quarta-feira, 8 de outubro de 2008

... e dá algum prá passar...

Bom, nem sempre as coisas correm pelo melhor... o Alfredo recém chegado a terras ardentes, regressou a lisboa... o filho com os seus treze anos estava hospitalizado... uma paralesia facial. O médico fez saber que a partida para angola do pai poderá ter ajudado a tal condição de saude do filho... stress, ansiedade ou coisa que o valha.
Sem hesitar regressou a portugal... felizmente parece que está melhor... filho é filho... e não há nada que pague a boa saude mental dos nossos filhos.
De qualquer forma 'força nisso lagarto'... espero que tenhas ouvido aí o meu grito no segundo golo... :)
Mas enfim... no dia em resolveu regressar incumbiu-me a tarefa de o ir levar ao aeroporto... pedi ao yacine para nos acompanhar pois era já noite e no aeroporto é sempre necessário ter farta 'mão-de-obra'.
Mal chegamos, o Alfredo ao tirar a mala do jipe cortou-se violentamente na mão... um golpe bastante profundo... tentava estancar o sangue ingloriamente... já atrasado não se podia deter com nada, nem mesmo com um curativo... "pá lisboa é por aqui..." disse um homem vestido com blazer branco... "bilhéte e passaporte... e dá algum prá passar... vem por aqui rápido" continuava desviando o Alfredo.
O Alfredo estava a lutar por manter a mão cortada resguardada e simultaneamente empurrar mala e simultaneamente tirar passaporte e bilhete e dinheiro...
... juntaram-se uns sete ou oito á volta.  "haa... num chega précisa mais... num dá" continuaram. Afastaram o Alfredo da entrada principal... alegadamente iriam faze-lo entrar por algum sitio qualquer em parceria estratégica com alguém lá dentro.
Assistindo áquelas lamentáveis cenas fui ter com eles... pedi ao yacine que se mantivesse no jipe trancado, mas de pronto a policia o mandou sair dali.
Chegado ao local onde estava o Alfredo, este deu-me a carteira para a mão e algum dinheiro... mas entretanto já tinha dado algum aos gajos.
Aquilo parecia um filme... ao mesmo tempo que um bom policia chega perto e os obriga a restituir o dinheiro... eu peguei nas malas do Alfredo, no dinheiro, nos documentos todos e depois de bem alto mandar todos aqueles tipos para aquele sitio, empurrei o meu companheiro para dentro da entrada, dirigi-me apressadamente para a frente da fila e pedi aos policias para deixar entrar o Alfredo primeiro, pois precisava de cuidados médicos... logo acederam em deixa-lo passar. "tchau pá... volta ahh" eu disse.
Ainda dentro do aeroporto os tipos não me largavam... e desta vez viram-me sozinho e um deles apertou-me o braço com força e exigiu-me o dinheiro. Sacudi violentamente o braço desembaraçando-me do tipinho " ó meu que é que queres car... dass... estou cá há dez anos pá... e vens tu... tás a perder tempo mano... toma lá um cigarro... é o que te vou dar" eu disse convictamente.
Logo se juntaram todos os outros... uma boa porra... e fui dando um cigarro a este e outro áquele, mas o problema é que não podia ir embora porque o yacine tinha sido obrigado a tirar o carro dali. Por isso tive que usar de bom senso e diplomacia e falar coisas que eles gostam de ouvir, para ganhar tempo.
A policia vai passando regularmente e alguns dos sete abandonam a minha presença á sua passagem mas permanecem dois comigo... aproveitei to establish a connection... na realidade ficamos com uma certa amizade... senti-lhes as dores da alma... e eles sentiram que eu senti... dei-lhes mais um cigarro sem eles pedirem... pûs o braço por cima de um deles, como se de bons amigos se tratasse, e fui falando com ele.
A coisa foi melhorando... o yacine nunca mais vinha... os outros tipinhos regressavam depois da policia passar... e eu mantive o braço por cima de um deles falando de musica angolana, de futebol, do CAN, como sinal de ávontade aparente perante os outros que aí vinham... pedi a um deles para emitar a finta do cristiano ronaldo e do quaresma... enfim.
Resultou quando chegaram cumprimentaram-me tipo rappers. yá passei esta... mas custou confesso.
"ó pátrão precisa arranjá empregu para mim..." ele disse.
"Pois é podemos até ter nascido num berço de ouro, com a educação mais nobre possivel, mas se nos falta o pão... do que é que seremos capazes?" pensei para com os meus botões.

3 comentários:

Anónimo disse...

Dass! Afinal tu "nasceste" para ir para Luanda!"born to be"em África.
Estou mesmo a ver "a cena"...Let´s look at the thrailer! Fantástico mano!!!!!Beijo

BibaRita disse...

Tu safas-te bem por ai!! E ó Tio tu pra mim nunca seras cota pq senao 13 anos dps eu tb serei ;)

Anónimo disse...

Mas qual van Damme qual quê!!!
Tu é que és o verdadeiro herói de um filme de acção sem guião.
1003 beijos
Teresa