancialmente, já não assassinam em nome da evangelização, já não acrescentam documentos tidos por divinos… ou inspiração, não, hoje precisam muito mais do que meras palavras. A ciência não perdoa. Mas o medo ainda resulta…
Mas estas organizações religiosas tem um lado muito positivo… e até certa medida indispensável; se é certo que os principais mentores são ou foram de todo exequeráveis, e servem tudo menos O que apregoam, e já o provaram na história, os restantes colaboradores, ou a grande maioria deles, são pessoas bem intencionadas, com objectivos de ajuda ao próximo notáveis. Veja-se os padres, as freiras, os missionários, as misericórdias, alguns profetas, grande parte pessoas boas e honestas, que querem efectivamente, por pura convicção e boa-fé, estabelecer a ajuda ao próximo de acordo com os preceitos morais da sua religião.
Mas eu… nunca dou por certo o que essas instituições dizem; nunca. Tenho o defeito de precisar de muito mais do que palavras.
Defino-me na minha essência como alguém exterior a qualquer religião existente mas partilho os valores morais, de quase todas. Acredito numa força, num movimento racional, amoral, tendente ao equilíbrio físico das coisas. Acredito no tempo, na escala, na relatividade. O inicio dos inícios, não sei… terá sido um deus? Uma força? Nunca iremos saber… não entendemos a abstracção da expressão… infinito.
Vamos eliminando teorias e algumas crenças de outrora, a ciência encarrega-se disso. Vai justificando racionalmente as coisas; começamos a observar que o início de tudo não está aqui na terra… já existia universo antes de nós; chegamos já a convicções de que o inicio das coisas aconteceram há quinze mil milhões de anos… uma explosão primordial que deu origem a este universo. A terra já não é o centro do universo… o sol já não gira á volta da terra… o tempo já não é absoluto… a procura de deus está a colocá-Lo no Seu devido lugar… no infinito… sem inicio… sem fim…
Várias pessoas perguntam… o que é que existia antes deste universo, antes da grande explosão… é um conceito que não se coloca, pois o tempo não existia… e não existindo tempo… não existia ‘antes’. Complicado? Lógico porém.
Nos próximos dias (10 setembro) novas experiências vão ser efectuadas no C.E.R.N.; vão replicar o big bang no acelerador de partículas, a maior maquina do mundo com cerca de 30 km de raio; espera-se esta experiência há 50 anos. Vamos obter daquela experiência novos dados, que permitem conhecer o processo de desenvolvimento pós big bang.
Eu acredito que se temos inteligência, se deus nos deu, ou terá dado, esta capacidade, a mesma servirá O seu melhor propósito se corresponder-mos ás Suas eventuais expectativas… procurar inteligentemente o deus verdadeiro.
Penso várias vezes que havendo um deus, este deverá estar de certa forma desapontado com a humanidade, uma vez que esta, tendo lhe sido dada inteligência, mesmo assim, substituiu-O por outro ou outros, inventado em concílios das mais diversas religiões, em escritos duvidosos… enfim Projectado pelas fraquezas e ambições dos homens.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

'se faltam grelos no mercado… há bons nabos no hemiciclo...'

