quarta-feira, 4 de março de 2009

CAOS em Luanda

Só visto… caiu um chuvada por terras ardentes, com direito a trovoada, inundações, acidentes, desmoronamentos… enfim um CAOS completo em luanda.
Por volta da seis e meia da tarde, back home, começou a chover… via umas nuvenzitas no horizonte… nada fazia supôr… a meio da marginal começa a chover fraquinho, fraquinho.
Do meu lado esquerdo a sede da sonangol… um relampago bem em cheio… uauu…
… como um carneiro no meio da manada, um tipo não tem medo… mais a mais nem que tivesse, dali não podia fugir… hora de ponta em luanda não para onde fugir.
A chuvinha transforma-se… num dilúvio… caía fortemente, num ápice, caía de uma tal forma, que nem com o motor do limpa vidros no máximo conseguia enxergar um metro.
Senti, nessa altura, um abanão… alguém tinha batido no meu jipinho, por trás…
Decidido a esclarecer as coisas… meti a primeira… e basei aflito e continuei calmamente.
A estrada começava a ficar um riacho… resolvi virar à esquerda ( o que veio a revelar-se boa decisão) passando ali perto da cidade alta, onde mora herr president… bem ao lado do mausoléu de agostinho neto.
Parado na fila comecei a sentir umas estranhas vibrações no carro… a agua estava a subir a uma velocidade e com uma correnteza tal que… comecei a ficar excitado… tracção ás quatro… bora bora, bora que se faz tarde… a agua já cobria a roda toda… e sentia o carro com tendências fugidias… deparei mais à frente com um espectáculo que nunca tinha sequer imaginado quando meus colegas experientes nestas lides, me contavam da problemática época das chuvas em luanda… deparei-me com um rio a descer a estrada contra mim… um rio selvagem, que arrastava pedras enormes, nas quais batia, enquanto insistia na passagem… fez-me lembrar aqueles rios aonde se pratica o canyoning… tinham ondas e tudo… que coisa fantástica… e eu lá no meio contente sem o mínimo do bom senso que a situação aconselhava a ter.
bom… confesso que a determinada altura comecei a… colocar o portátil, o telemóvel, o passaporte, bem perto de mim… abri um bocadinho o vidro… para poder partir se a parte eléctrica avariasse… e pisgar-me se a coisa começasse a arrastar o carro.
A água passava já a altura das rodas… ora ainda não tinha tido tempo para ver onde era a admissão de ar do motor… mas com a sorte que tenho… devia ser logo lá em baixo… e a água devia estar lá muito perto… na dúvida era mesmo na base do motor, definitivamente. Tinha receio que a agua entrasse pelo escape, pois o jipe é a gasolina… então acelerava bastante, de forma a obter uma força de escape superior à força da agua…
… qual surfista apanhei com uma onda gigante, pela frincha da janela pude sentir um jacto de agua lamacenta… a camisa e as calças ficaram bonitas… a ‘garbatinha’ já a tinha tirado logo que saí do trabalho… mas não fechei a janela… sabe-se lá.  O meu pai dizia que não gostava de carros com vidros eléctricos, tinha claustrofobia… e eles podiam numa situação de emergência não abrir… pois eu, na dúvida preferia ter os ‘gajos’ meio abertos… e depois, molhado por um molhado por mil.
Toda a malta me telefonava… “ atão pá tás bem…” deduzi imediatamente que aquilo estava a acontecer por toda a cidade… my brother  estava numa fila interminável vindo de viana, com gasolina para apenas 8 km… chegou a casa três ou quatro horas depois.
Mas ninguém conseguia falar com o farid que já cá anda há uns cinco anos… os telemóveis estavam mudos e surdos vá… apareceu em casa mais tarde… esbaforido… “épa… nem te passa… a agua cobriu o meu jipe até à janela e os vidros não abriam”… eu não dizia que o meu pai tinha as suas razões quanto a vidros eléctricos, pois pensei. “ pá que cena… o carro que ia à minha frente ali na zona da coreia lá ao fundo… pá o carro virou… ainda quis abrir a porta do meu carro, mas não não conseguia… xii fiquei pá… não sei se o gajo conseguiu sair”, ele disse ofegante.
“fonix pá… a sério… e tu, como te safaste?” eu perguntei.
“ouve… tracção ás quatro… gánda daiatsun térios pá… passei pelo gajo que virou… estou de rastos… foda-se… eu queria ajudar pá… puta que pariu… mas  a porta não abria… se visse que tal, deixava tudo… mandava uma patada no vidro e…”, ele continuou “ vê lá pá a minha mãe faz anos hoje… vê lá a prenda que eu lhe ia dar… acho que foi Alá que me ajudou” ele concluiu.
Se foi Alá ou não… não sei… mas de facto,eu, a determinada altura do percurso virei à esquerda e fui no sentido da cidade alta, quando o normal era ter ido em frente… justamente ao local onde o farid teve aqueles problemas todos… talvez tenha sido o mesmo Deus a ajudar.

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