quarta-feira, 11 de março de 2009

Jardim do Éden… IV

Domingo de manhã… acordei com o sol… demasiadamente cedo… o CONTENTOR 30 estava ás escuras, não havia luz, nem água… enfim, um dia absolutamente normal… mergulhei novamente num copo repleto de água…
O destino era visitar as quedas que distavam 18 km de kalandula, aquelas aonde se pode tomar banho… metade do grupo não acordava… e a restante metade resolveu revisitar as quedas de kalandula, que se encontram ali perto…
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De manhã cedo as quedas tinham outra luz… outras sombras… a visibilidade era consideravelmente melhor.
Resolvemos visitar as aldeias circundantes a kalandula… as estradas são todas em terra vermelha… verdadeiramente, um ambiente africano. As casas são todas feitas em argila vermelha, com tijolos toscamente fabricados… telhados em palha cinzenta, com uma janela pequena. Cada casa deverá  ter cerca de 25m2… aquela gente vive de forma igual, à milhares de anos, nada evoluiu… não consegui descortinar um único poço de água nas aldeias.
Vivem com sempre viveram os seus antepassados… milhares de cabras no meio da estrada, mandioca, e tudo o que a natureza pode proporcionar… é a alimentação daquelas gentes.
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Circundamos a igreja… e parei o jipe… queria estabelecer uma conversa com a miudagem local… como sempre… ‘alguém’ pegou no meu jipe e desapareceu… bem vi a brincadeira… e até gostei da oportunidade proporcionada… fiquei naquele local sozinho uns dez minutos… no meio dos miúdos. Aproveitei para falar com eles…
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A viagem até as cascatas foi fantástica… mal saímos da estrada principal, viramos para o interior da floresta, em caminhos de terra vermelha lamacenta… adorei conduzir naquele local… o zalov ia atrás no seu jipe… parei para tirar umas fotos… o capim cobria os campos…
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Passamos por inúmeras aldeias… uma mulher estendia ao calor do sol a mandioca, base da alimentação… num processo que aprendeu há milhares de anos… todos os aldeões nos cumprimentavam entusiasticamente… parei o jipe inúmeras vezes para falar com aquelas gentes… ‘atão amigo está a cortar o cabelo…?’ eu perguntei a um local que estava debaixo da sombra de uma arvore a fazer o seu serviço… correu de encontro a nós com uma simpatia (in)vulgar naquelas pessoas… ‘claro… hoji é domingo…’ ele afirmou com naturalidade…
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Rapidamente juntaram-se a nós montes de crianças… que pediam bolachas… demos o que tínhamos e lamentava-mo-nos de não ter mais bolachas para aquela criançada… são produtos aos quais eles não têm acesso…
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Ainda rumo ás cascatas, pelas 10h, depara-mo-nos com uma mulher, um rapaz, uma cabra e dois cabritos… ‘atão senhora?… tudo bem?’ … ‘ fui comprá éta cabra que hodji deu à luz étis dois cábrito… olhi quando vié prá trás dão táxi?’ ela perguntou… ‘claro senhora… quando viermos’ eu respondi. Na realidade esta senhora e o seu filho compraram aquela cabra numa aldeia distante da sua… esta senhora teria que andar todo o santo dia para regressar a casa com os animais e chegar ao fim da tarde, ao anoitecer… a pé. No regresso lá pelas 14h… encontra-mo-la… estava a descansar sentada no capim… parecia exausta… devia ter andado já uns 10km a pé e ainda faltariam muitos muitos mais para chegar à sua aldeia… paramos abrimos a mala e metemos lá para dentro a cabra mãe inchada, gorda, cheia de leite… quase a arrebentar… as crias foram à frente, no colo do ricardo… a senhora atrás… o filho não cabia, mas trazia uma bicicleta mas era um rapaz novo…
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Baptizamos as crias, com o acordo da senhora fatima… o cabrito preto ricardo e o castanho oscar, a cabra mãe… essa… foi baptizada com o nome de ana. ‘deus ajuda a quem ajuda’ ela disse aliviada no fresquinho do ar condicionado. ‘obrigado senhora… mas diga lá qual é a sua lavra?’ perguntou o ricardo. ‘mandioca, milho, e outros nomes de coisas que não percebi e que não me lembro… o ricardo estava interessado em comprar um cabrito aí com uns três meses… passou a tarde toda a perguntar os preços… e variavam muito, desde os 30 aos 70 dólares. A mulher ficou satisfeita e poupamos-lhe muitas horas a pé…
Finalmente chegamos ás cascatas, ainda que pelo meio tivesse-mos alguns furos…
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O local é esplendoroso… umas cascatas aonde se podia tomar banho… com quedas de água de uma altura equivalente a um prédio com uns cinco andares talvez…
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A água estava ligeiramente fria, mas a força das quedas era enorme… proporcionou-me uma massagem revigorante… única… inesquecível… ao ponto de me ter esquecido na possibilidade de haver por ali uma cobrita ou outra…
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Bom… esse dia correu lindamente… no dia seguinte regressava-mos a luanda… já não dava tempo para visitar as famosas Pedras Negras… foi pena… mas hei-de lá voltar… that’s for sure.
De regresso… paramos para observar aquilo que se vê amiúde… formigueiros ou termiteiras gigantes… e aquelas mordem a valer…
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E naturalmente… travar amizade com gente local… vestidos maravilhosamente… principalmente o da direita… com a catana… grande portista…
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Até os esquartejamos… carágo!

(Fim)

3 comentários:

Anónimo disse...

Falhei essas quedas mas pelo que se vê vale mais a pena do que as pedras negras.

Anónimo disse...

Grande Primo ! ver estas camisolas em Africa é lindo !!! Estive em Cabo verde e vi dezenas de pessoas com as camisola do Dragom. Somos uma noçom carago ! Um abraço Rori

Anónimo disse...

Fenomenal!!!
A descrição e as fotos:é mesmo preciso ver para crer!
Que há inferno NÓS sabemos!Que há paraíso TU sabes!Haverá céu?!
Bjs