domingo, 13 de julho de 2008

Ao sétimo dia Deus separou o dia das trevas ...

A primeira semana na selva passou; ao sétimo dia Deus separou o dia das trevas e fez a noite de sexta-feira em Luanda, noite do homem; nessa noite a mulher ainda não foi criada; o homem exibe todas as suas costelas; sai sozinho com os amigos.

"Como é que é, bora lá ao Clube Náutico jantar?", disse o Ivan em tom marcadamente mou.. lisboeta. Apeteceu-me dizer-lhe "bámos meu carágo" mas não, contive-me.

Veio-nos buscar o Hugo, engenheiro da petrolífera Total, que está cá há um ano; simpático e agradável, boa gente; responsável por analisar e fazer estudos geológicos com vista a estimar o conteúdo dos terrenos e plataformas em termos de quantidade de "oilinho" que poderá conter cada exploração e respectiva qualidade do mesmo. Fiquei a saber mais qualquer coisa acerca da prospecção petrolífera; pode ser útil um dia.

O clube náutico fica na Ilha de Luanda logo á entrada; clube simpático, ambiente um pouco europeizado, esplanadas com vistas sobre a cidade de Luanda, muitos barcos e iates; Visto dali Luanda até parece, digamos, o que na realidade não é; mente aberta e imagina-se uma cidade potente, próspera e moderna escondida sobre a ilusão da noite. Vista dali parece Manhantan; talvez um dia …

Apareceu lá o Reis e proporcionou-se um jantar agradável; “superbock ou cristal?” disse o empregado; “pode ser uma Cuca, em Roma sê romano” eu disse. “o sinhor é di Roma” perguntou curioso o empregado; “não, é um ditado e tal …” forget it “uma Cuca se faz favor”.

Uma coisa que realmente aprecio nestes restaurantes é o sabor dos molhos; fico com a impressão que comeria solas com molho angolano; O empregado foi trazendo “cucas”, “pica paus” , “lagostins grelhados”, enfim tudo a que tínhamos direito. Perspectivamos umas viagens até África do Sul e Moçambique, outras até às cascatas do Malange.

“Amanhã vou experimentar o meu barco novo, vamos até á ilha de Mussulo?” perguntou o Hugo.

Para lá chegar vê-se mais do mesmo, continuamente miséria, sujidade, buracos, degradação total; uma coisa Luanda tem de invulgar, não há lugar onde aqueles adjectivos não tenham lugar. A melhor zona de Luanda, Miramar, a zona das zonas, the very best, onde estão a embaixada dos estados unidos entre outras, é distintamente melhor, tipo a diferença entre um cão com pulgas e outro com carraças. Eu estou no bairro azul, dizem ser uma zona habitada por generais e deputados; esta zona é uma espécie de cão com pulgas mas podem-se contar umas carracitas. Quanto menos carraças melhor é a zona. O que é que se pode fazer, não há melhor.

Passamos pela zona de Benfica, e pela primeira vez não fiquei surpreendido; a julgar pelo nome, já não esperava grande coisa; confirmou-se, é ainda pior que o clube que lhe dá nome.

O Hugo tem o barco numa marina particular da petrolífera francesa; “é de graça” ele disse.

A julgar pela quantidade de lanchas a Total tem mais de 400 pessoas a trabalhar em Luanda.

A lancha nova que o Hugo ia experimentar era na realidade uma lancha usada que ele ia experimentar, oitenta cavalinhos; confesso que averiguei para ver se tinha remos, não fosse a coisa dar de si, a julgar pela idade … enfim; “ah lá estão eles.. agora sim bóra lá” pensei.

Apesar de usada a lancha voava; muito fina para a idade. A viagem durava cerca de 20 minutos. Logo se começou a ver a ilha de mussulo; aquela ilha tem cerca de 30km de extensão; é realmente muito bonita, um mundo á parte; desembarcamos num dos muitos bares que a ilha tem, de nome “bar ssulo”; atracamos a lancha a uns 10 metros da praia; improvisámos uma ancora e mergulhamos até á costa.


Fomos recebidos por um bando de miúdas entre os 10 e os 16 aninhos todas vestidas no rigor africano, muitas cores, muitos padrões, a vender roupa semelhante; coisas bonitas; o Ivan comprou umas coisas; quanto a mim fiquei a ver como o negócio se processava; e é o costume regateando a coisa vai para metade.

Bom, a ilha é fantástica, mas a lagosta que comemos … bem tivemos que repetir. Como cá é inverno o Angolano tem frio e portanto não vai á praia. Os Tugas, esses, estavam lá em peso; qual frio; 28º de temperatura, sem vento é excelente para qualquer Tuga, mesmo para aqueles que não conhecem as praias do norte; para esses, nos quais eu me incluo, basta pensar nas nortadas em esposende ou vila do conde.

Á noite churrascada na casa do Hugo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Gostei muito das fotos da ilha. Só foi pena não te ver a ti. Mas vi as tuas sapatilhas!!! O que já foi um sinal. Nestes tempos tão difíceis qualquer coisa serve.

email disse...

Tirar a fotografia e aparecer nela própria exigia muito de mim; ainda não tenho esse dom; quem sabe um dia ...

BibaRita disse...

esse barzinho tem mt bom aspecto afinal nem td é mau por ai Tio!

Anónimo disse...

Primão, já estou cheio de invejas tuas...estás a passar por uma experiência muito interessante!
Vê se me arranjas qualquer coisa aí!