Sinto-me a gravitar… do camarote ‘vejo claramente visto’ tudo o que se passa em Portugal; estando longe, temos uma visão acerca das coisas mais pragmática, apartidária, menos emotiva… enfim temos que uma visão mais abrangente, global… uma visão cósmica.
Tontas ou não, vistos daqui, os políticos assemelham-se a baratas… não sabem o que querem, muito menos para onde vão; e isso preocupa-me… preocupa-me estar um país dependente de pessoas cuja única e exclusiva preocupação é a manutenção no poder, no mather what. A partidaríte tomou conta da consciência dos nossos políticos… de todos… da esquerda á direita.
Disciplina partidária… é uma obrigação tê-la, para todo e qualquer deputado que quer manter o seu posto de trabalho; e portanto mesmo sendo eleitos, cada um deles, pelo povo, e tendo eles o dever constitucional do voto individual, não o fazem… antes recebem ordens dos seus dirigentes.
Chegou-se ao ponto de os próprios dirigentes dos partidos procederem a chantagens sucessivas para obter o voto de disciplina dos ‘seus’ parlamentares.
Imagino a cena… “ópá, então é assim, amanhã vai a votação no plenário uma lei qualquer sobre uma merda qualquer… e portanto nós discordamos veemente… isso tá seguro… ou é necessário fazer uma oferta a algum… daquelas… que não se pode recusar… é que isto dê por onde der tem que ter o nosso voto contra…” diz o dirigente macaco.
“èpá, ó dr… épá não se preocupe… há ali um que poderia dar alguns problemas… mas o gajo deve-me favores… a filha formou-se e arranjei-lhe… tá a ver… épá um lugar no ministério do chimpanzé… portanto está controlado…” diz o líder pavão. Continuou “ agora… o problema é com os gajos da madeira… sabe como é pá… o berto… não sei… pode já ter dado instruções aos gajos…”.
A luta dos garnizés da politica roça, hoje em dia, a mais pura indecência.
Razão razão, tem o nosso fausto quando canta… “se faltam grelos no mercado… há bons nabos no hemiciclo”.
O tortas e o louças passam a noite toda a pensar na frase mais bombástica para dizer no dia seguinte… se lhes saí uma boa, daquelas que até rimam… mudam a agenda politica e a rima passa a prioridade.
A nelinha, essa, desde que comecei a gravitar, ainda não a vi… em lado nenhum… mas pelo estilo, aquilo não vai lá das pernas… falta-lhe qualquer coisa no meio.
E depois o nosso middle age man, com tendências para o show of, qual manequim na passerelle… dalí só consigo enxergar perplexidade.
As primeiras visitas de estado que efectuou são esclarecedoras... 'terras ardentes', china, venezuela... podia dar-se com lideres democraticamente eleitos também... mas não, são tendências... aposto que o próximo é o irão.
Rio-me quando ele fala… não é fácil uma pessoa, olhar nos olhos de outra, dizer que a ama, e pensar noutra… mérito a quem o tem.
“portugueses… eu amo-vos… mas desde catraio que me dizem que quanto mais te bato mais gosto de mim… por isso tomei a decisão… em nome do amor que vos tenho… mas também porque sou um bocado traquinas… de vos fazer sofrer… digamos… mais do que todos os outros países europeus… olhem que ainda não cheguei ao nível de sofrimento duma venezuela...” diz o nosso one show man.
“contudo esse sofrimento, deverá ser partilhado pela família… por isso e para garantir isso… tomai lá desemprego para todos, retire-se subsídios… penhore-se tudo do desempregado… aumente-se os impostos até á medula… abata-se a frota pesqueira… mande-se a agricultores protestar para Bruxelas… os professores que se amanhem lá com os titulares ou caral… e aumentos para esses grandes f… nem pensar… os gajos hão-de apreender que quem se mete comigo… leva.”… ah e parece-me que isto de ter filhos perto de casa não se admite… muito menos ter assistência urgente durante a noite… isto não é a republica das bananas… agora se os miúdos quiserem fazer uns jogos de computador… épá eu dou-lhes a massa para os gajos comprarem o ‘resident evil 4’ ou aquele que eu gosto tanto… o… ‘ceasar 5’’. Porreiro pá !!!
Assisto do camarote e gravito, vejo um país, onde todos dias existe um crime violento, com raptos, tiroteios, gangs… enfim.
O sr. eng. transformou o povo português em zombies, tal e qual o jogo 'resident evil 4' de que ele gosta tanto... e todo o zombie tem que ser abatido... se não vai á bala... á fome também dá.
Mas não haverá alguém em portugal com a vacina para o ´T-Virus'... porra.
O meu motorista agora pergunta-me “doutô Portugal é um país muito violento não é?” pois… a julgar pelas notícias...
O desânimo nas pessoas é geral… é impossível sobreviver na pátria lusa para a classe média baixa… completamente impossível, muito difícil para a classe media… algo difícil para a média alta. Dos outros não se fala… uns são tão pobres… que roça a indignidade humana… outros são tão ricos que a crise é um ciclo temporário de apenas menor rendibilidade dos seus activos.
Em portugal quem ganhou dinheiro no passado, ganhou... quem não ganhou, que tivesse ganho...
Mas temos sempre uma solução em democracia... ensaiar a lucidez... votar em branco...

Parabens zé...

