A palavra ‘normal’ significa tudo aquilo que é “conforme à norma ou à regra comum;que serve de regra, de modelo;exemplar;habitual;ordinário;” assim define o dicionário.
Portanto… partindo daquela definição, devemos estabelecer que todo tipo de comportamentos que fujam à regra comum, à maioria, ao habitual, não é normal por representar uma porção diminuta de uma sociedade especifica… de um país… de uma cultura.
Não quer isto dizer que o que foge à normalidade seja algo não natural… as minorias sociais existem ‘naturalmente’… são produto da natureza… e das sociedades…
De certa forma é também ser-se ‘normal’ contrariar a aprovação do casamento entre pessoas de mesmo sexo… no fundo, está-se a defender que o Estado não se meta (mais) na vida dos cidadãos, que não se intrometa (mais) numa instituição criada por nós muito antes do Estado andar por cá.
Queira-se ou não, foi com base no casamento e nas famílias que as sociedades se criaram, cresceram e lutam por se manter vivas. É legítimo que a sociedade queira preservar estes dois pilares da sua (auto-)sustentação.
Ninguém nega que, ao longo dos tempos, o conceito de casamento, principalmente o civil, foi evoluindo… foi a evolução que permitiu, por exemplo, pessoas de diferentes raças casarem-se e a mulher deixar de ter um papel subalterno.
Há quem veja agora uma evolução no facto de se estender o casamento a duas pessoas do mesmo sexo e até a mais que duas pessoas ao mesmo tempo.
Mas é legítimo que boa parte da sociedade veja nessa suposta evolução uma ameaça. Por tal, exige-se da primeira argumentos suficientemente fortes para haver uma alteração legislativa.
Deixe-mo-nos de complexos jurídico-constitucionais… duas pessoas do mesmo sexo que querem casar são homossexuais.
Mas… o casamento não é o único caminho para constituir família, pois existem as uniões de facto… e a lei das uniões de facto pode ser alterada e aperfeiçoada…
A vontade de aprovar o casamento de pessoas do mesmo sexo surge apenas como uma forma de os homossexuais verem reconhecida e dignificada a sua identidade ao estatuto de ‘normal’ quando na realidade o não é… literalmente falando, claro está.
Mas o que esta proposta faz é precisamente o contrário. Reconhecer e dignificar uma identidade é aceitá-la como ela é, com as suas especificidades, com as suas semelhanças e as suas diferenças… não sendo ‘normal’, é natural… e ao mesmo tempo não persegui-la ou discriminá-la.
Forçar, pela via legislativa, uma igualdade que não existe é desprestigiar quem deveria ter orgulho na diferença…
Nada tenho contra ou a favor da homosexualidade… cada um que faça o que a natureza o impele a fazer… no entanto, vivemos numa sociedade cuja normalidade cultural configura um casamento entre pessoas de sexos opostos.
Não estou, pois, nada convencido e satisfeito, que se possa em nome de alegadas igualdades fazer equivaler todas as correntes, todas as tendências, na instituição histórico-cultural do ‘casamento’.
Se assim for… a formação de lobbys obrigará o estado a acolher na lei do casamento todo tipo de tendências sexuais… e são tantas…
Não podemos, em nome da tão praguejada norma constitucional… não discriminação da pessoa devido à sua orientação sexual… aceitar que as tendências sexuais marginais à normalidade, embora possam ser naturais, sejam integradas numa instituição milenar como é o ‘casamento’ na sociedade em que vivemos.
Sabemos que existem variadissímos casos de pessoas por esse mundo fora, que quiseram casar com o seu animal de estimação… pessoas há que pretendem casar com mortos… outros em consanguinidade de 1º grau… outros ainda a pretender casar com várias pessoas ao mesmo tempo… entre várias outras pessoas por esse mundo com tendências sexuais diferentes, umas mais naturais do que outras… em todo caso claramente fora da normalidade… cultural.
2 comentários:
O conceito de normalidade é muito vasto e nada simples de explicar! Eu não sou a favor de casamento homossexual ou heterossexual, não acredito nesse acto cultural... o casamento deve ser mais emocional que cultural, mas isto sou eu que digo :)
Bom ameixa... parti primeiro do pressuposto que para haver casamento fosse imperioso haver ligação emocional ou amor... seja ele a que nível for, hetero, homo, etc e tal... o casamento será pois apenas um acto cultural, tradicional e reconhecido pela sociedade... dentro de normas que esta estabeleceu.
É no fundo um pacto que foi evoluindo ao longo do tempo, mas que visa assegurar estabilidade a uma familia, quer a nível legal, quer ao nível de comportamentos de cada elemento do casal... por isso se faz um juramento de fidelidade e respeito.
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