sexta-feira, 20 de novembro de 2009

prendji o carro máteus…

«doutô doutô vem rápidu tão rébócando teu carro» ofegava o estafeta da empresa.
«fónix pá outra vez!!! $uta que par#u os gajos… quer dizer, dass lá prós merdas… tá bem já vou» eu disse com acentuada e relaxante pronuncia, enquanto sprintava até à rua.
«rápido doutô» diziam uns e outros, incentivando um sprint ainda mais veloz.
O Jipe lá estava em cima do reboque…
«bom dia sr. agente, o carro é meu… e estava só à espera que saísse um destes carros» eu disse
«tinha qui pô quatro pisca» ele esclareceu
«uiii e não pus?? épa ponho sempre, desta vez esqueci-me certamente» eu afiancei e continuei «olhe queria pagar a multa e evitar o reboque… pode ser?»
«podji… são 32.000 kwanzas (270€uros)» ele disse friamente.
«eiii sr. agente é muito… só tenho 5.000 kwanzas (40€) e depois…sabe… quer dizer…» eu ia argumentando.
«prendji o carro máteus, este veículo vai para a policia…» dizia um dos policias para outro, enquanto o outro me dizia baixinho «mitadi… 17.000 kwanzas»
«mítade? são portanto 8.500 kwanzas» eu dizia a fazer-me e de tótó.
«tchuu… não, mitadi de 32 mil são dizasseti… vá pidi lá na empresa» ele aconselhou.
«ahh, pronto amigo… tire lá o jipe, que eu vou ver se arranjo essa massa toda» eu rematei.
Pelo caminho chamei um funcionário da empresa angolano «pá vai lá baixo e negoceia melhor com os bófias… eles querem 17 mil, tenta baixar…» que eles a tugas inflacionam a coisa.
Bom, recolhido o dinheiro do caixa da empresa, separei em dois lotes, um de 10 mil e outro de 7 mil em cada bolso distinto.
Lá chegado novamente o funcionário fez-me sinal de aprovação… e eu tirei o maço de notas do bolso esquerdo e entreguei ao gajo… muito subtilmente.
ET VOILÁ… a viatura voltou ao sitio da qual nunca devia ter saído… da segunda fila de imensos veículos estacionados… sem que haja um parque de estacionamento sequer, para podermos ter alternativas.
O pior é que tem sido muito usual… na duas ultimas semanas já tive que inchar três vezes…
Agora também compreendo que ter um parque de estacionamento aqui não deve ser lá muito bom negócio, pelo menos os subterrâneos… é que o transito é tanto, as filas tão medonhas… que seria impossível sair do parque em menos de uma hora ou duas… não dava; e depois, pior do que isso, quando chove ficariam como a aldeia da luz.
Começa a ser um dia normal de trabalho em Luanda…

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1 comentário:

Anónimo disse...

Tavez um silo-auto, aliás, vários com 30 andares...uhm...dispensa vista mar...eh!eh!