O zé, assim conhecido, é o terceiro mais velho dos meus já doze sobrinhos e uma sobri-neta.
É um rapaz muito especial para mim... tem qualquer coisa no seu caracter que me faz lembrar muita gente de quem eu gosto; e depois acumula também as funções de afilhado... o que para mim foi uma grande honra.
Sendo eu, então, padrinho do zé, e a propósito dessa responsabilidade... diria que o mesmo está no lote muito restrito de pessoas, talvez umas quatro ou cinco, nas quais eu confiaria a responsabilidade da guarda dos 'my precious ones'; pode até não parecer nada de especial, mas vendo bem, vejo este meu sobri-afilhado como uma pessoa de total confiança.
Tem um caracter forte e bem vincado, forte do pai, vincado do avô... Faz-me lembrar o pai dele na boa arte de negociar (com os mexicanos), o meu próprio pai no feitio e a minha irmã no equilibrio da decisão final.
Do meu pai herdou talvez uma caracteristica que o deve marcar para todo sempre, a capacidade de sendo o mais preocupado de todos com o bem estar de quem realmente gosta, demonstrar, aparentemente, o contrário... ás vezes até de forma hostil... mas no final, pessoas como eles são aquelas, em que de todo, eu confio, porque foram sempre aquelas que na altura própria estavam lá... no mather what.
Tive conhecimento que agora pratíca golfe... abandonou o motociclismo de competição por lesão... mas era giro, um dia, experimentar fazer uns treinos no complexo de golfe de luanda... digo eu.
Profissionalmente, acabou agora o curso de gestão de empresas... pelo que conheço do seu perfil, o zé, é a pessoa ideal para o patrão que quer simultaneamente aumentar para o dobro as vendas, manter a mesma estrutura e reduzir para metade as despesas gerais. O seu lado de bom negociante a par da tendência que têm para ser um tanto ao quanto judeu, habilitam-no para aquele desiderato.
Deixo apenas uma breve sugestão... se o aniversariante tiver oportunidade e vontade talvez não fosse má ideia, enquanto tudo pode, e na actual conjuntura, de experimentar uma aventura profissional no 'grande' país e centro financeiro dubai... talvez lá nos encontremos... quem sabe.
Biba o bitória... e o ZÉ especialmente.



quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Já fui ao brasil, alemanha ... moçambique

 

Já fui ao brasil, alemanha, moçambique, inglaterra e espanha... ái fui até á madeira, setubal e viseu... fui até ao porto, lisboa, braga, barcelos, vila do conde, queluz, fafe, esposende, aveiro, joane, odivelas, almada, maia... também fui até á figueira da foz, gaia, gondomar, povoa do varzim, guimaraes, rio tinto, peniche, anadia, feira, carnaxide, perafita, são joão, bobadela, vilar de andorinho, queijas, angola.

Pronto a minha palavra já viajou por estes locais todos... é melhor começar a ter algum 'tento' na lingua... estou a pensar aprender mandarim...

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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

… quero ver terras de espanha, as praias de PORTUGAL…

‘ladies and gentlemen i’ve got it… ‘
Dia binte e ssinco imbarco, consegui biléte na nau catrineta… passou mais de mês e dia, que ia na volta do mar… quase enxergo três amores… quem mais dera abraçar…
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                                  Nau Catrineta
Sobe, sobe catrineta, acima a nuvem real… quero ver terras de espanha, as praias de PORTUGAL!
(já não há duvidas quanto á autoria da “nau catrineta”, cá ‘pra’ mim esta é a versão verdadeira) by ricciardi vicent du garret.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

