sexta-feira, 18 de julho de 2008

...Ele não é bom nem mau, é simplesmente inteligente.

Confesso que não fico indiferente á miséria que se vê por todo lado; Angola até não será dos paises piores nesta matéria, no entanto incomoda-me o sofrimento que todos dias vejo estampado nos rostos de muitas pessoas de Angola; isso faz-me pensar. Faz-me pensar que somos simplesmente e apenas aquilo, que nos foi permitido ser; nada mais.

Sou daquela espécie exótica de pessoas que acredita que as coisas são o que são porque uma sucessão de eventos determinou esse caminho, essa trajectória, e não por mero acaso ou nossa escolha.

Temos a ilusão que alteramos o rumo das coisas, puro engano, as coisas não são alteráveis com a nossa intervenção, embora assim pareça quando tomamos uma decisão. Somos aquilo que um complexo sistema gerou com todas as suas variáveis.

Quando escolhemos um caminho, julgamos ter o poder de decidir; no entanto a decisão está condicionada por um sem número de variáveis; ela (a decisão) na realidade não surgiu de nós independentemente de tudo; não, ela surgiu na dependência de tudo que nos rodeia e que nos rodeou desde de que nascemos.

Só enquadrado dentro desta perspectiva, compreendo porque existe sofrimento gratuito e desgraças permitidas; só assim compreendo porque existem milhões de crianças, bébés, a morrer, de fome, de doenças evitáveis ou abusadas ou escravizadas se elas nada fizeram ou escolheram. 

                       


Só assim compreendo, que Deus não tenha alternativa e permita tais desgraças; Deus não pode de facto intervir, não tem outra opção. Ele não é bom nem mau, é simplesmente inteligente. Traçou inicialmente um rumo cujo final depende do seu linear e previsto respeito pelo caderno de encargos; e assim, cíclicamente se vão perpetuando as coisas.

                      

Apercebi-me, aqui em angola, mas também no darfur, na somália, no quénia, em moçambique, que existem pessoas que também sonham, que também pedem, que também rezam pelos seus filhos. No entanto de uma coisa temos a certeza, 60% das crianças daqueles países morrerão antes de atingirem os cinco anos de idade, independentemente de rezarem, pedirem ou sonharem. Por que raio haveria Deus de olhar pelos europeus, pelos norte americanos, atender ás suas súplicas e rejeitar as mesmas dos paises mais pobres?

                       


Deus não é concerteza racista; tão-pouco se importará da forma de rezar, ou do credo adoptado; não, Deus não pode definitivamente intervir, tudo faz parte de um sistema cujo final desconhecemos, mas que Ele conhece; tudo está previsto, tudo está determinado, nada pode ser mudado do seu projecto inicial, nem aditado, nem subtraído ao caderno de encargos.

Resta-me pois a esperança de que nesse traçado inicial, na elaboração do livro da vida, tenha sido escrito um capitulo que contemple uma melhoria para o sofrimento destas gentes e destes povos.

“…é preciso que tudo isto aconteça para se cumprir o que está escrito”.

5 comentários:

Anónimo disse...

Paizinho tenho muitas saudaes tuas o Mário também está cheio de saudaes tuas manda mais fotografias de mim ,ti,da mãe e do Marocas.

Anónimo disse...

meu querido filho surpreendeu me a forma filosofica como ves a existencia humana pensa em escrever um livro sobre esse assunto mas deus deve ter algo compensatorio para quem sofre e se calhar eles nao tem a mesma dimensao de sofrimentoque tu tens ...
hoje vou jantar fora com os teus queridos beijos

BibaRita disse...

GRANDES PALAVRAS

Anónimo disse...

Deus é Algo inteligentemente BOM, tenho essa convicção e Tu és um Filho dele porque te preocupas e ficas sensibilizado com o sofrimento do seu Legado. O que é certo é que existe Algo antagónico que é inteligentemente Mau e nós, na Terra estamos permanentemente sobre o seu domínio.As forças do Mal podem muito, embora nós, não acreditemos ou não queiramos acreditar nelas.
Será Deus o causador de todas as desgraças do mundo?
Eu não acredito e sei que também não acredita assim como no fundo, num dos recantos da sua alma acredita muito mais na bondade de Deus do que propriamente na sua inteligência ou não tivesse "a esperança de que nesse traçado inicial, na elaboração do livro da vida, tenha sido escrito um capitulo que contemple uma melhoria para o sofrimento destas gentes e destes povos".

Você tem a esperança, eu tenho a certeza!

Diana

Anónimo disse...

Adoro o teu diário!Simplesmente fantástico!Não me surpreende a tua sensibilidade e inteligência, isso nao!Mas a palavra...me encanta, mano querido!