quinta-feira, 2 de outubro de 2008

... neo-bullshit...

Pois então... era de esperar. Sou conhecido no meu circulo de colegas e amigos como sendo... uma espécie 'inexistente' de comunista salazarento... enfim, simultaneamente... uma espécie de quase tudo e quase nada... para aqueles... aos céus do capitalismo ultrajei... porém nunca aceitei extremismos... sou apenas eu... e as minhas próprias convicções.
Sempre fui senhor das minhas próprias ideias... hoje em dia todos parecem seguir um padrão de pensamento... liberalização... privatizações... inexistência de estado na economia... globalização...
Defendi a manutenção de uma série de empresas em sectores estratégicos nas mãos do estado... os liberais expulsaram-me. Defendi a vida humana... rejeitei o aborto livre... os da esquerda rejeitaram-me... defendi a existência de barreiras á entrada de alguns produtos provenientes de paises que concorrem sem o devido respeito pelos direitos humanos... a direita excomungou-me. Defendi que um país para ser grande e estável precisa de começar por fortalecer o seu sector primário... fui quase preso pelos neo liberais.
Com o esforço de um clique, movimentamos a economia mundial... pervertemos os instrumentos financeiros... com um clique assumimos posições curtas 'short' no mercado, investimos na volatibilidade dos activos, negociamos 'futuros' sobre o café, a soja, milho... 'swaps' sobre quase tudo... alavancamos espantosamente os investimentos, recorremos a contas margem, compramos 'opções'... enfim a imaginação da geração yuppi não pára... mas a informação aonde assentam as nossas opções de investimento são comuns a todos... perigosamente veiculadas no mercado, gerando euforias, depressões, ao sabor de quem controla a informação.
Recordemos a história dos indios que caracteriza a informação económica da actualidade... Com a aproximação do Inverno, os índios foram ter com o chefe:
- Chefe, o Inverno este ano será rigoroso ou ameno?
O chefe, vivendo tempos modernos, não tinha aprendido como seus ancestrais os segredos de meteorologia. Mas claro, não podia demonstrar insegurança ou dúvida. Olhou para o céu, estendeu as mãos para sentir os ventos e em tom sereno e firme disse:
- Teremos um Inverno muito forte... é bom ir apanhar muita lenha!
Na semana seguinte, preocupado com a sua previsão, telefonou para o Serviço Nacional de Meteorologia e ouviu a resposta:
- Sim, o Inverno deste ano será frio!
Sentindo-se mais seguro, dirigiu-se de novo ao seu povo:
- É melhor recolhermos mais lenha... Vamos ter um Inverno rigoroso!
Dois dias depois, ligou novamente para o Serviço Meteorológico e ouviu a confirmação:
- Sim... Este ano o Inverno será rigoroso!
Voltou ao povo e disse:
- Teremos um Inverno muito rigoroso. Recolham todo e qualquer pedaço de lenha que encontrarem, teremos que aproveitar até os galhos.
Uma semana depois, ainda não satisfeito, ligou para o Serviço
Meteorológico outra vez:
- Vocês têm certeza de que teremos um Inverno tão rigoroso assim?
- Sim, responde o meteorologista de plantão. Este ano teremos um frio muito intenso, sem dúvida.
- Como têm vocês assim tanta certeza?

- É que este ano os índios estão a apanhar muita lenha!...
Não temos hoje a certeza da imparcialidade da informação economica... por isso o nosso comportamento é previsivel... embora não pareça... pelas grandes casas de investimentos. Um mês antes desta crise dos mercados, casas reputadissimas emitiam recomendações de compra de papeis que colapsaram... imagine that... imagine that.
O mundo exige aos eua a resolução dos problemas que exportaram... Na russia mantem-se a suspensão das cotações... a china tem uma (sobre)exposição em titulos do tesouro americano. A europa ainda contabiliza os danos... o preço do dinheiro dispara... as empresas agoniam por falta de financiamento... o povo desespera.
Urge viabilizar a concepção de produtos correlacionados com a economia real...
Mesmo sabendo que os meus colegas me 'vão cair em cima' e chamar-me 'comuna', defendo a impossibilidade de se poder negociar no mercado produtos estratégicos para a humanidade... produtos primários derivados da agricultura entre outros... é uma questão moral e de humanidade, mas principalmente por mera precaução estratégica.
Não será concerteza agradável, um dia, acordar de manha com o preço da agua inacessivel ao comum mortal... porque alguém se lembrou de estruturar produtos com esse activo; não pelo facto de inviabilizar o meu duche matinal, mas sobretudo porque se trata de um bem essencial sem o qual é impossivel sobreviver.
Mas o verdadeiro problema de tudo isto e se observar-mos com atenção, é que hoje não existem pensadores na politica... pessoas que saibam pensar estratégicamente... pessoas conhecedoras da história, que antecipem problemas, que prespectivem o futuro.
Hoje existem politicos técnocratas, que resolvem problemas de curto prazo... pessoas como jacques delors, mario soares, miterrand, kohl, gonzalez, desapareceram... e desapareceu com eles o pensamento.
O mundo navega á deriva... em tendências de moda, formatado em correntes de escolas neo-liberais, neo-conservadores... neo-bullshit.
Para se ser governante, deveria ser obrigatório, ter-se estudado história; um candidato a primeiro-ministro ou presidente ou até deputado, tinha que fazer um exame de admissão em história politica... os governantes têm de saber o resultado ou o impacto que determinada decisão que tomam, tem na vida das sociedades... este é o meu lado salazarista.
O comportamento do ser humano tem padrões... a história ensina-nos isso... costuma-se dizer que ' a história repete-se'... mas é no entanto  espantosa a quantidade que repetidos erros são cometidos por governantes... aprenda-se o passado, melhore-se o futuro.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em Potugal, para ser político é preciso ser um aldrabão, falsificador, facilitador e... ter lata...muita lata!!!
Quem tem formação séria,profunda,não se mete lá!Conhecem alguém assim no planeta político em que Sócrates devaneia?Será que eles sabem que nós sabemos ou estarão mesmo convencidos da sua "grande estaleca intelectual?