quando são mulheres… é o diabo

Isto ‘num’ pára… o pessoal da empresa assola-me com pedidos variados… nem sei bem porque vem todos ter comigo, ao que julgo saber não tenho o pelouro do pessoal ou recursos humanos… mas pronto é porque é assim... toma lá; costumam também deixar ‘bilétes’ na minha secretária… um dia vou publicar alguns, são dignos de serem vistos.
Os temas tem sempre a ver com a mesmas coisas…funeral na sexta… casamento no sábado com cabeleireiro na sexta… dentista na sexta… mudança de casa na sexta.
“ok… vai lá ao dentista arrancar o dente… mas de tarde vem cá porque precisava que fosses…” eu disse; “doutô… di tardi… num dá, tem qui discansá depois do dentista…” ele argumentou; mas claro… que ideia a minha, onde é que estava com a cabeça.
“sinhor doutô… quando fui para avisare já tinha saído… mais uma vez tenho que ir ao funeral do meu cunhado… desculpe mais uma vez” dizia um bilhete. Não me contive, tive que soltar uma gargalhada monumental… já era a segunda vez que ia ao funeral do cunhado… mas ok eu percebi a ideia… adoro estas coisas.
Coloquei uma observação no bilhete mas não tive coragem de o reentregar, que dizia “á terceira… será de vez? da próxima vez que o seu cunhado falecer… avise-me com uma semana de antecedência, a empresa gostava de enviar umas flores, ok?”
Depois são as férias… vem todos pedir ‘autorização para gozo de férias’ das que estão por gozar… depois de aprovar tudo quanto me põem á frente para aquele efeito… vêm mais tarde negociar as mesmas. “doutô á fulana quer negociar…” dizem. “negociar??? o que me quer vender?... ” pergunto eu com um ar imbecil. “hã doutõ… o doutõ tem qui ajudá o péssoá… é prá negociar ás féria… trocá por dinhéro…” dizem-me. “… é suposto haver algum leilão?” pensei.
Isto parece fácil, mas não é; vejamos… eu não sei se posso autorizar férias a cada uma das pessoas… desconheço ainda as suas funções, não sei sequer a importância de cada uma no funcionamento da empresa, portanto não tenho remédio leva tudo pela mesma bitóla… “bom… primeiro quero que o chefe de cada departamento escreva um comentário ao pedido de férias de cada elemento… e só depois analisarei a questão”.
Na realidade tiro constantemente a água do meu capote… não tem outro jeito, manos.
Mas é aí que começam na realidade os problemas laborais, a intriga, a inveja, a maldicência… uns para com os outros… enfim. Vêm fazer queixa deste e daquela e daquele.
Tenho sido algo duro nestas questões… já não vem aqui por dá cá aquela palha.
Gerir pessoas numa empresa, não raras vezes se assemelha a entrar num galinheiro e tentar apaziguar a bicharada… o barulho, todos a falar ao mesmo tempo, os conflitos de interesses… á que ter uma postura firme, sem vacilar, responsabilizar cada um, e não deixar falar ninguém… se fala um, está tudo fo… e depois quando são mulheres… é o diabo. Felizmente respeitam-me… até ver... ter algumas brancas no cabelo até tem algumas vantagens.
O patrão sim, esse é que foi fino, paga-me para eu os aturar; o preto que resolva…
Na verdade não me custa muito… até gosto de ver certas e determinadas situações.
Mas agora, depois de perceber a coisada toda, escalonar o pessoal e tal, vêm-me com a história de negociar… eu sei lá se é costume ou não, se o patrão quereria… não sei, deixam-me a mim decidir estes pincéis... quer dizer.
Portanto negoceio tudo… mas fui avisando as galinhas que ‘sextas-feiras santas’ tem que reduzir… só me sento á mesa de negociações com quem tem cumprido com o seu trabalho…
Na verdade o galinheiro gosta de mim, porque a primeira medida que tomei foi inscrever toda gente na segurança social… e isso foi apreciado… soube depois que era uma luta antiga… o pior é se não era suposto fazê-lo… mas, tou nem aí. E depois anulei alguns procedimentos bancários que estavam a fazer engordar os bancos em detrimento do pessoal... e isso caiu bem no estado de alma daquela gente... o pior é que agora querem subsidios para isto para aquilo; empurrei essa questão para o final do ano... após avaliação do desempenho... safei-me.
“doutô… préciso di falar… o salário é baixo… eu desempenh funções de relaçoes públicas, andu nus banco, é muita risponsabilidadi… tem qui vê o sálário” disse o motorista chefe da empresa. Parece-me que nunca ninguém tratou desta gente, isto andou abandonado durante alguns anos, e agora passam a palavra uns aos outros acerca da minha pessoa e é o que se vê… ando a pensar mandar fazer uma porta nas traseiras… e seguranças á entrada...
