domingo, 29 de novembro de 2009

fónix pá, isso é que eu quero…

Foi desta…
A ‘Ilha de Mussulo’ na realidade não é uma ilha… ou melhor, é uma ilha, mas não é… é uma espécie de ilha que, dependendo dos humores da lua e das marés, se transforma num península em certas e determinadas horas do dia.
Littlejohn and my self,  pelas 7:30h da manhã, traçamos um plano… atravessar a língua que liga à ilha que não é ilha de Mussulo. Uns trinta km depois de Luanda, rumo a sul, paramos para abastecer o nosso cavalo preto… aproveitamos para comprar barras de gelo num dos imensos barracos que por ali proliferam… disseram-nos que a casa pertencia a chineses; não estava lá ninguém…
‘ó xau xau lii… está alguém por aqui?’ eu berrei
Apareceu uma rapariga com aspecto oriental… que se dispôs a trazer umas barras grandes de gelo a troco de 250 kwanzas.
‘ és chinesa rapariga?’ eu perguntei enquanto metia-mos o gelo na geladeira.
‘não, sou vietnamita, do Vietname sabe?’ ela respondeu simpaticamente.
‘ o que é que faz aqui uma rapariga do Vietname?’ pensei
‘chefi chefi dá gasosa’ uns miúdos angolanos pediam
Na verdade, eles queriam era gasosa de verdade… tinham visto umas latas de refrigerantes na nossa geladeira; dê-mo-lhes uma coca-cola.
‘ahh os angolanos são assim mesmo’ a vietnamita dizia com ar de quem já os conhece bem e há muito tempo.
A rapariga era de baixa estatura, tinha as sobrancelhas pintadas de preto, magra e com feições exóticas… a julgar pelo sorriso constante na cara, pareceu contente de falar connosco, pareceu-me, ou melhor senti, que talvez ela não gostasse nada de estar ali… tomava conta de um barraco onde vendia gelo e ao mesmo tempo era um cyberponto, com muitos monitores de computadores… coisas de africa.
Uns cinco km mais à frente… a entrada para a língua que dá acesso à ilha de Mussulo; o caminho é todo em terra… e areia, muita areia…
 

Passamos por algumas aldeias e por inúmeros caminhos… do lado direito, mesmo ao lado do caminho podíamos ver o mar e mais ao fundo terra… do lado esquerdo areia, praias e mais mar… um oceano sem horizonte… no meio de um mar e outro, muitos coqueiros, palmeiras, e diversos tipos de arvores tropicais…
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Com alguma facilidade, subi até ao topo de um coqueiro da forma tradicional de o fazer… à macaco… o João apanhou-me já a descer…
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Sentia-mos que à medida que íamos avançando, o terreno ficava mais mole, com muito mais areia… o jipe já gania… aos saltos e afundanços, acabamos por ficar atolados no meio da areia… umas tentativas para a frente, outras para trás, uns paus, umas folhas nos rodados… e acabamos por sair.
Ao fim de cerca de 15 km pela ilha adentro, resolvemos não arriscar mais… a coisa começava a ser verdadeiramente imprópria para jipes modestos… apesar da mestria do condutor e das dicas do co-piloto, resolvemos voltar e rumar até outras paragens.
Mas gostei do ambiente e das praias e da vegetação…
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Cana de pesca na mala, resolvemos ir até uma praia enorme… as palmeirinhas, a uns 10 km depois de Mussulo; essa praia estende-se por dezenas de quilómetros, até ao miradouro da lua…
O dia estava escaldante…. e o mar  naquela praia estava bravo, demasiado arriscado para tomar banho…
Decidimos andar mais uns 40 km e ir até à baia de Sangano… e por lá ficamos a tarde a pescar e refrescar naquele mar lindo…
‘posso livá vocês ná mia chata… uichii… aí com a tua cána vai pescá muito’ disse um pescador e morador de sangano e continuou ‘tem muito peixe lá mais ao largu… raia, pargo, até moreia… tem pargo do meu tamanho’ ele afiançou.
‘ boa meu, dá-me o teu telefone… no próximo domingo estou cá… mas porra, pargos do teu tamanho’ eu perguntei
‘sim meu kamba, pargo grandji meismo… mais o teu fio parti, não dá… tem qui comprar fio di aço… eu ti levo na mia chata (barco de madeira) por umas três horas bem lá ao fundo no mar…50 dolar’ ele continuava
‘fónix pá, isso é que eu quero… mas isso é muito caro; ouve, pescamos os dois e depois vendemos e tu ficas com metade , descontas os 50 dolares e o resto é para mim… quer dizer, ganhas o dinheiro e ainda ficas com metade dos peixe’ eu negociava
‘certo chefi… com à tua cana vamus piscá muito…’ ele profetizou
‘eheheh… espectáculo pá… ás 8 horas estamos cá’
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1 comentário:

Anónimo disse...

Puxa Ricardo! Leva a tua fantástica cana e vê se pescas um peixão do tamanho do Mário... era o suficiente! Bem, se abundarem assim espécies tão avantajadas já agora um do tamanho da Margarida!
Depois conta como correu o 'negócio' com o dono da chata!