Até sempre... pedro.

Sou, por um defeito insanável de índole quimico-genética, uma pessoa um tanto ao quanto pessimista, até um pouco nilista, dizem alguns... esforço-me por ver o lado bom das coisas e por momentos até consigo... mas penso muito mais nas outras possibilidades... cada um é como é... reconheço-me a mim próprio como um pessimista inconformado... a vida ensinou-me a contar sempre com o pior, e tendo isso adquirido o que vier... é quase sempre bom.

Mas nem sempre o pior, para o qual me preparei, é mesmo o pior... infelizmente.

Acho que o grande problema da vida não é o aparecimento dos sinais de velhice... não... o grande problema da vida é a tristeza de se ser obrigado a assistir, impotentes, á perca de quem gostamos... dos nossos amigos, da nossa familia.

Aprendi, no decurso da minha vida, que até conseguimos ser mais fortes do que á partida nos julgamos capazes de ser. Talvez haja um processo quimico que nos anestesie nos momentos piores... e nos ajude a superar a dor.

Digo-o por conhecimento próprio, pelo que vivi, pelo que sei... porque vivi essa dor... já sofri a inevitável violencia da dor da perca... por várias vezes na minha vida... não há dor mais profundamente tormentoza... é a dor da alma.

Inacreditávelmente tudo fui superando... hoje nem acredito que consegui (sobre)viver áquilo... mas não tenhamos ilusões não há um único dia que não pense nas pessoas de que eu gostava e que partiram... um único apenas, embora pense nelas com satisfação pelas boas recordações que delas tenho.

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HOJE estou muito muito triste... o meu primo pedro, irmão da marta e da ana, com trinta e sete anos, está infelizmente agora com o meu pai, com os meus outros dois filhos, com o meu avô, com o meu tio, com o meu sogro, em qualquer outro sitio que um dia também vou certamente conhecer...

...a morte de alguém proximo despoleta sempre, inevitávelmente na minha cabeça uma avalanche de memorias de toda a gente que por cá já não anda...

Chegaremos a uma idade em este sentimento começará necessáriamente a tornar-se mais frequente... alguém bem mais velho me dizia que o que custava mesmo, quando a idade avança... era presenciar a perca das pessoas que gostava... nunca mais me esqueci disto.

Ponderei, sinceramente, sobre a oportunidade da publicação deste post... são coisas minhas e da intimidade da minha familia...

... mas daqui... de luanda... longe de todos, não podia de deixar de partilhar o que hoje senti...

Para todos efeitos este blogue foi pensado para relatar, em forma de crónicas... a forma como vejo as coisas, as experiencias de vida... mas fundamentalmente para relatar, dia-a-dia, o meu verdadeiro estado de espirito... quero um dia voltar a recordar tudo... ao pormenor... mas essencialmente recordar as sensações vividas... sejam elas boas ou péssimas com as de hoje.

Até sempre... pedro.