Nunca pensei que tivesse tanta paciência como aquela que tenho tido… estou estupefacto comigo próprio… muita calma, no stress… estou inclusivamente a pensar pedir-me um aumento a mim próprio…
Em todo caso pelo andar da carruagem acho que vou precisar de um assistente para me ir dizendo os costumes, habitos desta gente... e fazer o trabalho de gestão do pessoal... caso contrário fico sem tempo para... pensar nas finanças.
O meu grande pai, na sua particular sabedoria, dizia que o sinal exterior de um bom administrador era ter a secretária vazia, sem papeis... e sem nada que fazer... e na verdade sabia bem o que dizia... é suposto saber delegar, com prudência, todas as funções em terceiros e proceder apenas ao seu controle geral; desta forma temos tempo para pensar no que é verdadeiramente importante sem nos perdermos com merdas.
Ainda não cheguei aí... mas estou a tratar de o conseguir... tenho primeiro de confiar em quem delego.
Mas o que me apetece mesmo é ir para o mar… pescar, ver, observar, ir á ilha mussulo, ás cascatas, ao parque natural, ao huambo, lobito.
Estou a pensar mandar vir o meu iate, o fuzileiro 'marixór', leva sete pessoas e é o ideal para estas águas… penso eu de que. O co-proprietário do iate, o 'sôr arquiteito da cambra', está de acordo e também quer vir cá ‘botá-lo’ na água, beber umas 'cirbias', comer umas lagostinhas, e dançar o kizomba; podia aproveitar e trazer o 'de carvalho'. Cá os espero… entretanto vou tratar de obter a carta de marinheiro… se é que existe tal coisa.
A viagem á praia de Sangano foi fantástica, a paisagem é mais próximo da ideia que tinha de África; senti pela primeira vez a dimensão das coisas… e é algo que não se traduz pela escrita… apenas se pode sentir… o horizonte que não acaba, a escala das coisas, o enquadramento, a vegetação…
Á medida que ia descendo rumo a sul, a paisagem transformava-se… nada tem a ver com Luanda, absolutamente nada. Passei o miradouro da lua, local fantástico, com uma atmosfera mítica, lunar, subaquática, marciana…eu sei lá, nunca estive num local que congrega-se tudo aquilo… é de facto especial…
Deu-me a ideia que á medida que ia descendo rumo a sul tudo ia melhorando em aspecto, natureza… “pára meu… a máquina… macacos” disse eu. Parei junto a um bosque logo a seguir á ponte sobre o rio kuanza… montes de macacos nas arvores a saltar.”não saias pá… ainda…” ; saí logo do carro, fui direitinho para debaixo da árvore dos macacos; eram uns vinte; saltaram todos para outra árvore por cima de mim, aos saltos, galho a galho; tive uma sensação agradável, uma sensação que só temos quando somos crianças… já nem me lembrava … apetecia-me ir atrás deles… “boa porra a maquina está sem bateria… vai mesmo com telemóvel”;
Vi o que poderia ser o mais próximo da selva… vegetação abundante, macacos… mas receava as cobras… por isso não me aventurei muito; se tivesse umas botas ainda entrava na minha selva. O pior é a minha 'jane'... as saudades... gostava de poder partilhar estas coisas.
Por mim ficava ali mais tempo… mas o dia aqui acaba cedo… da próxima vez vou levar bananas para ver se os macacos vem ter comigo.
Chegamos ao quilómetro cem para sul; Sangano… praia lindíssima, pouca vegetação, mas linda; a miudagem é muito fixe, ao contrário do que se passa em Luanda, todos querem ser fotografados; um país com pessoas tão diferentes…
Em Luanda as pessoas levam a mal se as fotografo… não querem… resmungam… não se pode fotografar nada; edifícios públicos é proibido, as pessoas, não gostam… é uma gente esquisita… um policia mandou-me parar porque eu fotografei dentro do carro a rua comercial; “diz aí ao mano para não tirar fotografias…” disse o sr. agente ao meu motorista. Eu ao lado disfarçava… eeu a tirar fotos… que ideia…
Outro dia estava a observar um policia sinaleiro que me chamou a atenção… era absolutamente fantástico… vim a saber que ganhou uma série de prémios. O tipo está no meio da estrada em cima de um estrado, com luvas brancas. Os gestos que faz são deliciosos, parece que está num filme oriental, de artes marciais… em camera lenta gesticula como se estivesse a praticar yoga, kung fu; quase fica deitado na horizontal suspenso no ar, a mandar vir os da esquerda, com uma mão lá em cima revirada a gesticular; de repente parece-se com um perdigueiro a apontar os que vem de frente, numa mistura de artes marciais, com dança kizomba, dança do ventre, perdigueiro; bom mas estava lá a observar o tipo há uns bons dois minutos, deliciado, nem reparei que estava em frente do ministério do interior… “ó amigo… siga toca a andar…” disse um guarda de metralhadora na mão; não falou muito, mas o gesto… fez-me desaparecer como um ninja…
Mas pronto são assim… outro dia numa rotunda fotografei dentro do carro umas vendedoras de fruta… ficaram aos berros, a protestar. Fiz a rotunda outra vez… e tirei mais uma foto… caiu o carmo e a trindade. Mas como sou um tipo um tanto ao quanto nojento tornei a fazer a rotunda, parei a uns dez metros… e tirei outra fotografia. Abri o vidro… ri-me… cumprimentei as donzelas… devem ter achado estranho… não esperavam a ousadia, o facto é que todas se riram…
A viagem de regresso é que foi uma verdadeira odisseia... mas se estou a escrever é porque sobrevivi... no problem.
Tive a brilhante ideia de regressar por outro caminho vindo de luanda sul... disseram-me que haveria uma estrada que ia até muito perto do aeroporto... e portanto "mr.ivan conheço uma estrada do melhor... direitinha até casa..." disse eu com ar entendido.
Apesar do imenso transito a coisa rolou até um cruzamento em obras... tive a impressão, a julgar pelos meus calculos astronómicos, que o mar era para o lado da lua, consequentemente virei á esquerda. Era já noite cerrada... mas eu continuava confiante na avaliação posicional do calhau celeste... lembrei-me várias vezes dos marinheiros portugueses, da forma de navegar... os astros, as estrelas... e pronto fiquei convencido que na realidade sou português, mas marinheiro nem por isso... pertenço áquela estirpe de tugas marinheiros que se perdeu e de cuja vida não reza a historia...
Estavamos completamente perdidos... mas o pior era o ambiente das ruas. Nunca vi nada assim... o ivan estava com aspecto de quem se estava a despedir mentalmente do mundo; deu-me para cantar o tema dos pink floyd "goodbye cruel world...", o ivan queria que desse a volta.
Em boa verdade não podia dar a volta... passamos pelo miolo de um conglomerado infindável de casebres, estrada em terra com buracos do tamanho do jipe, e depois dar a volta dá muito nas vistas.
Disse ao ivan para baixar as palas... para não verem dois branquelas ou 'pulas' alí sozinhos... mas a estrada estava a desembocar numa outra ainda mais pequena... não sabiamos se tinha fim ou não... iamos assim tipo desconfiados.
O ivan não queria perguntar a ninguém o caminho... tinha receio. Persuadi-o a perguntar só a raparigas... ficava mal se não o fizesse... e eu já sabia, este tipo de coisas resulta nos homens; é aquela cena do macho não tem medo de rapariga e tal... e assim fez algumas ignoravam mas outras lá foram indicando o caminho.
A dimensão daquilo era assustador... tenebroso; mas em boa verdade devo estar completamente inconsciênte, ou então já terei visto daquilo em filmes e habituei-me; não senti, apesar da envolvente, grande grande medo; mas ando surpreso comigo, confesso. Aquilo era para ter horror... não conheço nada que já tivesse visto que se assemelhe, por isso nem estabelecer uma comparação posso; talvez o filme madmax.
E pronto fomos aparecer a meio da estrada que vem de viana para luanda... essa sim já conheciamos... um pesadelo de outrora... uma estrada amiga do presente.
O ivan até já cantava... então quando viu a estatua do agostinho neto... já abria a janela...bem estava na segurança absoluta da cidade de luanda.

domingo, 3 de agosto de 2008

Destino... Praia de Sangano

Miradouro da Lua
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  Macaco
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Sangano
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Os meus Amigos
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Imbondeiro
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sábado, 2 de agosto de 2008

Mais de Luanda...

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

escuta... escuta que ouvirás...

01 de Agosto de 1992, acordei com o sol, a palmo e meio de distancia de ti.
Aquele dia poderia ser igual a um outro dia qualquer, que se repete ano após ano... mas não, aquele dia especifico, há dezaseis anos, significava muito mais que um mero dia... não era um qualquer dia... aquele, era o mais importante dia da minha vida.
HPIM0076
Hoje acordei com o sol, a um oceano de distância de ti.
Recordo tudo o que passamos ao longo deste tempo; nada lamento...  o futuro? não sei... a deus pertence... resigno-me ao presente... de longe estarei sempre perto... de ti... com o vento; por isso escuta... escuta que ouvirás... quando o vento passar em portugal, levará consigo o que eu te disse em luanda... quando ele soprar no teu ouvido, escutarás junto ao vento... 'eu amo-te'.